São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produção industrial chinesa tem a menor alta da década

Novembro já é o quinto mês com desaceleração

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Novembro foi o pior mês para a produção industrial chinesa desde 1999. O crescimento no mês foi de apenas 5,5% em relação ao mesmo mês de 2007. Em outubro, a taxa havia sido de 8,2% -em março, recorde no ano, foi de 17,8%.
Desde os setores mais voltados à exportação, como têxteis, brinquedos e eletrônicos, até os mais domésticos, como siderúrgicas, eletrodomésticos e automóveis, sofreram desaceleração ou mesmo queda.
Novembro é o quinto mês consecutivo em que a produção industrial chinesa desacelera.
Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, disse ontem em Madri que a China deve crescer 5% ou 6% no próximo ano. Para o governo chinês, o crescimento será de pelo menos 8% -inferior aos 11,9% registrados em 2007.

Fim do descolamento
Depois de passar o mês de setembro e parte de outubro alardeando uma suposta imunidade da economia chinesa à crise financeira desatada nos Estados Unidos, a mídia estatal passou a assumir os efeitos da crise no país.
A arrecadação fiscal chinesa caiu 3,1% em novembro, para R$ 130 bilhões, em relação ao mesmo mês do ano passado, motivada por cortes de estímulo e desaceleração econômica.
"A produção industrial chinesa deve cair mais ainda em dezembro, pois um crescente número de manufatureiros está cortando a produção por conta da demanda menor", disse à Folha a economista Jing Ulrich, diretora de China Equities do banco JPMorgan, em Hong Kong.
Para ela, mais fábricas irão fechar nos próximos meses. "A preocupação pelo desemprego crescente, pelo corte nos salários e pelo deslocamento dos migrantes rurais fez o governo tomar atitudes mais agressivas para apoiar indústrias de peso, como aço e automobilística."

Desemprego em alta
No domingo, o presidente da China, Hu Jintao, afirmou que o "mercado de trabalho em 2009 será impiedoso" e pediu a empregadores que tentem ajudar a quem busca emprego "e façam contribuições para promover a estabilidade e a harmonia social".
A Academia Chinesa de Ciências Sociais, principal centro de estudos pertencente ao governo, disse em sua publicação de previsões para 2009, lançado ontem, que o desemprego crescerá, apesar do pacote de estímulo de 4 trilhões de yuans (R$ 1,35 trilhão) anunciado pelo governo no mês passado.
"Mais empresas médias e pequenas fecharão e não poderão pagar os salários dos empregados, que aumentaram nos últimos anos. A falta de capital por conta da queda nas exportações vai afetar muito a taxa de desemprego", diz a publicação.
O estudo afirma que as condições de 150 milhões (do total de 210 milhões) de migrantes rurais que trabalham nas grandes cidades chinesas podem piorar no ano que vem pela falência de empresas que usam mão-de-obra intensiva, de têxteis à construção civil.
"Muitos migrantes não registram seu desemprego após serem demitidos, então estatísticas corretas não são disponíveis", diz a Academia.
O estudo também fala que 6,5 milhões de formandos das universidades chinesas terão mais dificuldades para achar empregos no ano que vem.


Texto Anterior: Argentina lança pacote de R$ 77 bilhões em obras
Próximo Texto: Trabalho: Desemprego no Reino Unido atinge maior nível em 8 anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.