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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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CÂMBIO

De janeiro de 1970 até março deste ano, taxa média real da moeda oscilou entre R$ 2,80 e R$ 3,15, segundo consultoria

Dólar está no patamar histórico, diz estudo


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os exportadores e investidores estrangeiros que aplicam em ativos financeiros no Brasil podem espernear, mas o dólar na sua marcha atual -chegou ontem a R$ 3,095- está apenas buscando seu patamar histórico.
Nos últimos 32 anos, a taxa média real do câmbio oscilou entre R$ 2,80 e R$ 3,15, em valores do final de março deste ano, segundo estudo da ABM Consulting.
O estudo foi feito com base nas cotações do último dia de cada mês, desde janeiro de 1970 até março deste ano. Pelos cálculos da consultoria, a taxa média real (descontada as inflações brasileira e norte-americana) do câmbio livre é de R$ 3,15.
Essa taxa considera o comportamento da moeda em momentos de crise e de bonança, mas exclui o período em que o real esteve artificialmente sobrevalorizado (junho de 1994 a janeiro de 1999).
Nessa etapa do Plano Real, o governo fixava a taxa de câmbio mantendo a paridade com o dólar. Se esse período for incluído no cálculo, a taxa média real histórica cai para R$ 2,97.
Não há, portanto, nenhuma heresia no comportamento atual do câmbio. Segundo Alan Marinovic, autor do estudo, o piso da cotação hoje pode até chegar a menos de R$ 3, que continuará dentro dos padrões históricos. "Em condições normais de temperatura e pressão -sem crises externas ou internas- a taxa média real ficou em R$ 2,80", diz ele.
Nos 32 anos analisados, o dólar sofreu com a crise do petróleo (1979), com as moratórias das dívidas externas do México e do Brasil e com os sucessivos déficits comerciais (anos 80 e parte dos 90). "Dólar é um produto e seu preço é definido pela oferta e demanda", diz Marinovic. A principal fonte de oferta de dólar são as exportações do país, seguida dos investimentos estrangeiros.
Em 1979, por exemplo, a crise do petróleo -do qual o país dependia de importação- corroeu todo o resultado da balança comercial (saldo entre exportações e importações). Naquele ano, o dólar começou cotado a R$ 2,69 e terminou dezembro a R$ 3,45.
Em 1980, o dólar recuou, fechando o ano em R$ 2,84. "Depois de uma crise, ele tende a voltar à sua média histórica", diz o analista. Mas dois anos depois veio a moratória do México, e o câmbio ficou pressionado, pois o Brasil passou a ser visto como o próximo do tabuleiro a tombar sob o peso da dívida externa.
Nesse período, a cotação média do dólar chegou a R$ 4,24. No ano passado, com o quadro de indefinição trazido pelas eleições, bateu em R$ 4,65.


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