São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Argentina enfrenta falta de produtos

Há problema de abastecimento em 30% dos itens com preços congelados

Carne, lácteos, biscoitos e material de limpeza estão na lista dos produtos que os argentinos têm dificuldade para encontrar nas lojas

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Dos cerca de 250 produtos congelados pelos chamados "acordos de preço" do governo argentino, 30% estão em falta ou têm problemas de abastecimento nos supermercados do país, segundo estudo do CEC (Centro de Educação ao Consumidor). Entre artigos da cesta básica, a escassez atinge 15%.
A lista de produtos inclui carne, lácteos, biscoitos, enlatados e materiais de limpeza. Nos últimos 15 dias, frango, frutas e verduras subiram até 40%, diz a entidade, em razão da demanda pela substituição dos produtos em falta. O problema foi agravado pelas chuvas, que prejudicaram o transporte do leite.
Supermercados da cidade exibem cartazes pedindo desculpas pela falta de alguns cortes de carne. No caso de outros produtos, faltam sobretudo as marcas mais populares -em geral, é possível encontrar as mais caras, o que deixa o consumidor sem alternativas.
O desaparecimento de produtos das prateleiras, segundo o CEC, começou timidamente em março e, agora, tornou-se problema "sério e preocupante". O mesmo alerta foi feito por uma entidade que reúne os supermercados chineses de Buenos Aires -em sua maioria pequenas empresas.
Em pleno ano eleitoral, a política de controle de preços do presidente Néstor Kirchner -que ainda não disse se concorrerá à reeleição em outubro- começa a dar sinais mais claros da fragilidade anunciada pelos economistas. A escassez foi prevista pelos especialistas, que citam experiências malsucedidas dos anos 70 e 80 para condenar tentativas estatais de fixar artificialmente os preços.
Além de firmar acordos com setores produtivos e com grandes varejistas para congelar o preço de produtos específicos -sobretudo os que têm impacto direto no cálculo do IPC (Índice de Preços ao Consumidor)-, o governo divulga listas de "preços sugeridos" para o consumidor ajudar a fiscalizar.
"Por algum tempo, os acordos tiveram rentabilidade para se manter. Mas a inflação corroeu essa rentabilidade, e, hoje, os empresários se recusam a isso", disse à Folha a presidente do CEC, Susana Andrada.
Segundo ela, a carne nos açougues tem preço até 20% mais alto que o fixado. "Os supermercados, como fizeram o acordo com o governo, têm a espada na cabeça, não podem aumentar."
Alberto Williams, vice-presidente da associação dos açougues, confirma: "Não conseguimos a carne ao preço sugerido, e repassamos isso ao cliente".
O governo e as associações de supermercados e de pecuaristas não se pronunciaram.


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