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COMUNICAÇÃO
Documento de centro de pesquisa aponta desvantagens de preço no sistema japonês, defendido por Hélio Costa
Relatório sobre TV digital contraria ministro
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Comunicações,
Hélio Costa (PMDB-MG), afirmou ontem que o relatório final
do CPqD (Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento em Telecomunicações) sobre TV digital tem
"incoerências".
De acordo com o documento,
que foi divulgado ontem pelo noticiário especializado Teletime
(www.teletime.com.br), o preço
de venda do aparelho conversor
(que será utilizado para que os
atuais aparelhos de televisão no
país recebam sinais digitais) será
mais caro, caso seja escolhido o
padrão japonês (ISDB), e mais barato, caso seja escolhido o europeu (DVB). O ministro e as maiores redes de televisão defendem o
padrão japonês.
Na quarta-feira, havia a expectativa de que o governo divulgasse
o relatório. Naquela ocasião, Costa disse que o documento não seria divulgado porque era exclusivo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Ontem o ministro retrocedeu.
"Eu recebi a solicitação de divulgar tudo. Nós vamos divulgar
tudo, desde que autorizados por
aqueles que fizeram as pesquisas.
A nossa preocupação é não cometer nenhuma imprudência em relação aos direitos de propriedade
e aos direitos intelectuais", afirmou.
"É obrigatório divulgar, agora,
me dêem espaço, por favor, até
nós sabermos direitinho o que
nos mandaram. Tem ministro
que ainda não leu o relatório",
disse Costa.
Questionado se estava satisfeito
com o relatório final do CPqD, o
ministro disse que o documento
possuía incoerências. Costa se referia ao preço do aparelho conversor, fundamental para que a
população tenha acesso à televisão digital. De acordo com ele, esse aparelho poderia ser produzido por valores entre US$ 43 e US$
53 (aproximadamente R$ 91 e R$
112 ontem).
"Eu vejo que em uma determinado lugar do relatório nós estamos analisando uma caixa [conversor] de US$ 400. Essas incoerências... é que eu preciso estar
muito seguro de que isso está certo, se é isso mesmo que eles pretendiam falar. Confesso que não
entendo determinadas partes",
afirmou.
Relatório
O relatório do CPqD tem 141 páginas e não conclui especificamente por nenhum padrão de TV
digital: norte-americano (ATSC),
europeu (DVB) ou japonês. São
feitas várias simulações tratando
de diversos aspectos da implantação da TV digital no Brasil, mas
sem apontar exatamente qual o
melhor modelo para ser escolhido
no país.
O preço do aparelho conversor,
no entanto, é uma questão-chave
para o grau de penetração da televisão digital. Segundo o próprio
CPqD: "quanto menor o preço,
melhores os resultados em termos de adesão da população, de
níveis de produção e de balança
comercial" (é o que consta da página 45 do documento).
Na página 72 do relatório, é feita
uma comparação de preços de
venda de cada conversor (chamado de URD no texto). Os conversores do padrão japonês variam
de R$ 276 a R$ 761, dependendo
do grau de complexidade. Os do
padrão europeu, entre R$ 233 e
R$ 662 e os do padrão americano,
de R$ 256 e R$ 715.
Baseado em um custo médio de
R$ 400 no conversor, o CPqD estimou que a transição para a TV digital custará aproximadamente
R$ 14 bilhões aos consumidores,
em um prazo de 15 anos (página
89). Ainda de acordo com o relatório, nos primeiros seis meses da
TV digital, apenas as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio
de Janeiro teriam acesso à nova
televisão.
Realidade brasileira
Entre os aspectos que, segundo
o CPqD, devem ser levados em
conta para a adaptação dos sistemas à realidade brasileiras, consta
que devem-se levar em conta
"perspectivas de mercado, para
gerar maior fator de escala de produção, o que influencia diretamente no investimento necessário no setor produtivo e no preço
final ao consumidor". Nesse caso,
o padrão europeu, adotado atualmente em 57 países, teria mais
vantagens que o japonês, adotado
apenas naquele país.
Leia a íntegra do relatório na
Folha Online
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