São Paulo, domingo, 17 de janeiro de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Azul quer ampliar mercado no interior de SP

Pouco mais de um ano após iniciar operações, com voos de Campinas a Porto Alegre e a Salvador, a Azul Linhas Aéreas parece ter decolado.
A empresa hoje conecta 16 cidades, alcançou 4,75% de participação de mercado, superou os 2 milhões de passageiros e lidera rankings da Anac de pontualidade e regularidade. Avançou num ano que começou retraído pela crise. Sobreviveu à guerra de preços entre as duas líderes do setor, TAM e Gol, por participação de mercado.
Os preços das passagens dispararam no fim de 2009 no país e devem continuar a subir neste ano, mas Pedro Janot, presidente da empresa, diz que manterá a política de tarifa menor para seguir na estratégia de ampliar o mercado consumidor do interior de São Paulo, em vez de só disputar com as grandes pelo o que ele chama de "12 milhões de CPFs", dos passageiros executivos que voam na semana.
"Quero oferecer uma malha alternativa, com rotas que são menos atraentes. Eu posso fazer isso, ao contrário das concorrentes. Com aviões menores, consigo rentabilizar um voo com 60 passageiros."
Mas a empresa também está de olho em Congonhas e vai começar a concorrer à redistribuição de slots (permissões de pousos e decolagens) do aeroporto. Enquanto não atinge os requisitos para operar por lá, Janot diz que a empresa foi ao estacionamento de Congonhas olhar as placas dos carros para decidir em quais cidades iria veicular sua campanha publicitária. "Essa população do interior de SP está carente de viajar de avião de modo prático."
A campanha não foi veiculada na cidade de São Paulo, só no interior do Estado, pois a Azul não tem ainda, segundo Janot, o "investimento cavalar" para isso. Janot evita citar os números. A empresa não revela informações do balanço. O faturamento e os investimentos parecem estar escondidos numa caixa-preta, e Janot nega os rumores de que a Azul esteja sendo vendida. "A empresa está na mão e estamos gostando dela."

As passagens eram muito altas no Brasil. Ficaram muito baratas no meio de 2009 e estão num patamar abaixo do nível em que sempre andaram. O preço está buscando um novo equilíbrio

A depressão de preços foi causada pela crise, pelo combate à entrada da Azul e pela disputa entre TAM e Gol por participação de mercado. Hoje há uma nova acomodação de preços, mas a Azul não largou sua política de tarifa reduzida para compras antecipadas
TERMÔMETRO
Estão em atividade atualmente um pouco mais de 1.200 operadoras de planos de saúde no mercado, de acordo com levantamento do Iess (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar). Mais de 90% estão ativas e possuem beneficiários. Há dez anos, a proporção era de apenas 55%.

CADEIRAS
Pedro Afonso Gomes e Gilson de Lima Garófalo foram eleitos, respectivamente, para ocupar a presidência e a vice-presidência do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo) para a gestão de 2010.

NA PONTA DO LÁPIS
Se cada um dos 190 milhões de brasileiros tivesse de colaborar um pouco para ajudar a pagar a dívida pública do país, seria necessário desembolsar hoje R$ 10.500.
Os cálculos foram feitos pela Fecomercio SP para chamar a atenção para o tamanho da dívida que o governo possui atualmente, perto dos R$ 2 trilhões. "Ou seja, cada bebê que nascer a partir de 2010 já nasce devendo essa quantia", afirma Fabio Pina, assessor econômico da federação.


PILHA DE LIVROS
Na lista de livros que o presidente do BNDES pretende ler durante as férias estão: 1) "Keynes - The Return of the Master", de Robert Skidelsky; 2) "Memoirs", de Paul Samuelson; 3) "Churchill Desmascarado", de Nigel Knight; 4) "Night Train to Lisbon", de Pascal Mercier; 5) "Estrela Distante", de Roberto Bolaño; e 6) "O Seminarista", de Rubem Fonseca.

Cresce busca por avaliação de risco

A crise financeira internacional não afetou as agências de classificação de risco. Pelo contrário, elas viram aumentar as solicitações de avaliação de "ratings" de crédito.
Durante todo o ano passado, a solicitação por "rating" cresceu, principalmente a partir do segundo semestre, segundo Guilherme Noschese, diretor sênior da área comercial da Fitch Ratings.
"À medida que a confiança foi se restabelecendo, houve retomada dos pedidos de emissão de "rating", e agora estamos no ápice da demanda." Noschese, porém, observa que houve alteração do produto solicitado. "Se antes a empresa emitia os papéis em um prazo de cinco anos, passou a emitir num prazo menor." Isso aconteceu em reflexo da menor confiança do investidor, devido à crise.
Mas essa não é uma alternativa sustentada ao longo do tempo. "A tendência é que os prazos comecem a se dilatar, mas de forma racional", diz Noschese. Com o tempo, os investidores passam a buscar papéis com mais riscos, de retornos maiores.
Já a Standard & Poor's verificou crescimento de 30% a 40% ao ano desde 2007 para analisar a empresa que está em questão para os investidores. "A crise trouxe maior procura por informações financeiras, com ética, qualidade e independência", diz Regina Nunes, presidente da S&P no Brasil.
Há momentos em que não existe emissão, mas, quando volta, a corda vai mais rápido, diz Nunes. "Exemplo, entre setembro e novembro de 2009, tivemos crescimento de 50%, comparado à mesma época de 2007, em "ratings" de emissões, de linhas de crédito e investimento", afirma Nunes, que diz não ser possível fazer a comparação com 2008 devido à crise desencadeada com a quebra do Lehman Brothers.
A Austin Rating registrou procura maior por análise de operações estruturadas, como debêntures, por conta da dificuldade que algumas empresas tiveram em buscar crédito em bancos.
Segundo Luis Miguel Santacreu, analista da Austin, também cresceu a demanda por análise de empresas em recuperação judicial.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e CLAUDIA ROLLI



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