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País crescerá "substancialmente" menos em 2009, diz Meirelles
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que em 2009 o país
deve experimentar uma notável desaceleração do forte ritmo de crescimento que vinha
ostentando neste ano. Sobre o
relatório trimestral de inflação
que o BC divulgará no próximo
dia 22, o qual contém projeções
para a economia brasileira,
Meirelles comentou: "Não será
surpresa para ninguém se vierem números substancialmente menores que os de 2008".
Segundo o relatório Focus,
pesquisa realizada semanalmente pela instituição e divulgada ontem, os analistas do
mercado financeiro esperam
que o país avance 2,5% no ano
que vem -mesma taxa apurada
na edição anterior do levantamento. A expectativa para o
crescimento de 2008 subiu de
5,24% para 5,59%.
Durante seminário sobre o
risco-país promovido pela
agência Standard and Poor's
em São Paulo, Meirelles aproveitou para defender a decisão
do BC na semana passada de
manter o juro básico do Brasil
inalterado em 13,75%, apesar
das pressões por uma redução.
"Quando acontece uma epidemia na vizinhança, pode-se tomar todos os remédios que os
outros tomaram, mas é preciso
lembrar que existem efeitos colaterais. Temos que avaliar bem
os nossos problemas e adotar
um tratamento que seja o mais
preciso possível", argumentou.
A fim de tentar combater os
efeitos das turbulências globais
e estimular a economia, várias
nações cortaram os seus juros.
O Focus prevê uma queda de
apenas 0,75 ponto percentual
na Selic durante todo o próximo ano. A projeção para o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) -o índice oficial de
inflação- em 2008 caiu de
6,20% para 6,13% e de 2009 ficou em 5,2%.
O presidente do BC também
lembrou que o governo não
tem metas para o câmbio,
acrescentando que é muito difícil defender um valor específico. "Quem já reclamou dizendo que R$ 2,40 era baixo demais agora diz que R$ 2,40 é
elevado demais e o país não vai
agüentar."
Pelo Focus, o mercado espera que o dólar comercial termine 2008 em R$ 2,30 -contra
R$ 2,27 na previsão anterior- e
2009 em R$ 2,20.
Meirelles destacou que a média diária de contratação de
ACCs (Adiantamentos sobre
Contratos de Câmbio) na primeira semana de dezembro ficou acima de US$ 222 milhões,
montante superior ao verificado no restante do ano. De acordo com ele, os recursos para
emprestar a empresas brasileiras que estejam com dificuldades de rolar dívidas no exterior,
anunciada na semana passada,
podem vir da linha de "swap"
de US$ 30 bilhões, estabelecida
com o Fed (Federal Reserve,
banco central americano).
"Ainda não resolvemos se vamos usar", explicou.
Reconhecendo que algumas
empresas ainda podem ter dificuldade em obter financiamentos com custo razoável, Meirelles assinalou que as condições
de crédito no país melhoraram,
com a normalização da liquidez
de bancos pequenos e médio, e
informou que nenhum banco
procurou as linhas de redesconto do BC: "Mas nossas portas estão abertas", disse.
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