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Empresários elevam o tom contra o aumento dos juros
Para Fiesp, decisão é "ação preventiva" do BC para prejudicar desempenho da economia
Presidente da CNI afirma
que elevação na taxa pode
comprometer crescimento;
CUT, Força e congressistas
também atacam decisão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, anunciado ontem pelo Copom (Comitê
de Política Monetária), foi recebido com pesadas críticas por
lideranças empresariais e sindicalistas.
Em nota, a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo) qualificou a alta como
um "flagrante de mais uma
ação preventiva da autoridade
monetária para impedir o desempenho do atleta da economia brasileira no ranking mundial do crescimento". E usou a
imagem do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima sendo
agarrado por um ex-padre irlandês na Olimpíada de 2004.
O presidente da Fiesp, Paulo
Skaf, criticou o aperto monetário, ao dizer que "demanda gera
investimento, que gera produção, que gera crescimento. Este
é o circulo virtuoso que desejamos para o Brasil".
Em entrevista concedida à
rádio da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), o presidente da entidade, Armando
Monteiro Neto, segue pela
mesma linha e diz que a alta dos
juros pode "comprometer o ciclo de crescimento da economia brasileira".
O presidente da Fecomercio
(Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Abram
Szajman, disse que, "se estivermos diante de um ciclo de longo aperto monetário, o Brasil
estará condenado ao eterno
vôo da galinha".
Já a Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) afirmou que a
decisão do Copom "só pode ser
reprovada".
"É bastante provável que a
elevação atual dos juros crie
restrição à demanda por outros
bens que não aqueles que são os
verdadeiros responsáveis pelos
atuais repiques de inflação",
disse o presidente da entidade,
Paulo Godoy.
A CUT (Central Única dos
Trabalhadores) qualificou como "lamentável" a decisão do
Copom e acusou o órgão de
querer "especulação". Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que
o Banco Central "tem alergia à
palavra crescimento".
Segundo Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Monetária
da Fazenda, se a decisão do Copom fizer parte de um endurecimento mais duradouro na política monetária, poderá haver
desaceleração significativa no
ritmo de investimentos. "O que
está em jogo agora é um bom
momento para investir, como
poucas vezes tivemos", diz. "Se
[o BC] acenar agora para um
endurecimento como aquele
que ocorreu em 2004, os investimentos vão capotar."
Repercussão política
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também criticou
ontem a decisão do BC, afirmando que ela "supera as mais
pessimistas das expectativas" e
pode desacelerar os programas
de investimento das empresas.
Além disso, disse o senador, a
decisão do BC pode representar grande prejuízo para o país,
já que tende a deteriorar as
contas externas.
Na Câmara, deputados da base e da oposição criticaram a alta dos juros. "O aumento não
foi uma surpresa, pois revela
que o governo não está fazendo
direito a sua lição de casa. O governo gasta muito", disse o líder José Aníbal (PSDB-SP).
Colaborou a Sucursal de Brasília
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