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Lula afirma que vai mediar relação com sindicatos
Em troca, presidente pede a empresários "esforço" para manter nível de emprego
Representantes de empresas pediram a Lula flexibilização de leis do trabalho; presidente não sinalizou com modificações
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a
mediar a relação das empresas
com os sindicatos. Antes de assumir o compromisso, em reunião com 31 empresários na
quinta passada, no Palácio do
Planalto, ele obteve a garantia
de que haverá tentativa de
manter o nível de empregos no
país. Para 2009, o governo prevê alta do desemprego.
"Discutimos para que nenhum empresário dispense
trabalhador porque é importante manter o nível de emprego. Eu assumi o compromisso
de conversar com dirigentes
sindicais para saber da possibilidade de estabelecermos acordos em alguns setores que foram mais afetados", disse Lula
durante o programa de rádio
"Café com o Presidente".
Segundo Lula, os empresários assumiram "de corpo e alma" a responsabilidade de ajudar o Brasil a enfrentar a crise.
Ele não deu detalhes de que
forma fará a mediação.
Durante a reunião da semana
passada, alguns empresários
pediram a Lula a flexibilização
das leis trabalhistas. O presidente disse que conversará
com os ministros Carlos Lupi
(Trabalho) e Guido Mantega
(Fazenda), mas não sinalizou
com modificações.
Em entrevista ao jornal "O
Estado de S. Paulo" no domingo, o presidente da Vale, Roger
Agnelli, sugeriu a flexibilização
da legislação trabalhista devido
aos efeitos da crise financeira.
Artur Henrique, presidente
da CUT, classificou a proposta
de Agnelli de "oportunista". "É
oportunismo usar do clima de
temor provocado pela crise financeira nascida no exterior
para colocar assalariados contra a parede", disse a central
sindical em nota.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), afirmou que as
centrais não aceitam retirar direitos dos trabalhadores e que a
orientação aos sindicatos tem
sido resistir às demissões. "Mas
temos que abrir as possibilidades de discutir, negociar, mas
nada de mexer em FGTS."
Para o presidente da UGT
(União Geral de Trabalhadores), Ricardo Patah, acordos
podem ser feitos setorialmente, aprimorando regras existentes. "O "lay off" [suspensão do
contrato com o trabalhador] já
existe hoje, mas por pouco tempo. Há uma proposta para ampliar para dez meses. São necessários ajustes. Sabemos que
2009 vai ser um ano difícil."
Redução de preços
As medidas de estímulo à
economia anunciadas na semana passada foram tema da reunião da coordenação política,
ontem, e do programa de rádio
do presidente. Lula disse esperar que a redução do IPI e do
IOF derrubem os preços dos
produtos e também levem à redução da taxa de juros.
"Podemos esperar que os
preços dos produtos vão cair, a
taxa de juros vai cair, e o povo
vai ter mais facilidade para
comprar coisas que ele estava
com medo de comprar", disse.
Na reunião com seus principais ministros, Lula mostrou
uma carta que recebeu do diretor de Assuntos Corporativos
da Ford, Rogelio Golfarb, elogiando "a ação rápida na implementação de medidas para estruturar a venda de veículos".
Na carta, Golfarb diz ao presidente que a Ford está repassando integralmente ao consumidor o desconto proveniente
da isenção de impostos.
Colchão
À noite, em Salvador, Lula
disse que, se as pessoas ficarem
lendo jornal ou assistindo à televisão, vão colocar debaixo do
colchão o "dinheirinho que
têm" porque "todo mundo fala
que a crise veio para acabar
com o mundo".
Na inauguração de um complexo viário, o presidente afirmou que o Brasil é o país "mais
bem preparado do mundo" para enfrentar a crise. "Nós fizemos uma poupança, temos US$
207 bilhões de reservas."
De acordo com o presidente,
a crise não nasceu em "países
pobres". "A crise é muito séria,
ela nasceu nos Estados Unidos,
na Europa, no Japão, ninguém
pode acusar os países pobres
pelas suas conseqüências", afirmou Lula.
Colaboraram JULIANNA SOFIA , da Sucursal de
Brasília, e LUIZ FRANCISCO , da Agência Folha
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