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Serpro pode ser punido pela Anatel
Empresa da Fazenda é contratada, sem licitação, para conectar órgãos à internet
Marcos Vinicius Mazoni,
presidente do Serpro, diz
que só comentará o caso
na quinta-feira, quando
tiver a decisão da agência
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) constatou que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) faz a conexão à internet
dos ministérios, das autarquias
e dos órgãos públicos federais
de Brasília sem ter licença para
prestar o serviço.
A empresa, subordinada ao
Ministério da Fazenda, também não tem pago os tributos
devidos na prestação dos serviços de telecomunicações.
A situação do Serpro será
examinada amanhã pelo conselho diretor da Anatel. O presidente do Serpro, Marcos Vinicius Mazoni, diz que só comentará o caso na quinta, quando
tiver a decisão da Anatel.
Os órgãos da administração
federal em Brasília se conectam à internet por meio de uma
rede de fibra ótica chamada Infovia Brasília, do governo federal. A rede entrou em funcionamento em 2006 e é administrada pelo Serpro, que cobra dos
demais órgãos pelo serviço.
Segundo fontes da Anatel,
como operador da Infovia Brasília, o Serpro presta serviço de
telecomunicações, o que requer licença específica emitida
pela agência, de Serviço de Comunicação Multimídia.
O Serpro teve a licença por
um período, mas solicitou cancelamento em 2007, supostamente para se livrar dos impostos. A conduta do Serpro foi noticiada pelo site especializado
"Convergência Digital". Até
agora, a Anatel não se manifestou publicamente sobre o caso.
A situação é constrangedora
para a Anatel, porque ela própria contratou os serviços do
Serpro, sem se atentar para o
fato de ele não possuir a licença
de Comunicação Multimídia.
A Anatel analisa o caso do
Serpro com lupa, desde que a
estatal entrou com novo pedido
de licença de Serviço de Comunicação Multimídia no órgão
regulador.
Segundo a Folha apurou, a
Anatel teria dois desfechos para o caso: emitir uma nova licença para o Serpro ou considerar nulo o cancelamento da
licença havido em dezembro de
2007. A primeira hipótese implicaria reconhecer que o Serpro prestou o serviço de forma
irregular, por mais de um ano.
A segunda hipótese é apontada como a mais provável e seria
justificada com o argumento de
que o cancelamento da licença
foi pedido por um diretor da
estatal, quando só o presidente
teria competência legal para fazê-lo.
Em qualquer das opções, o
Serpro teria de pagar os impostos que, supostamente, deixou
de recolher até agora. Há um
processo administrativo em
curso na Anatel para apurar a
situação tributária.
Segundo a agência, incidem
sobre os serviços de telecomunicações os seguintes impostos
e contribuições federais: Fust
-Fundo de Universalização de
Serviço Telecomunicações (1%
sobre a receita); Funttel -Fundo para o Desenvolvimento
Tecnológico das Telecomunicações (0,5% sobre a receita); e
Fistel -Fundo de Fiscalização
(um valor fixo sobre os equipamentos instalados), além de
PIS e Cofins. Há também a alíquota do ICMS, de 25%.
Abrafix
As companhias telefônicas
criticam a forma de atuação do
Serpro no setor. "É um banho
de irregularidades", afirmou
José Fernandes Pauletti, presidente da Abrafix, entidade que
representa as concessionárias
de telefonia fixa. Segundo ele, o
Serpro concorre com as operadoras privadas e só estaria isento dos tributos se a rede fosse
apenas para seu uso interno.
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