São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUROLÂNDIA
Avaliação é da Comissão Européia
Alemanha e França devem cortar gastos

das agências internacionais

Alemanha e França vêm adotando somente medidas mínimas para cortar os gastos públicos, avalia a Comissão Européia. O aumento dos déficits orçamentários pode atingir a economia e levar a uma alta dos juros na região, alertou ontem o braço executivo da União Européia.
Os Orçamentos dos dois maiores países que adotaram o euro, a moeda única, desde 1º de janeiro, não têm margens de segurança no caso de o crescimento da economia enfraquecer e de ocorrer uma queda na receita, afirmou a Comissão Européia.
A mesma crítica foi feita no mês passado à Itália, a terceira maior economia da zona do euro, em virtude do persistente déficit do país.
A estimativa alemã de chegar a um déficit de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2002 é considerado um objetivo modesto pela Comissão Européia.
"Metas mais ambiciosas tornariam mais fácil o enfrentamento de eventos inesperados", afirmou Yves-Thibault de Silguy, comissário para assuntos econômicos.
A declaração foi feita uma semana depois de o ministro das Finanças alemão, Oskar Lafontaine, avisar que os gastos públicos terão de aumentar, a menos que o Banco Central Europeu, responsável pela política monetária da chamada "eurolândia", estimule a economia da região reduzindo os juros.
Vários analistas esperam que o BCE reduza os juros nos 11 países que adotaram o euro. A taxa está fixada hoje em 3% ao ano. A maioria dos especialistas prevê que a redução ocorrerá no final de junho.
Lafontaine, que teme uma "deterioração" da economia européia, diz que uma queda do crescimento, mesmo temporária, prejudicaria a tendência de recuo do desemprego. O percentual de desempregados chega a 10,8% da população economicamente ativa dos 11 países, mais que o dobro do índice nos Estados Unidos.
De Silguy rejeita, porém, a expectativa pessimista a respeito da economia européia, afirmando que a queda no crescimento será menor do que muitos analistas esperam.
A economia será estimulada pelo consumo interno, que servirá para minimizar o efeito da queda das exportações, diz o comissário. Uma redução na estimativa de crescimento de 2,6% na economia dos 11 países da zona do euro "provavelmente será menor do que o que já foi antecipado".
De Silguy afirmou também que não está preocupado com a queda de 4% do euro em relação ao dólar acumulada desde a estréia da moeda européia. O comissário atribuiu o fortalecimento do dólar às estimativas de crescimento da economia dos EUA.
A Comissão Européia também solicitou à França que assuma "estrito controle dos gastos do governo". A França estima um déficit de 0,8% a 1,2% do PIB em 2002.
De Silguy disse que a França pode estabelecer metas mais ambiciosas. Apesar do comentário, o comissário elogiou o país, dizendo que seus "fundamentos econômicos são excelentes".
A Comissão Européia elogiou a Espanha, que prevê como meta um superávit de 0,1% do PIB em 2002. De Silguy disse que a meta é "boa, ambiciosa, mas crível". Ele somente considerou "um pouco otimista demais" a previsão da Espanha de obter um crescimento de 3,2% este ano.


Texto Anterior: Conflitos crescem no começo do ano
Próximo Texto: Sindicato faz greve por salário em dia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.