São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários elevam o tom contra o aumento dos juros

Para Fiesp, decisão é "ação preventiva" do BC para prejudicar desempenho da economia

Presidente da CNI afirma que elevação na taxa pode comprometer crescimento; CUT, Força e congressistas também atacam decisão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, anunciado ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária), foi recebido com pesadas críticas por lideranças empresariais e sindicalistas.
Em nota, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) qualificou a alta como um "flagrante de mais uma ação preventiva da autoridade monetária para impedir o desempenho do atleta da economia brasileira no ranking mundial do crescimento". E usou a imagem do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima sendo agarrado por um ex-padre irlandês na Olimpíada de 2004.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, criticou o aperto monetário, ao dizer que "demanda gera investimento, que gera produção, que gera crescimento. Este é o circulo virtuoso que desejamos para o Brasil".
Em entrevista concedida à rádio da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, segue pela mesma linha e diz que a alta dos juros pode "comprometer o ciclo de crescimento da economia brasileira".
O presidente da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Abram Szajman, disse que, "se estivermos diante de um ciclo de longo aperto monetário, o Brasil estará condenado ao eterno vôo da galinha".
Já a Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) afirmou que a decisão do Copom "só pode ser reprovada".
"É bastante provável que a elevação atual dos juros crie restrição à demanda por outros bens que não aqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos atuais repiques de inflação", disse o presidente da entidade, Paulo Godoy.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) qualificou como "lamentável" a decisão do Copom e acusou o órgão de querer "especulação". Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que o Banco Central "tem alergia à palavra crescimento".
Segundo Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Monetária da Fazenda, se a decisão do Copom fizer parte de um endurecimento mais duradouro na política monetária, poderá haver desaceleração significativa no ritmo de investimentos. "O que está em jogo agora é um bom momento para investir, como poucas vezes tivemos", diz. "Se [o BC] acenar agora para um endurecimento como aquele que ocorreu em 2004, os investimentos vão capotar."

Repercussão política
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também criticou ontem a decisão do BC, afirmando que ela "supera as mais pessimistas das expectativas" e pode desacelerar os programas de investimento das empresas. Além disso, disse o senador, a decisão do BC pode representar grande prejuízo para o país, já que tende a deteriorar as contas externas.
Na Câmara, deputados da base e da oposição criticaram a alta dos juros. "O aumento não foi uma surpresa, pois revela que o governo não está fazendo direito a sua lição de casa. O governo gasta muito", disse o líder José Aníbal (PSDB-SP).


Colaborou a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Um novo ciclo de aumento de juros?
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.