|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEGÓCIO
Estatal, monopolista na produção e na distribuição, quer agora adquirir a distribuidora de gás liquefeito de petróleo
Petrobras oferece US$ 600 mi pela Agip
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A Petrobras já abriu negociações para a compra da distribuidora de GLP (gás liquefeito de petróleo) da Agip do Brasil, do gigante italiano da área de energia
Eni. De acordo com o que a Folha
apurou, a Petrobras fez uma proposta de cerca de US$ 600 milhões
para a compra da distribuidora
(ex-Liquigás).
A proposta da Petrobras à Agip
do Brasil foi feita por meio do
Banco CS First Boston, o intermediário da transação. A proposta
funciona como uma espécie de
passaporte para a empresa ter
acesso a todos os números da
Agip do Brasil.
O banco CS First Boston estabeleceu prazo até o final de março
para a estatal decidir, após a análise dos números, se irá ou não
comprar a empresa. A Petrobras
tem um "data room" (sala virtual)
exclusivo. Procurados pela Folha,
a Petrobras, a Agip do Brasil e o
banco CS First Boston preferiram
não se pronunciar sobre a negociação.
Estratégia
Desde o ano passado, quando
começou a preparar seu plano estratégico para os próximos anos, a
Petrobras tem defendido a necessidade de entrar no mercado de
distribuição de gás. A empresa já
detém o monopólio na produção
e no transporte de GLP às distribuidoras.
Em 2003, a Petrobras chegou a
negociar a compra da Shell Gas, a
distribuidora de GLP do grupo
Shell, mas perdeu a corrida para a
Ultragaz. Com a aquisição, a Ultragaz tornou-se a líder do mercado, com cerca de 24,5% de participação.
A Agip do Brasil (ex-Liquigás) é
a segunda maior empresa do setor, com 21% de participação. Até
a Ultragaz ter adquirido a Shell
Gas, a empresa era a líder do mercado.
Para fechar a compra da Agip
do Brasil, a Petrobras terá antes de
fazer uma consulta aos órgãos de
defesa ao consumidor. A SDE (Secretaria de Direito Econômico) e
o Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) terão certamente que se pronunciar sobre
a investida da Petrobras na área
de distribuição de gás, já que ela é
monopolista na produção e no
transporte. Ao entrar na distribuição de GLP, a Petrobras terá grande poder na formação de preço do
produto.
Depois de ter vetado a fusão
Nestlé/Garoto, o Cade deu um sinal de que não se deixará influenciar por pressões externas nos julgamentos.
O assunto já começou a ser debatido superficialmente dentro
do governo. Há uma grande preocupação, em alguns setores, sobre
o avanço da Petrobras.
Outra preocupação se refere à
manutenção de empregos. Caso
compre a distribuidora de GLP, a
Petrobras não deverá precisar de
uma boa parte do atual contingente de 4.000 funcionários da
Agip do Brasil.
A ofensiva da Petrobras na área
de distribuição de GLP é apenas o
início de uma nova fase que a empresa pretende adotar, a partir de
agora. Após ter anunciado o lucro
recorde de R$ 17,8 bilhões em
2003, a empresa abriu a temporada de caça aos diversos setores
onde atua.
Além da área distribuição de
GLP, outro setor que a Petrobras
tem forte interesse é o de petroquímica. Nas próximas semanas,
a estatal irá definir sua estratégia
para o setor.
Texto Anterior: Energia: Governo agora poderá negociar regulamentação do setor elétrico com Congresso Próximo Texto: Empresa forma joint venture para vender GNL Índice
|