|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mercado eleva previsão de crescimento para o ano
Barbosa, da Febraban, diz que expansão é generalizada; ABN prevê PIB de 4,5%
Executivo vê efeito positivo
de mudanças recentes na
economia; analistas vêem
variação de 4% para o PIB,
mostra pesquisa do BC
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente da Febraban
(Federação Brasileira de Bancos) e do Banco ABN Amro
Real, Fábio Barbosa, diz que os
sucessivos recordes de alta da
Bolsa e de queda do risco-país e
melhora de indicadores como
crédito e renda são sinais de
que o país cresce hoje num ritmo muito mais acelerado do
que se imaginava.
O ABN Amro acaba de rever a
previsão de crescimento deste
ano para 4,5%. Já a pesquisa do
Banco Central com cem instituições financeiras prevê PIB
de 4%, contra estimativa de
3,5% há quatro semanas.
Barbosa avalia que o crescimento é generalizado. "Todos
os clientes estão se reposicionando para crescer mais do que
previam no início do ano", diz
ele. "O momento é bastante favorável para a economia."
Dados coletados pelo economista José Márcio Camargo,
sócio da consultoria Tendências e professor da PUC-RJ, reforçam o otimismo. O crédito
cresce a uma taxa de 21% ao
ano; a massa salarial, a 7,3%
anuais; o salário real, 4,5% ao
ano; as vendas no comércio,
6,5%. Já o emprego cresceu
2,3% no primeiro bimestre.
Para Camargo, essa expansão
no início do ano sofre grande
influência do aumento da demanda, como mostram os dados de crédito e renda salarial.
O mais importante, para Camargo, é que esse crescimento
da demanda não tem gerado
pressões inflacionárias em razão da substancial alta da oferta
gerada tanto pelo aumento das
importações, favorecidas pelo
real forte, como dos investimentos, que crescem a um ritmo de 8% ao ano.
"É essa combinação benéfica
de aumento tanto da demanda
quanto da oferta que tem permitido ao Banco Central seguir
baixando os juros sem temor de
provocar efeito inflacionário."
O economista aponta ainda
outra razão. Nos últimos 15
anos, foram feitas diversas reformas que estão fazendo efeito agora, gerando maior produtividade em diversos setores da
economia. Entre elas, citou privatização, Lei de Falências,
mudanças nas regras imobiliárias, crédito consignado e reforma parcial da Previdência.
Camargo diz que, se o governo avançar ainda mais na área
das concessões do setor de infra-estrutura, o país poderá
crescer a taxas ainda maiores a
partir do ano que vem.
Para Fábio Barbosa, da Febraban, diante desse cenário favorável, a tendência é a de o
câmbio se valorizar ainda mais,
podendo cai abaixo de R$ 2
diante do dólar.
Diante disso, Barbosa acha
que a única saída, para evitar
problemas maiores principalmente para a indústria, é o governo promover algumas vantagens fiscais para tornar as
empresas mais competitivas.
E esse cenário de aquecimento da atividade econômica
deve reforçar a tendência conservadora do BC de manter o
ritmo lento na redução da taxa
de juros, segundo o economista
Roberto Padovani, do banco
WestLB.
"O fato é que o Brasil está
crescendo acima do PIB potencial, que deve estar na faixa de
3,5% ao ano", diz Padovani. PIB
potencial é o cálculo de quanto
a economia pode crescer sem
gerar pressão inflacionária.
Texto Anterior: Benjamin Steinbruch: Marketing de fora pra dentro Próximo Texto: Frase Índice
|