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VAREJO
Setores mais concentrados e líderes ganharam
No "cabo-de-guerra" pelos preços, indústrias perdem mais que lojas
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente disparada nos preços,
que resultou na atual queda-de-braço entre indústria e varejo, levou a rentabilidade das empresas
a zero. Ou seja, ao subtrair da receita todos os custos, nada sobrou. Foram as indústrias, principalmente de setores menos concentrados, que sentiram o tombo.
O varejo foi o menos abatido.
A informação faz parte do cruzamento de dados do balanço de
empresas -fornecedoras de alimentos e eletrônicos- com os
resultados finais de supermercados e hipermercados em 2002.
Perdigão, Sadia, Seara Alimentos e Multibras (dona da Brastemp e Consul) tiveram perdas na
margem bruta. No caso da Perdigão, por exemplo, a margem líquida (descontados os impostos)
ficou em 0,3% no ano passado.
Apenas Gradiente e Itautec, também fornecedoras de produtos,
foram mais rentáveis no período.
Outro indicador confirma essa
informação: as variações da chamada margem Ebitda. Ela é resultado do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, usada cada vez mais pelo
mercado para medir o retorno
das companhias com vendas.
Seara, Perdigão e Sadia tiveram
perda no Ebitda em relação a
2001. Só Itautec/Philco e AmBev
- dona de 70% do mercado de
cervejas- registraram elevação.
No lado do varejo, o grupo Pão
de Açúcar, única rede de supermercados que publica balanço,
registrou estabilidade na margem
bruta em 2002 sobre 2001.
A margem Ebitda da rede subiu
(de 8% para 8,4%). Razão apontada pela empresa: melhores negociações de preços, prevenção de
perdas e menores despesas.
Os dados não podem ser comparados, porém, aos de empresas
que são donas de determinados
mercados. Companhias como
Unilever e Nestlé, líderes de mercado, não publicam balanços.
Elas têm elevado poder de barganha e, portanto, maior facilidade
para determinar preços e manter
as margens, na avaliação dos consultores de varejo.
Ao comparar os resultados das
lojas com esses fornecedores, portanto, os supermercados -principalmente aqueles de menor
porte- podem ter tido um desempenho pior.
Desde o segundo semestre do
ano passado, indústria e lojas arrastam uma das mais longas quedas-de-braço dos últimos anos.
O pano de fundo é a forte variação cambial, que encareceu as
mercadorias com insumos importados em 2002. Nessas negociações, ambos os lados afirmavam estar perdendo margens.
Agora, o que os novos dados
mostram é que todos perderam,
mas o tropeço da indústria, em alguns casos, foi maior.
"Os preços de venda não refletiram o aumento nos custos que tivemos com matéria-prima", informa o balanço da Perdigão.
As lojas rebatem. Dizem que
mantiveram margens não porque
repassaram o aumento do dólar
-empurrado pelo fabricante ao
consumidor-, mas porque cortaram despesas.
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