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Vendas de carro sobem até 50% após redução do IPI
Modelos chegam a ter diminuição de R$ 3.500 no preço com imposto menor
Concessionárias passam a
oferecer menos pelo veículo
usado na troca, e vantagem
ao consumidor pode
desaparecer, diz associação
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A queda no IPI dos carros novos deu fôlego ao mercado automotivo no último final de semana. Balanço das montadoras
indica aumento de até 50% nas
vendas por conta da redução
nos preços finais dos veículos.
Entre sexta e domingo, a
Ford vendeu 4.250 unidades no
país, contra uma média de
2.800 para esses três dias no
período após o agravamento da
crise global, em outubro. Trata-se de desempenho recorde em
um final de semana, de acordo
com a montadora.
Já a GM vendeu, só na Grande São Paulo, 1.300 carros entre
sábado e domingo, volume 30%
maior do que o registrado no final de semana anterior, afirmou o gerente regional de marketing e vendas da montadora,
Rodrigo Rumi.
"Isso foi resultado do repasse
integral da redução do imposto
sobre os preços promocionais e
também do financiamento, que
agora voltou a crescer", disse
Rumi. Para alguns modelos, o
abatimento no valor chegou a
até R$ 3.500. "E cerca de 40%
das nossas vendas foram feitas
em 60 meses."
A Fiat estima que seus negócios tenham aumentado em
30% no último final de semana,
com uma média de 2.500 veículos vendidos por dia no período
em todo o país.
Na última sexta, um dia após
o governo reduzir para zero o
IPI do carro popular e diminuir
a alíquota para outras categorias de veículos, as principais
montadoras propagandeavam
o repasse integral para o preço
ao consumidor.
"O que vimos foi uma grande
movimentação e muitos fechamentos de negócios. O consumidor esperava um incentivo, e
isso apareceu", afirmou o presidente da Fenabrave (associação das concessionárias), Sérgio Reze. O próximo balanço de
vendas da entidade, referente à
primeira quinzena de dezembro, deve ser divulgado entre
hoje e amanhã.
Para Rumi, da GM, o mercado automotivo deve ter um
bom desempenho ao menos até
março, enquanto vigorar a redução do IPI. "Teremos um período de oportunidade. Aqueles
que não compraram o carro em
outubro e novembro, por causa
da crise, vão comprar agora."
No mês passado, as vendas da
indústria automotiva caíram
25% no país.
"Consumidor na mesma"
Como conseqüência da queda nos preços do carro zero, por
conta do IPI, o mercado de usados passa agora por nova onda
de depreciação. Assim, o consumidor que oferece seu veículo
como entrada para adquirir um
novo não sente o benefício integralmente, diz Armando Boscardin, presidente da Abrac
(Associação Brasileira de Concessionárias Chevrolet).
"Existe uma readequação no
mercado. O preço do usado cai
na mesma proporção do novo.
Então, o consumidor que oferece o carro dele como troca não
economiza tanto", diz Boscardin. Segundo ele, 65% das pessoas que compram carros novos estão nessa situação.
Para o supervisor de veículos
novos da Brasilwagen, João
Fernandes, o governo "se esqueceu dos carros usados". "O
consumidor que tem o carro
usado fica na mesma [com a redução do IPI], porque o seu
bem agora vai valer até 10%
menos", afirma. Desde o início
da crise, o preço dos usados já
caiu entre 30% e 40%, segundo
informações da Fenabrave.
Segundo Fernandes, essa depreciação impõe maior prejuízo ao concessionário, que teve
de formar estoques de usados.
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