São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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Vendas de carro sobem até 50% após redução do IPI

Modelos chegam a ter diminuição de R$ 3.500 no preço com imposto menor

Concessionárias passam a oferecer menos pelo veículo usado na troca, e vantagem ao consumidor pode desaparecer, diz associação


PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A queda no IPI dos carros novos deu fôlego ao mercado automotivo no último final de semana. Balanço das montadoras indica aumento de até 50% nas vendas por conta da redução nos preços finais dos veículos.
Entre sexta e domingo, a Ford vendeu 4.250 unidades no país, contra uma média de 2.800 para esses três dias no período após o agravamento da crise global, em outubro. Trata-se de desempenho recorde em um final de semana, de acordo com a montadora.
Já a GM vendeu, só na Grande São Paulo, 1.300 carros entre sábado e domingo, volume 30% maior do que o registrado no final de semana anterior, afirmou o gerente regional de marketing e vendas da montadora, Rodrigo Rumi.
"Isso foi resultado do repasse integral da redução do imposto sobre os preços promocionais e também do financiamento, que agora voltou a crescer", disse Rumi. Para alguns modelos, o abatimento no valor chegou a até R$ 3.500. "E cerca de 40% das nossas vendas foram feitas em 60 meses."
A Fiat estima que seus negócios tenham aumentado em 30% no último final de semana, com uma média de 2.500 veículos vendidos por dia no período em todo o país.
Na última sexta, um dia após o governo reduzir para zero o IPI do carro popular e diminuir a alíquota para outras categorias de veículos, as principais montadoras propagandeavam o repasse integral para o preço ao consumidor.
"O que vimos foi uma grande movimentação e muitos fechamentos de negócios. O consumidor esperava um incentivo, e isso apareceu", afirmou o presidente da Fenabrave (associação das concessionárias), Sérgio Reze. O próximo balanço de vendas da entidade, referente à primeira quinzena de dezembro, deve ser divulgado entre hoje e amanhã.
Para Rumi, da GM, o mercado automotivo deve ter um bom desempenho ao menos até março, enquanto vigorar a redução do IPI. "Teremos um período de oportunidade. Aqueles que não compraram o carro em outubro e novembro, por causa da crise, vão comprar agora." No mês passado, as vendas da indústria automotiva caíram 25% no país.

"Consumidor na mesma"
Como conseqüência da queda nos preços do carro zero, por conta do IPI, o mercado de usados passa agora por nova onda de depreciação. Assim, o consumidor que oferece seu veículo como entrada para adquirir um novo não sente o benefício integralmente, diz Armando Boscardin, presidente da Abrac (Associação Brasileira de Concessionárias Chevrolet).
"Existe uma readequação no mercado. O preço do usado cai na mesma proporção do novo. Então, o consumidor que oferece o carro dele como troca não economiza tanto", diz Boscardin. Segundo ele, 65% das pessoas que compram carros novos estão nessa situação.
Para o supervisor de veículos novos da Brasilwagen, João Fernandes, o governo "se esqueceu dos carros usados". "O consumidor que tem o carro usado fica na mesma [com a redução do IPI], porque o seu bem agora vai valer até 10% menos", afirma. Desde o início da crise, o preço dos usados já caiu entre 30% e 40%, segundo informações da Fenabrave.
Segundo Fernandes, essa depreciação impõe maior prejuízo ao concessionário, que teve de formar estoques de usados.


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