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Megafraude nos EUA tem mais vítimas
HSBC disse que pode perder US$ 1 bilhão com suposto esquema, que também afetou fundo de caridade de Spielberg
Empresa de Madoff não era
vistoriada pelas autoridades
americanas havia dois anos,
segundo pessoas ligadas
à investigação do caso
DA REDAÇÃO
À medida que passam os dias,
os tentáculos e as possíveis perdas com o suposto esquema
fraudulento montado pelo gestor Bernard Madoff, o ex-presidente da Bolsa Nasdaq, aumentam de tamanho e se espalham
por grandes bancos, como o espanhol Santander, fundos de
caridade (entre eles o do diretor Steven Spielberg) e até pequenos investidores.
Desde a quinta-feira da semana passada, quando Madoff
foi preso, já foram revelados
cerca de US$ 20 bilhões expostos a perdas -que podem ultrapassar os US$ 50 bilhões (uma
vez e meia os prejuízos desde
setembro de 2007 do Citigroup, um dos bancos mais afetados pela crise)-, no que caminha para ser uma das maiores fraudes da história.
Ontem, o HSBC revelou que
tem US$ 1 bilhão em fundos investidos pelo ex-presidente da
Nasdaq. O Santander, um dos
bancos que parecem ter melhor
se saído até agora da crise global, disse que corre o risco de
perder 2,33 bilhões. A lista de
bancos inclui ainda UBS, Royal
Bank of Scotland e Nomura
Holdings, por exemplo.
Segundo o "Wall Street Journal", também foram afetados
pelo possível golpe as fundações de Steven Spielberg e do
Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel. Um representante do diretor de "Prenda-me Se For Capaz" (sobre o golpista Frank
Abagnale) confirmou as perdas
da fundação de caridade, mas
disse não saber o montante.
Mas até o agora o maior perdedor parece ser o fundo de
hedge Fairfield Greenwich,
que tem braço no Brasil e afirmou que US$ 7,5 bilhões (ou
mais da metade dos ativos que
gerenciava) estavam investidos
em veículos ligados a Madoff.
"Nós estamos chocados e
apavorados com essa notícia",
disse um dos fundadores do
fundo, Jeffrey Tucker. "Não tínhamos nenhuma pista de que
nós e outras empresas e investidores privados éramos vítimas de um esquema fraudulento tão grande e sofisticado."
O grupo dos possíveis prejudicados inclui ainda bilionários
como Fred Wilpon, dono do
New York Mets, um dos times
de beisebol mais conhecidos
dos EUA, e Mortimer Zuckerman, dono do jornal "New
York Daily News". Mas ele
também é formado por pequenos investidores, como Arnold
Sinkin, 75, um vendedor aposentado de carpetes.
Madoff é acusado pelas autoridades americanas de montar
um esquema Ponzi, em que
oferecia retornos altos aos seus
investidores usando dinheiro
pago com a entrada de novos
clientes, em vez de utilizar a receita obtida com as aplicações.
Antes de ser preso, ele teria dito a funcionários que estava
"acabado", que "não tinha mais
nada" e que tudo não passava
de "uma grande mentira".
Investigação
Uma das questões que investigadores e os órgãos reguladores terão que enfrentar nos
próximos meses é como um esquema tão grande como o de
Madoff conseguiu durar tanto
tempo sem ser identificado.
Segundo pessoas próximas à
investigação, as autoridades reguladoras norte-americanas
não voltaram a inspecionar a
empresa de assessoria em investimento de Madoff (que teve a sua liquidação ordenada
pela Justiça dos EUA ontem)
depois que ela foi submetida à
vistoria há dois anos.
A SEC (órgão que fiscaliza e
regulamenta o mercado de valores mobiliários) não examina
os livros contábeis de Madoff
desde o dia em que ele registrou
a empresa no órgão, em setembro de 2006, disseram duas
pessoas, que preferiram não ter
seus nomes divulgados.
A SEC tenta inspecionar assessorias pelo menos uma vez a
cada cinco anos, além de buscar
examinar de perto empresas
recém-registradas ao longo de
seu primeiro ano de atividade,
disseram ex-autoridades do órgão e advogados do setor de valores mobiliários.
"É difícil imaginar que uma
fraude da magnitude que dizem
ter sido essa não tenha sido
acompanhada por problemas
significativos e generalizados
de cumprimento [da legislação]", afirmou Mercer Bullard,
ex-advogado do setor de fundos
mútuos da SEC.
Madoff foi assessor da SEC
em regulamentação de mercados, além de ser um doador regular em campanhas políticas.
Com agências internacionais
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