São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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País crescerá "substancialmente" menos em 2009, diz Meirelles

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que em 2009 o país deve experimentar uma notável desaceleração do forte ritmo de crescimento que vinha ostentando neste ano. Sobre o relatório trimestral de inflação que o BC divulgará no próximo dia 22, o qual contém projeções para a economia brasileira, Meirelles comentou: "Não será surpresa para ninguém se vierem números substancialmente menores que os de 2008".
Segundo o relatório Focus, pesquisa realizada semanalmente pela instituição e divulgada ontem, os analistas do mercado financeiro esperam que o país avance 2,5% no ano que vem -mesma taxa apurada na edição anterior do levantamento. A expectativa para o crescimento de 2008 subiu de 5,24% para 5,59%.
Durante seminário sobre o risco-país promovido pela agência Standard and Poor's em São Paulo, Meirelles aproveitou para defender a decisão do BC na semana passada de manter o juro básico do Brasil inalterado em 13,75%, apesar das pressões por uma redução. "Quando acontece uma epidemia na vizinhança, pode-se tomar todos os remédios que os outros tomaram, mas é preciso lembrar que existem efeitos colaterais. Temos que avaliar bem os nossos problemas e adotar um tratamento que seja o mais preciso possível", argumentou. A fim de tentar combater os efeitos das turbulências globais e estimular a economia, várias nações cortaram os seus juros.
O Focus prevê uma queda de apenas 0,75 ponto percentual na Selic durante todo o próximo ano. A projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) -o índice oficial de inflação- em 2008 caiu de 6,20% para 6,13% e de 2009 ficou em 5,2%.
O presidente do BC também lembrou que o governo não tem metas para o câmbio, acrescentando que é muito difícil defender um valor específico. "Quem já reclamou dizendo que R$ 2,40 era baixo demais agora diz que R$ 2,40 é elevado demais e o país não vai agüentar."
Pelo Focus, o mercado espera que o dólar comercial termine 2008 em R$ 2,30 -contra R$ 2,27 na previsão anterior- e 2009 em R$ 2,20.
Meirelles destacou que a média diária de contratação de ACCs (Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio) na primeira semana de dezembro ficou acima de US$ 222 milhões, montante superior ao verificado no restante do ano. De acordo com ele, os recursos para emprestar a empresas brasileiras que estejam com dificuldades de rolar dívidas no exterior, anunciada na semana passada, podem vir da linha de "swap" de US$ 30 bilhões, estabelecida com o Fed (Federal Reserve, banco central americano). "Ainda não resolvemos se vamos usar", explicou.
Reconhecendo que algumas empresas ainda podem ter dificuldade em obter financiamentos com custo razoável, Meirelles assinalou que as condições de crédito no país melhoraram, com a normalização da liquidez de bancos pequenos e médio, e informou que nenhum banco procurou as linhas de redesconto do BC: "Mas nossas portas estão abertas", disse.


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