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DOCE RIQUEZA
Moagem atingirá 350,3 mi de toneladas, com 24,2 mi de toneladas de açúcar e 14,4 bi de litros de álcool
Setor de cana colhe safra recorde neste ano
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O setor sucroalcooleiro termina
o ano com o humor bem melhor
do que no ano passado. A safra está praticamente no fim e os números já mostram uma série de
recordes.
Esse clima é bem diferente do
ocorrido no final de 2002, quando
havia uma grande preocupação
sobre os estoques de álcool para o
período de entressafra, o que
obrigou as usinas a antecipar o
início da safra deste ano.
Se o setor mostra alguns bons
números, outros não ocorreram
exatamente como se esperava,
principalmente no que se refere a
algumas políticas internas e externas.
No setor externo, Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da
Unica (União da Agroindústria
Canavieira de São Paulo), diz que
"não sinto, por parte do Itamaraty, agressividade e vontade de
lutar pelo açúcar e pelo álcool".
Carvalho se refere à acomodação do órgão diante das barreiras
protecionistas externas que, antes
limitadas ao açúcar, agora começam a aumentar também no setor
do álcool.
No mercado interno, a Unica
deverá levantar a bandeira contra
as vantagens fiscais do gás veicular. Apesar de gerar tantos empregos, o setor de cana-de-açúcar
não tem os incentivos que o gás
para veículos leves tem. "É um absurdo", diz ele.
Melhor que o previsto
As usinas temiam que a antecipação da safra deste ano poderia
reduzir a produtividade na região
centro-sul. Por isso, as primeiras
estimativas indicavam moagem
de 282,3 milhões de toneladas de
cana. Os dados finais da Unica estão mostrando 298 milhões de toneladas, com evolução de 15,7 milhões de toneladas. Em reação à
safra do ano passado, o aumento é
de 10,2%.
Carvalho diz que "a própria antecipação da safra, o clima favorável e as novas variedades de cana
acabaram sendo fatores decisivos
para o aumento da produtividade".
A safra 2003/4 apresenta o melhor resultado da história, com a
obtenção de 149,62 quilos de ATR
(potencial de transformação de
cana em açúcar ou em álcool) por
tonelada de cana (146,41 quilos na
safra anterior).
Os dados nacionais indicam
que a moagem de cana atingirá
350,3 milhões de toneladas, de
onde serão extraídos 24,2 milhões
de toneladas de açúcar e 14,4 bilhões de litros de álcool.
Os dados são recordes, à exceção da produção de álcool, que só
fica abaixo dos 15,4 bilhões de litros da safra 1997/98.
Pelo menos 58% da produção
nacional de açúcar deverá ir para
o mercado externo, na avaliação
da Unica. Serão 14,1 milhões de
toneladas. Carvalho diz que esse
volume é o limite que o mercado
internacional "protegido" absorve de açúcar brasileiro.
Fé no álcool
Os usineiros colocam bastante
fé na evolução do consumo de álcool, principalmente com a chegada do carro com a opção de
combustível a gasolina e/ou álcool, o chamado "flexfuel".
Pelos cálculos da Unica, esse dado de consumo não deverá aparecer nos dois primeiros anos porque a chegada desses novos veículos está apenas compensando a
saída do mercado de parte dos antigos carros a álcool.
Em três ou quatro anos, no entanto, o consumo de álcool por esses veículos será grande. Só duas
das principais montadoras (VW e
GM) deverão produzir 270 mil
unidades por ano, diz Carvalho.
O presidente da Unica diz que
os 34 mil veículos com possibilidade de multicombustível comercializados neste ano estão praticamente usando apenas álcool como combustível devido ao preço
atraente.
Essa paridade a favor do álcool
vai continuar, diz Carvalho. "Nossos preços só deixam de ser competitivos em relação aos da gasolina quando o barril de petróleo fica abaixo de US$ 20." Ontem, o
barril de óleo era negociado a US$
32,30 em Nova York.
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