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Produção industrial chinesa tem a menor alta da década
Novembro já é o quinto mês com desaceleração
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Novembro foi o pior mês para a produção industrial chinesa desde 1999. O crescimento
no mês foi de apenas 5,5% em
relação ao mesmo mês de 2007.
Em outubro, a taxa havia sido
de 8,2% -em março, recorde
no ano, foi de 17,8%.
Desde os setores mais voltados à exportação, como têxteis,
brinquedos e eletrônicos, até os
mais domésticos, como siderúrgicas, eletrodomésticos e
automóveis, sofreram desaceleração ou mesmo queda.
Novembro é o quinto mês
consecutivo em que a produção
industrial chinesa desacelera.
Dominique Strauss-Kahn,
diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, disse
ontem em Madri que a China
deve crescer 5% ou 6% no próximo ano. Para o governo chinês, o crescimento será de pelo
menos 8% -inferior aos 11,9%
registrados em 2007.
Fim do descolamento
Depois de passar o mês de setembro e parte de outubro alardeando uma suposta imunidade da economia chinesa à crise
financeira desatada nos Estados Unidos, a mídia estatal passou a assumir os efeitos da crise
no país.
A arrecadação fiscal chinesa
caiu 3,1% em novembro, para
R$ 130 bilhões, em relação ao
mesmo mês do ano passado,
motivada por cortes de estímulo e desaceleração econômica.
"A produção industrial chinesa deve cair mais ainda em
dezembro, pois um crescente
número de manufatureiros está cortando a produção por
conta da demanda menor", disse à Folha a economista Jing
Ulrich, diretora de China Equities do banco JPMorgan, em
Hong Kong.
Para ela, mais fábricas irão
fechar nos próximos meses. "A
preocupação pelo desemprego
crescente, pelo corte nos salários e pelo deslocamento dos
migrantes rurais fez o governo
tomar atitudes mais agressivas
para apoiar indústrias de peso,
como aço e automobilística."
Desemprego em alta
No domingo, o presidente da
China, Hu Jintao, afirmou que
o "mercado de trabalho em
2009 será impiedoso" e pediu a
empregadores que tentem ajudar a quem busca emprego "e
façam contribuições para promover a estabilidade e a harmonia social".
A Academia Chinesa de
Ciências Sociais, principal centro de estudos pertencente ao
governo, disse em sua publicação de previsões para 2009,
lançado ontem, que o desemprego crescerá, apesar do pacote de estímulo de 4 trilhões de
yuans (R$ 1,35 trilhão) anunciado pelo governo no mês passado.
"Mais empresas médias e pequenas fecharão e não poderão
pagar os salários dos empregados, que aumentaram nos últimos anos. A falta de capital por
conta da queda nas exportações
vai afetar muito a taxa de desemprego", diz a publicação.
O estudo afirma que as condições de 150 milhões (do total
de 210 milhões) de migrantes
rurais que trabalham nas grandes cidades chinesas podem
piorar no ano que vem pela falência de empresas que usam
mão-de-obra intensiva, de têxteis à construção civil.
"Muitos migrantes não registram seu desemprego após serem demitidos, então estatísticas corretas não são disponíveis", diz a Academia.
O estudo também fala que 6,5
milhões de formandos das universidades chinesas terão mais
dificuldades para achar empregos no ano que vem.
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