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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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DOCE RIQUEZA

Moagem atingirá 350,3 mi de toneladas, com 24,2 mi de toneladas de açúcar e 14,4 bi de litros de álcool

Setor de cana colhe safra recorde neste ano

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O setor sucroalcooleiro termina o ano com o humor bem melhor do que no ano passado. A safra está praticamente no fim e os números já mostram uma série de recordes.
Esse clima é bem diferente do ocorrido no final de 2002, quando havia uma grande preocupação sobre os estoques de álcool para o período de entressafra, o que obrigou as usinas a antecipar o início da safra deste ano.
Se o setor mostra alguns bons números, outros não ocorreram exatamente como se esperava, principalmente no que se refere a algumas políticas internas e externas.
No setor externo, Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), diz que "não sinto, por parte do Itamaraty, agressividade e vontade de lutar pelo açúcar e pelo álcool".
Carvalho se refere à acomodação do órgão diante das barreiras protecionistas externas que, antes limitadas ao açúcar, agora começam a aumentar também no setor do álcool.
No mercado interno, a Unica deverá levantar a bandeira contra as vantagens fiscais do gás veicular. Apesar de gerar tantos empregos, o setor de cana-de-açúcar não tem os incentivos que o gás para veículos leves tem. "É um absurdo", diz ele.

Melhor que o previsto
As usinas temiam que a antecipação da safra deste ano poderia reduzir a produtividade na região centro-sul. Por isso, as primeiras estimativas indicavam moagem de 282,3 milhões de toneladas de cana. Os dados finais da Unica estão mostrando 298 milhões de toneladas, com evolução de 15,7 milhões de toneladas. Em reação à safra do ano passado, o aumento é de 10,2%.
Carvalho diz que "a própria antecipação da safra, o clima favorável e as novas variedades de cana acabaram sendo fatores decisivos para o aumento da produtividade".
A safra 2003/4 apresenta o melhor resultado da história, com a obtenção de 149,62 quilos de ATR (potencial de transformação de cana em açúcar ou em álcool) por tonelada de cana (146,41 quilos na safra anterior).
Os dados nacionais indicam que a moagem de cana atingirá 350,3 milhões de toneladas, de onde serão extraídos 24,2 milhões de toneladas de açúcar e 14,4 bilhões de litros de álcool.
Os dados são recordes, à exceção da produção de álcool, que só fica abaixo dos 15,4 bilhões de litros da safra 1997/98.
Pelo menos 58% da produção nacional de açúcar deverá ir para o mercado externo, na avaliação da Unica. Serão 14,1 milhões de toneladas. Carvalho diz que esse volume é o limite que o mercado internacional "protegido" absorve de açúcar brasileiro.

Fé no álcool
Os usineiros colocam bastante fé na evolução do consumo de álcool, principalmente com a chegada do carro com a opção de combustível a gasolina e/ou álcool, o chamado "flexfuel".
Pelos cálculos da Unica, esse dado de consumo não deverá aparecer nos dois primeiros anos porque a chegada desses novos veículos está apenas compensando a saída do mercado de parte dos antigos carros a álcool.
Em três ou quatro anos, no entanto, o consumo de álcool por esses veículos será grande. Só duas das principais montadoras (VW e GM) deverão produzir 270 mil unidades por ano, diz Carvalho.
O presidente da Unica diz que os 34 mil veículos com possibilidade de multicombustível comercializados neste ano estão praticamente usando apenas álcool como combustível devido ao preço atraente.
Essa paridade a favor do álcool vai continuar, diz Carvalho. "Nossos preços só deixam de ser competitivos em relação aos da gasolina quando o barril de petróleo fica abaixo de US$ 20." Ontem, o barril de óleo era negociado a US$ 32,30 em Nova York.


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