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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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VAREJO

Setores mais concentrados e líderes ganharam

No "cabo-de-guerra" pelos preços, indústrias perdem mais que lojas

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A recente disparada nos preços, que resultou na atual queda-de-braço entre indústria e varejo, levou a rentabilidade das empresas a zero. Ou seja, ao subtrair da receita todos os custos, nada sobrou. Foram as indústrias, principalmente de setores menos concentrados, que sentiram o tombo. O varejo foi o menos abatido.
A informação faz parte do cruzamento de dados do balanço de empresas -fornecedoras de alimentos e eletrônicos- com os resultados finais de supermercados e hipermercados em 2002.
Perdigão, Sadia, Seara Alimentos e Multibras (dona da Brastemp e Consul) tiveram perdas na margem bruta. No caso da Perdigão, por exemplo, a margem líquida (descontados os impostos) ficou em 0,3% no ano passado. Apenas Gradiente e Itautec, também fornecedoras de produtos, foram mais rentáveis no período.
Outro indicador confirma essa informação: as variações da chamada margem Ebitda. Ela é resultado do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, usada cada vez mais pelo mercado para medir o retorno das companhias com vendas.
Seara, Perdigão e Sadia tiveram perda no Ebitda em relação a 2001. Só Itautec/Philco e AmBev - dona de 70% do mercado de cervejas- registraram elevação.
No lado do varejo, o grupo Pão de Açúcar, única rede de supermercados que publica balanço, registrou estabilidade na margem bruta em 2002 sobre 2001.
A margem Ebitda da rede subiu (de 8% para 8,4%). Razão apontada pela empresa: melhores negociações de preços, prevenção de perdas e menores despesas.
Os dados não podem ser comparados, porém, aos de empresas que são donas de determinados mercados. Companhias como Unilever e Nestlé, líderes de mercado, não publicam balanços. Elas têm elevado poder de barganha e, portanto, maior facilidade para determinar preços e manter as margens, na avaliação dos consultores de varejo.
Ao comparar os resultados das lojas com esses fornecedores, portanto, os supermercados -principalmente aqueles de menor porte- podem ter tido um desempenho pior.
Desde o segundo semestre do ano passado, indústria e lojas arrastam uma das mais longas quedas-de-braço dos últimos anos.
O pano de fundo é a forte variação cambial, que encareceu as mercadorias com insumos importados em 2002. Nessas negociações, ambos os lados afirmavam estar perdendo margens.
Agora, o que os novos dados mostram é que todos perderam, mas o tropeço da indústria, em alguns casos, foi maior.
"Os preços de venda não refletiram o aumento nos custos que tivemos com matéria-prima", informa o balanço da Perdigão.
As lojas rebatem. Dizem que mantiveram margens não porque repassaram o aumento do dólar -empurrado pelo fabricante ao consumidor-, mas porque cortaram despesas.


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