O ambiente econômico já admite que a taxa básica de juros encerre o ano abaixo de 10%. A perspectiva foi criada pela priorização do resgate do crescimento econômico do país pelo Banco Central, já que a meta de inflação deve ser facilmente atingida neste ano, em razão da contração da atividade.
Essa é a opinião de Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, em análise de mercado de ontem. "Com essa atitude mais pronunciada, o governo estaria agindo no sentido de reverter as projeções muito severas a respeito do crescimento do PIB em 2009."
Para Nehme, o governo já vem obtendo sucesso nos seus esforços para a manutenção da renda nas classes D e E, com ações como o aumento dos benefícios pagos pelo Bolsa Família e do salário mínimo. Ele ressalta que o governo deve centralizar as iniciativas para manter emprego e renda da classe C, que concentra o consumo.
"Se conseguir que a economia desempregue menos do que as projeções prevalecentes atualmente, naturalmente o nível de consumo e renda poderá impulsionar o crescimento do PIB brasileiro", afirma. "E, havendo sinais recuperatórios, certamente a fluidez do crédito bancário melhorará substancialmente, completando, assim, a roda que faz girar a economia."
Para Nehme, características da economia brasileira que sempre foram "desvirtudes" agora podem evitar que o Brasil seja atingido pela crise econômica de forma tão intensa.
Uma delas é a pequena representatividade das exportações na economia brasileira e a manutenção do perfil de vendedor de commodities do país. "Produzimos alimentos e cada vez fica mais claro que o desastre nessas commodities poderá não ser tão ruidoso quanto projetado, pois o mundo continuará comendo", escreve.
No ambiente de crise, Nehme vê uma queda maior nas importações brasileiras do que nas exportações. Para ele, o saldo da balança comercial em 2009 deve superar as projeções do boletim Focus, de US$ 14 bilhões, e atingir US$ 20 bilhões.