São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM CRISE

Ministro da Economia critica investidores de Wall Street; Justiça nos EUA "congela" US$ 11 mi de empresa argentina

Governo não encobrirá erros, diz Lavagna

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, disse que não encobrirá os erros cometidos pelos investidores de Wall Street durante "os maravilhosos anos 90", quando o país colocou no mercado mundial mais de 150 títulos da dívida.
"Algumas pessoas em Wall Street gostariam de encobrir os erros do passado, mas nós não o faremos", disse Lavagna em entrevista ao jornal britânico "Financial Times", divulgada ontem.
A entrevista coincidiu com a chegada a Buenos Aires da missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) que irá iniciar a revisão do acordo firmado em setembro. Além do cumprimento das metas, a missão vem de olho em possíveis avanços nas negociações da reestruturação da dívida.
Estão em jogo novos recursos que o governo só receberá se a revisão for aprovada, que permitirão ao país pagar uma parcela de US$ 3,1 bilhões da dívida com o Fundo, que vence em março.
O ministério negou a pressão. A reestruturação "nem sequer faz parte dos temas inerentes à segunda revisão", disse o porta-voz do ministério, Armando Torres.
"Obviamente, uma má imagem no exterior não ajuda, mas não concordamos com nenhuma reestruturação que sacrifique o crescimento ou precipite outra crise adiante", disse Lavagna.
Ele reafirmou que não pretende alterar a oferta do governo substancialmente, que prevê descontos de 75% no valor dos títulos.
Também ontem, o juiz nova-iorquino Thomas Griesa autorizou o bloqueio de US$ 11 milhões da empresa Correo Argentino, depositados em contas nos bancos BNP Paribas e Lehman Brothers em Nova York.
A decisão foi tomada em resposta à ação movida pelo fundo de investimentos Macrotecnic, que cobra da Argentina US$ 400 milhões por títulos em "default" desde dezembro de 2001.
As informações foram publicadas ontem pelo diário "El Cronista Comercial" e confirmadas por um dos advogados dos credores.
Na decisão, o juiz considerou que os depósitos da empresa são fundos devidos ao Estado argentino e, portanto, dinheiro público.
A empresa, hoje sob intervenção estatal, deve ao Estado mais de 400 milhões de pesos.
Desde o início do mês, embargos contra bens argentinos nos EUA estão autorizados por decisão de Griesa. O país já teve congelados 15 bens nos EUA, em valor estimado em US$ 20 milhões.


Texto Anterior: Finanças: Setor de capitalização cresce 16%
Próximo Texto: Mídia: UOL decide processar revista "IstoÉ Dinheiro"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.