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Argentina enfrenta falta de produtos
Há problema de abastecimento em 30% dos itens com preços congelados
Carne, lácteos, biscoitos e
material de limpeza estão
na lista dos produtos que os
argentinos têm dificuldade
para encontrar nas lojas
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Dos cerca de 250 produtos
congelados pelos chamados
"acordos de preço" do governo
argentino, 30% estão em falta
ou têm problemas de abastecimento nos supermercados do
país, segundo estudo do CEC
(Centro de Educação ao Consumidor). Entre artigos da cesta básica, a escassez atinge 15%.
A lista de produtos inclui carne, lácteos, biscoitos, enlatados
e materiais de limpeza. Nos últimos 15 dias, frango, frutas e
verduras subiram até 40%, diz
a entidade, em razão da demanda pela substituição dos produtos em falta. O problema foi
agravado pelas chuvas, que prejudicaram o transporte do leite.
Supermercados da cidade
exibem cartazes pedindo desculpas pela falta de alguns cortes de carne. No caso de outros
produtos, faltam sobretudo as
marcas mais populares -em
geral, é possível encontrar as
mais caras, o que deixa o consumidor sem alternativas.
O desaparecimento de produtos das prateleiras, segundo
o CEC, começou timidamente
em março e, agora, tornou-se
problema "sério e preocupante". O mesmo alerta foi feito
por uma entidade que reúne os
supermercados chineses de
Buenos Aires -em sua maioria
pequenas empresas.
Em pleno ano eleitoral, a política de controle de preços do
presidente Néstor Kirchner
-que ainda não disse se concorrerá à reeleição em outubro- começa a dar sinais mais
claros da fragilidade anunciada
pelos economistas. A escassez
foi prevista pelos especialistas,
que citam experiências malsucedidas dos anos 70 e 80 para
condenar tentativas estatais de
fixar artificialmente os preços.
Além de firmar acordos com
setores produtivos e com grandes varejistas para congelar o
preço de produtos específicos
-sobretudo os que têm impacto direto no cálculo do IPC (Índice de Preços ao Consumidor)-, o governo divulga listas
de "preços sugeridos" para o
consumidor ajudar a fiscalizar.
"Por algum tempo, os acordos tiveram rentabilidade para
se manter. Mas a inflação corroeu essa rentabilidade, e, hoje,
os empresários se recusam a isso", disse à Folha a presidente
do CEC, Susana Andrada.
Segundo ela, a carne nos
açougues tem preço até 20%
mais alto que o fixado. "Os supermercados, como fizeram o
acordo com o governo, têm a
espada na cabeça, não podem
aumentar."
Alberto Williams, vice-presidente da associação dos açougues, confirma: "Não conseguimos a carne ao preço sugerido,
e repassamos isso ao cliente".
O governo e as associações
de supermercados e de pecuaristas não se pronunciaram.
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