São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2010

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Sadia diz que operações com câmbio são regulares

Empresa nega irregularidades em contratos que estão sob investigação da PF

"Todos os contratos de ACC da Sadia estão lastreados em exportações efetivamente realizadas e registradas", diz nota

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sadia disse em nota divulgada ontem que as operações bancárias vinculadas a exportações que realizou são todas regulares e foram registradas nos sistemas de controle do Banco Central.
A Folha revelou na edição de ontem que a Polícia Federal investiga a empresa por suspeitar que ela recorreu a uma operação bancária chamada ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio) para supostamente praticar fraudes cambiais. Procurada pela Folha antes da publicação da reportagem, a empresa não quis se pronunciar.
ACC é uma operação em que o banco antecipa recursos para a empresa financiar a produção a ser exportada e tem taxas de juros que chegam à metade das praticadas pelo mercado.
Uma das suspeitas é que a Sadia obtivesse ACCs sem realizar as exportações que deveriam lastrear a operação.
"Todos os contratos de ACC da Sadia estão lastreados em exportações efetivamente realizadas e registradas no Sisbacen (na contratação do ACC com banco) e no Siscomex (registro da exportação e do embarque)", diz a nota. Sisbacen e Siscomex são sistemas de controle do Banco Central.
Ainda de acordo com a nota, a investigação da PF visava apurar operações feitas pela corretora Lira. "A Sadia não era o foco da investigação", afirma o texto da companhia.
A reportagem da Folha diz que a investigação começou na Lira, em setembro de 2008, e estendeu-se à Sadia. A apuração começou na Polícia Civil e foi transferida para a PF por determinação judicial e por pedido dos advogados da Sadia.
A nota afirma que a Sadia -que se fundiu à Perdigão em 2009, criando a BR Foods- está colaborando com a PF e já apresentou a documentação que comprova "a lisura e a licitude das operações praticadas pela empresa com a corretora Lira, entre 2002 e 2005".
Ainda de acordo com a nota da empresa, todas as operações com ACCs estão "devidamente contabilizadas nas demonstrações financeiras publicadas da companhia, que passam por auditoria externa, e são detalhadas em notas explicativas".
A Sadia refutou a hipótese da polícia de que os volumes de ACCs seriam incompatíveis com suas exportações.
"Sobre o fato de a Sadia ter feito em apenas um dia US$ 60 milhões em operações de ACC, não há nada de atípico, dado ao volume enorme de exportações da companhia -que, no mesmo período, chegou a ultrapassar US$ 300 milhões em um mês", diz a nota.
Segundo a nota, a descriminação dos produtos a serem exportados e o destino da exportação são feitos durante o embarque da mercadoria, e não na emissão das ACCs.


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