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VIZINHO EM CRISE
Ministro da Economia critica investidores de Wall Street; Justiça nos EUA "congela" US$ 11 mi de empresa argentina
Governo não encobrirá erros, diz Lavagna
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, disse
que não encobrirá os erros cometidos pelos investidores de Wall
Street durante "os maravilhosos
anos 90", quando o país colocou
no mercado mundial mais de 150
títulos da dívida.
"Algumas pessoas em Wall
Street gostariam de encobrir os
erros do passado, mas nós não o
faremos", disse Lavagna em entrevista ao jornal britânico "Financial Times", divulgada ontem.
A entrevista coincidiu com a
chegada a Buenos Aires da missão
do FMI (Fundo Monetário Internacional) que irá iniciar a revisão
do acordo firmado em setembro.
Além do cumprimento das metas,
a missão vem de olho em possíveis avanços nas negociações da
reestruturação da dívida.
Estão em jogo novos recursos
que o governo só receberá se a revisão for aprovada, que permitirão ao país pagar uma parcela de
US$ 3,1 bilhões da dívida com o
Fundo, que vence em março.
O ministério negou a pressão. A
reestruturação "nem sequer faz
parte dos temas inerentes à segunda revisão", disse o porta-voz
do ministério, Armando Torres.
"Obviamente, uma má imagem
no exterior não ajuda, mas não
concordamos com nenhuma
reestruturação que sacrifique o
crescimento ou precipite outra
crise adiante", disse Lavagna.
Ele reafirmou que não pretende
alterar a oferta do governo substancialmente, que prevê descontos de 75% no valor dos títulos.
Também ontem, o juiz nova-iorquino Thomas Griesa autorizou o bloqueio de US$ 11 milhões
da empresa Correo Argentino,
depositados em contas nos bancos BNP Paribas e Lehman Brothers em Nova York.
A decisão foi tomada em resposta à ação movida pelo fundo
de investimentos Macrotecnic,
que cobra da Argentina US$ 400
milhões por títulos em "default"
desde dezembro de 2001.
As informações foram publicadas ontem pelo diário "El Cronista Comercial" e confirmadas por
um dos advogados dos credores.
Na decisão, o juiz considerou
que os depósitos da empresa são
fundos devidos ao Estado argentino e, portanto, dinheiro público.
A empresa, hoje sob intervenção estatal, deve ao Estado mais
de 400 milhões de pesos.
Desde o início do mês, embargos contra bens argentinos nos
EUA estão autorizados por decisão de Griesa. O país já teve congelados 15 bens nos EUA, em valor estimado em US$ 20 milhões.
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