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Ex-presidente no país
tem prisão decretada
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal expediu ontem, em São Paulo, mandado de
prisão contra Gianni Grisendi, ex-presidente da Parmalat do Brasil,
segundo a Folha apurou.
A ordem ainda não havia chegado à Polícia Federal em São Paulo
quando, no final da tarde, circulou a notícia de que o executivo
havia sido preso em um sítio em
Ibiúna (60 km de São Paulo).
Às 19h, porém, a Folha conversou, por telefone, com Grisendi.
"Estou na sede da Bombril Holding, onde trabalho, na [avenida]
Faria Lima. Não estou preso."
Segundo ele, a notícia de sua
prisão não tem fundamento. "Estou sendo condenado antes de
uma investigação", afirmou. A informação sobre a suposta prisão
chegou à Itália e Grisendi diz que
seu telefone não parou de tocar.
"Recebi dezenas de telefonemas,
até minha mãe ligou da Itália."
Grisendi acionou os advogados
-Gilberto Cipullo, Renato Mange e o escritório Sônia Rao- que
entraram em contato com a PF
"em todas as instâncias". Segundo eles apuraram, não há nenhuma ordem de prisão contra ele.
"Não teria sentido, estou à disposição das autoridades para prestar
esclarecimentos, já depus na PF e
não houve nenhum problema."
Grisendi dirigiu a Parmalat durante 11 anos, de onde saiu em
2000, após comandar um processo de expansão do grupo no país
com a compra de 30 empresas locais. Hoje, é presidente do conselho de administração da Bombril.
Grisendi entrou na Parmalat em
1976, com 24 anos, e se tornou um
dos executivos mais próximos de
Calisto Tanzi, principal acionista
e ex-presidente da Parmalat SpA,
preso pela Justiça italiana depois
que foi descoberta fraude no grupo estimada em 10 bilhões.
Durante as investigações na Itália, um dos contadores do grupo,
Gianfranco Bocchi, ao ser questionado sobre o paradeiro do dinheiro desviado da Itália, declarou à polícia italiana que a operação brasileira do grupo recebera
"sacos de dinheiro" da matriz.
Grisendi diz que, "de fato, recebemos centenas de milhares de
dólares para comprar empresas
no país". Ele nega que durante sua
gestão tenham saído grandes somas do país. "Veio muito dinheiro da Itália e saiu muito pouco."
Dados do BC mostram que durante sua gestão, em 22 e 27 de dezembro de 1999, a Parmalat Participações, holding do grupo no
país, mandou R$ 527,2 milhões
para contas CC5, fora do país.
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