São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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BALANÇA COMERCIAL

Exportações crescem 30% para países em desenvolvimento de 2002 a 2003, ante 15% para avançados

Vendas do país sobem mais para emergentes

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

No cenário de protecionismo comercial e crise econômica no mundo desenvolvido desde 2001, as compras de produtos brasileiros por países em desenvolvimento têm feito a diferença. As exportações do Brasil para esse grupo de nações saltaram 30% entre os primeiros dez meses de 2002 e o mesmo período de 2003 -o dobro dos 15% de expansão para os países desenvolvidos.
Os dados constam de estudo inédito feito pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) a pedido da Folha. A pesquisa mostra que esse movimento verificado entre 2002 e 2003 tem sido constante nos últimos cinco anos.
Entre 1999 e os dez primeiros meses de 2003, as exportações brasileiras para as nações desenvolvidas tiveram expansão de 19%, contra um salto de 35% para os países em desenvolvimento.
Do lado das importações, as compras brasileiras de países em desenvolvimento também crescem, enquanto encolhem em relação às economias avançadas.
Isso mostra que a corrente de comércio total do Brasil com os chamados países do Sul (referência freqüente dos países em desenvolvimento) tem se fortalecido: cresceu 18% nos últimos cinco anos. Já os fluxos entre a economia brasileira e as do mundo desenvolvido encolheram: queda de 5,5% entre 1999 e o período de janeiro a outubro de 2003.
"A desvalorização do câmbio contribuiu para isso. O investimento de empresas na busca por maior competitividade também", diz Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
Segundo Almeida, como os países desenvolvidos impõem muitas barreiras aos produtos brasileiros mais competitivos, como as commodities agrícolas, tentar aumentar as vendas para as nações em desenvolvimento se tornou uma alternativa de crescimento das exportações.

Mercosul
A crise argentina, que, há dois anos, contaminou os outros parceiros do Brasil no Mercosul, Paraguai e Uruguai, também motivou o Brasil a procurar estreitar relações comerciais com outros países emergentes.
"Esse foi o lado positivo da crise do Mercosul. Forçou o Brasil a diversificar seus mercados. Com a recuperação recente da Argentina, voltaram a crescer as nossas exportações para lá, mas também mantivemos esses novos mercados", afirma Almeida.
Entre os países que mais puxaram o crescimento das vendas externas brasileiras estão os asiáticos, principalmente a China. As exportações do Brasil para o país asiático se expandiram expressivos 482% entre 1999 e os dez primeiros meses de 2003, saltando de US$ 676 milhões para US$ 3,94 bilhões. As vendas de produtos para a Índia também cresceram 65% nos últimos cinco anos.
"A China tem sido fundamental para o desempenho do nosso comércio externo. E, se o país mantiver o atual ritmo de crescimento, provavelmente não conseguirá suprir toda a sua necessidade de alimentos, por exemplo, o que será ainda melhor para o Brasil", afirma Júlio Callegari, economista da consultoria Tendências.
Em 2003, a recuperação do mercado argentino também contribuiu para o acelerado crescimento das vendas brasileiras para os países em desenvolvimento. Mas, mesmo excluindo o país vizinho, as exportações brasileiras tiveram crescimento de 23% para os mercados emergentes.
A queda das vendas para a Argentina nos últimos anos foi compensada pela maior penetração em outros mercados de países latino-americanos, como o chileno e o mexicano.


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