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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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CRISE NO AR

Viegas diz querer saber "o que empresa quer da vida'; companhia pode ficar sem combustível a partir de amanhã

Governo dá ultimato à Varig sobre fusão

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, José Viegas, deu um ultimato ontem à Varig: a empresa tem até hoje para apresentar um projeto viável de fusão com a TAM, sob o risco de receber represálias.
"O governo tem a expectativa de que a Varig defina sua situação até amanhã [hoje] e deixe claro para o governo o que quer da vida", disse Viegas, depois de quase duas horas de reunião com o novo presidente da Fundação Ruben Berta, Gilberto Rigoni.
Conforme a Folha apurou em outras instâncias de poder, o principal instrumento de pressão do governo para estimular a fusão é a possibilidade de cortar a distribuição de querosene de aviação para as aeronaves da empresa amanhã, em pleno feriado de Semana Santa.
Rigoni admitiu que a empresa está sendo pressionada e citou a necessidade de pagar R$ 5 milhões diários de combustível para a BR Distribuidora. "Qual é a empresa neste país que paga isso todo dia? Será que não está havendo excesso de rigor?", reclamou em entrevista coletiva.
Ele também citou US$ 18 milhões em garantias para dívidas não-vencidas que a Varig tem que manter no Banco do Brasil. "Será que isso é justo?"
A resposta da Varig ao governo deverá ser decidida hoje. "Eu estarei aqui, sentado, esperando", disse Viegas.
Ele criticou "a confusão, com várias pessoas da Varig pensando e dizendo coisas diferentes", e condicionou qualquer apoio -"não ajuda", frisou- a um projeto de "aprimoramento da gestão". Disse, ainda, que o BNDES faz parte do grupo que estuda a situação", mas ressalvou: "O governo não vai dar dinheiro a fundo perdido".
Sobre a necessidade de um empréstimo do BNDES à Varig, Rigoni disse que essa é uma "tentativa". "Estamos examinando "n" possibilidades."
"Se a Varig preferir ficar sozinha, ela ficará sozinha", avisou Viegas, que convocou a reunião após saber das declarações de Rigoni contrárias à fusão.
Viegas também elogiou a posição da outra companhia envolvida: "A TAM não está criando problema. Todas as notícias, informações e contatos que nós temos tido confirmam que a TAM está decidida a manter a participação na fusão". "A fusão é o único caminho apontado no campo real", disse. Segundo ele, Rigoni não apresentou alternativas.
Rigoni disse que não ficou nada decidido sobre a fusão e explicou que o prazo para que a operação seja analisada termina em junho.

Gol
Viegas também respondeu à Gol, que acusou o DAC (Departamento de Aviação Civil) de cassar a autorização de vôo da empresa de Congonhas (SP) para Londrina (PR): "O DAC não cassou nada, porque a autorização nunca fora dada".
"A aviação civil está saturada. O DAC não vai dar autorização para novas linhas, a não ser que seja absolutamente necessário", disse.


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