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BALANÇA COMERCIAL
Exportações crescem 30% para países em desenvolvimento de 2002 a 2003, ante 15% para avançados
Vendas do país sobem mais para emergentes
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
No cenário de protecionismo
comercial e crise econômica no
mundo desenvolvido desde 2001,
as compras de produtos brasileiros por países em desenvolvimento têm feito a diferença. As exportações do Brasil para esse grupo
de nações saltaram 30% entre os
primeiros dez meses de 2002 e o
mesmo período de 2003 -o dobro dos 15% de expansão para os
países desenvolvidos.
Os dados constam de estudo
inédito feito pelo Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) a pedido da Folha. A pesquisa mostra que esse
movimento verificado entre 2002
e 2003 tem sido constante nos últimos cinco anos.
Entre 1999 e os dez primeiros
meses de 2003, as exportações
brasileiras para as nações desenvolvidas tiveram expansão de
19%, contra um salto de 35% para
os países em desenvolvimento.
Do lado das importações, as
compras brasileiras de países em
desenvolvimento também crescem, enquanto encolhem em relação às economias avançadas.
Isso mostra que a corrente de
comércio total do Brasil com os
chamados países do Sul (referência freqüente dos países em desenvolvimento) tem se fortalecido: cresceu 18% nos últimos cinco
anos. Já os fluxos entre a economia brasileira e as do mundo desenvolvido encolheram: queda de
5,5% entre 1999 e o período de janeiro a outubro de 2003.
"A desvalorização do câmbio
contribuiu para isso. O investimento de empresas na busca por
maior competitividade também",
diz Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
Segundo Almeida, como os países desenvolvidos impõem muitas barreiras aos produtos brasileiros mais competitivos, como as
commodities agrícolas, tentar aumentar as vendas para as nações
em desenvolvimento se tornou
uma alternativa de crescimento
das exportações.
Mercosul
A crise argentina, que, há dois
anos, contaminou os outros parceiros do Brasil no Mercosul, Paraguai e Uruguai, também motivou o Brasil a procurar estreitar
relações comerciais com outros
países emergentes.
"Esse foi o lado positivo da crise
do Mercosul. Forçou o Brasil a diversificar seus mercados. Com a
recuperação recente da Argentina, voltaram a crescer as nossas
exportações para lá, mas também
mantivemos esses novos mercados", afirma Almeida.
Entre os países que mais puxaram o crescimento das vendas externas brasileiras estão os asiáticos, principalmente a China. As
exportações do Brasil para o país
asiático se expandiram expressivos 482% entre 1999 e os dez primeiros meses de 2003, saltando
de US$ 676 milhões para US$ 3,94
bilhões. As vendas de produtos
para a Índia também cresceram
65% nos últimos cinco anos.
"A China tem sido fundamental
para o desempenho do nosso comércio externo. E, se o país mantiver o atual ritmo de crescimento, provavelmente não conseguirá
suprir toda a sua necessidade de
alimentos, por exemplo, o que será ainda melhor para o Brasil",
afirma Júlio Callegari, economista
da consultoria Tendências.
Em 2003, a recuperação do mercado argentino também contribuiu para o acelerado crescimento das vendas brasileiras para os
países em desenvolvimento. Mas,
mesmo excluindo o país vizinho,
as exportações brasileiras tiveram
crescimento de 23% para os mercados emergentes.
A queda das vendas para a Argentina nos últimos anos foi compensada pela maior penetração
em outros mercados de países latino-americanos, como o chileno
e o mexicano.
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