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Argentina lança pacote de R$ 77 bilhões em obras
"PAC Argentino" deve criar 300 mil empregos no setor de construção, prevê governo
Presidente Cristina Kirchner diz que plano é "o mais ambicioso" da história do país e que poderá evitar
uma recessão em 2009
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
O governo da Argentina
anunciou ontem megaplano de
obras públicas de 111 bilhões de
pesos (R$ 77 bilhões), o equivalente a 13% do PIB local, em nova medida para tentar evitar
uma recessão em 2009.
Classificado pela presidente
Cristina Kirchner como "o plano mais ambicioso" da história
do país, prevê investimentos
em energia, transporte e habitação. Como o PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
brasileiro, inclui obras já previstas no Orçamento.
Dos 57 bilhões de pesos a investir em 2009, diz o governo,
12 bilhões (21%) serão financiados pelo BNDES brasileiro, pelo banco Nación (estatal) e pela
Anses, o INSS local, que absorveu US$ 30 bilhões em fundos
privados de previdência, estatizados em novembro.
"O plano não é uma lista de
obras nem produto de improvisação", afirmou Cristina, que
prevê criação de 300 mil empregos no setor de construção
com o pacote. As medidas estão
divididas em obras estruturais
(como gasodutos e hidrelétricas, 61% do total), programáticas (estradas, canalizações,
20%) e de ação imediata (pavimentação, moradias, 19%).
O pacote de obras se soma a
outras medidas anticrise que
Cristina vem anunciando a
conta-gotas há um mês, como
créditos baratos para consumo,
financiamento de carros zero-quilômetro, perdão de dívidas
para repatriação de capitais e
regularização trabalhista e férias subsidiadas. São, sobretudo, acenos à classe média urbana, que se afastou do governo
neste ano durante o conflito
com o campo em torno de tarifas sobre exportações de grãos.
Contudo, apenas duas medidas terão impacto direto no
bolso dos argentinos -um abono de Natal de R$ 140 para aposentados, e a eliminação da "tablita de Machinea", sistema
criado em 2000 para que salários mais altos tivessem menos
gastos dedutíveis do Imposto
de Renda. O fim do sistema, que
implica renúncia fiscal de 1,5
bilhão de pesos por ano, beneficiará 340 mil trabalhadores.
Ameaça de recessão
O pacote é uma tentativa do
governo de sustentar um crescimento do PIB de 3% a 4% em
2009. Estimativas privadas
pessimistas antecipam recessão no país no próximo ano,
que seria a primeira desde a crise de 2001-2002. O PIB do país
cresce a uma média anual de
8,8% desde 2003, embalado pelos altos preços de commodities que sustentaram superávits fiscal e comercial.
Isolada dos mercados financeiros internacionais desde o
calote de sua dívida, em 2001, a
Argentina parecia blindada ante a crise mundial. No entanto,
diz Mariano Lamothe, economista-chefe da consultora Abeceb, a derrocada global reforçou problemas internos como
perda de competitividade e
desconfiança de investidores.
A crise mundial também
abortou planos de uma "virada
ortodoxa" que o governo ameaçava na condução da economia,
com anúncios de pagamentos a
credores e um manejo mais
transparente da inflação.
O que se viu desde então foi o
"plano B" de Cristina, com medidas como a estatização da
previdência privada, restrições
a importações e estímulos ao
mercado interno.
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