São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Mercado eleva previsão de crescimento para o ano

Barbosa, da Febraban, diz que expansão é generalizada; ABN prevê PIB de 4,5%

Executivo vê efeito positivo de mudanças recentes na economia; analistas vêem variação de 4% para o PIB, mostra pesquisa do BC

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e do Banco ABN Amro Real, Fábio Barbosa, diz que os sucessivos recordes de alta da Bolsa e de queda do risco-país e melhora de indicadores como crédito e renda são sinais de que o país cresce hoje num ritmo muito mais acelerado do que se imaginava.
O ABN Amro acaba de rever a previsão de crescimento deste ano para 4,5%. Já a pesquisa do Banco Central com cem instituições financeiras prevê PIB de 4%, contra estimativa de 3,5% há quatro semanas.
Barbosa avalia que o crescimento é generalizado. "Todos os clientes estão se reposicionando para crescer mais do que previam no início do ano", diz ele. "O momento é bastante favorável para a economia."
Dados coletados pelo economista José Márcio Camargo, sócio da consultoria Tendências e professor da PUC-RJ, reforçam o otimismo. O crédito cresce a uma taxa de 21% ao ano; a massa salarial, a 7,3% anuais; o salário real, 4,5% ao ano; as vendas no comércio, 6,5%. Já o emprego cresceu 2,3% no primeiro bimestre.
Para Camargo, essa expansão no início do ano sofre grande influência do aumento da demanda, como mostram os dados de crédito e renda salarial.
O mais importante, para Camargo, é que esse crescimento da demanda não tem gerado pressões inflacionárias em razão da substancial alta da oferta gerada tanto pelo aumento das importações, favorecidas pelo real forte, como dos investimentos, que crescem a um ritmo de 8% ao ano.
"É essa combinação benéfica de aumento tanto da demanda quanto da oferta que tem permitido ao Banco Central seguir baixando os juros sem temor de provocar efeito inflacionário."
O economista aponta ainda outra razão. Nos últimos 15 anos, foram feitas diversas reformas que estão fazendo efeito agora, gerando maior produtividade em diversos setores da economia. Entre elas, citou privatização, Lei de Falências, mudanças nas regras imobiliárias, crédito consignado e reforma parcial da Previdência.
Camargo diz que, se o governo avançar ainda mais na área das concessões do setor de infra-estrutura, o país poderá crescer a taxas ainda maiores a partir do ano que vem.
Para Fábio Barbosa, da Febraban, diante desse cenário favorável, a tendência é a de o câmbio se valorizar ainda mais, podendo cai abaixo de R$ 2 diante do dólar.
Diante disso, Barbosa acha que a única saída, para evitar problemas maiores principalmente para a indústria, é o governo promover algumas vantagens fiscais para tornar as empresas mais competitivas.
E esse cenário de aquecimento da atividade econômica deve reforçar a tendência conservadora do BC de manter o ritmo lento na redução da taxa de juros, segundo o economista Roberto Padovani, do banco WestLB.
"O fato é que o Brasil está crescendo acima do PIB potencial, que deve estar na faixa de 3,5% ao ano", diz Padovani. PIB potencial é o cálculo de quanto a economia pode crescer sem gerar pressão inflacionária.


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