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CRISE NO AR
Viegas diz querer saber "o que empresa quer da vida'; companhia pode ficar sem combustível a partir de amanhã
Governo dá ultimato à Varig sobre fusão
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, José Viegas, deu um ultimato ontem à Varig: a empresa tem até hoje para
apresentar um projeto viável de
fusão com a TAM, sob o risco de
receber represálias.
"O governo tem a expectativa de
que a Varig defina sua situação até
amanhã [hoje] e deixe claro para
o governo o que quer da vida",
disse Viegas, depois de quase
duas horas de reunião com o novo presidente da Fundação Ruben Berta, Gilberto Rigoni.
Conforme a Folha apurou em
outras instâncias de poder, o
principal instrumento de pressão
do governo para estimular a fusão
é a possibilidade de cortar a distribuição de querosene de aviação
para as aeronaves da empresa
amanhã, em pleno feriado de Semana Santa.
Rigoni admitiu que a empresa
está sendo pressionada e citou a
necessidade de pagar R$ 5 milhões diários de combustível para
a BR Distribuidora. "Qual é a empresa neste país que paga isso todo dia? Será que não está havendo
excesso de rigor?", reclamou em
entrevista coletiva.
Ele também citou US$ 18 milhões em garantias para dívidas
não-vencidas que a Varig tem que
manter no Banco do Brasil. "Será
que isso é justo?"
A resposta da Varig ao governo
deverá ser decidida hoje. "Eu estarei aqui, sentado, esperando", disse Viegas.
Ele criticou "a confusão, com
várias pessoas da Varig pensando
e dizendo coisas diferentes", e
condicionou qualquer apoio
-"não ajuda", frisou- a um
projeto de "aprimoramento da
gestão". Disse, ainda, que o
BNDES faz parte do grupo que estuda a situação", mas ressalvou:
"O governo não vai dar dinheiro a
fundo perdido".
Sobre a necessidade de um empréstimo do BNDES à Varig, Rigoni disse que essa é uma "tentativa". "Estamos examinando "n"
possibilidades."
"Se a Varig preferir ficar sozinha, ela ficará sozinha", avisou
Viegas, que convocou a reunião
após saber das declarações de Rigoni contrárias à fusão.
Viegas também elogiou a posição da outra companhia envolvida: "A TAM não está criando problema. Todas as notícias, informações e contatos que nós temos
tido confirmam que a TAM está
decidida a manter a participação
na fusão". "A fusão é o único caminho apontado no campo real",
disse. Segundo ele, Rigoni não
apresentou alternativas.
Rigoni disse que não ficou nada
decidido sobre a fusão e explicou
que o prazo para que a operação
seja analisada termina em junho.
Gol
Viegas também respondeu à
Gol, que acusou o DAC (Departamento de Aviação Civil) de cassar
a autorização de vôo da empresa
de Congonhas (SP) para Londrina (PR): "O DAC não cassou nada, porque a autorização nunca
fora dada".
"A aviação civil está saturada. O
DAC não vai dar autorização para
novas linhas, a não ser que seja
absolutamente necessário", disse.
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