São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Outros países já elevaram juros contra inflação de demanda

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil não é o único país no mundo a elevar a taxa de juros por medo de pressões nos preços. Segundo levantamento feito pela Folha com base nos indicadores de 19 economias divulgados pelo banco JPMorgan, 12 subiram os juros desde o início do ano passado. Cinco delas reduziram a taxa -incluindo os EUA, centro da crise financeira- e duas não alteraram os juros no período.
Boa parte desses países que elevaram os juros, porém, enfrenta inflação de demanda que não se restringe a pressões por causa da alta mundial dos preços dos alimentos. Ao contrário do Brasil, alguns até já estouraram o teto fixado para a inflação do ano. É o caso da Colômbia e do Chile, que elevaram os juros em janeiro e fevereiro, respectivamente.
A expectativa do mercado é que a inflação colombiana feche 2008 em 5%, superando o teto de 4,5% fixado pelo governo. No Chile, espera-se que o índice de preço referência feche o ano em 4,7%, acima do teto de 4% da meta oficial.
Esse movimento, segundo especialistas, é fruto da aceleração dos cortes nos juros nos anos anteriores, que levou a um forte crescimento dessas economias. "Alguns países enfrentam problemas de demanda. Outros [como o Brasil] sofrem com a alta mundial dos alimentos, e isso não se combate com política monetária", diz Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria.
Segundo ele, a fórmula tradicional de elevar juros para tentar reduzir o consumo e segurar os preços não funciona nesse caso simplesmente porque "as pessoas não vão deixar de comer". "Quando se trata de demanda inelástica, é preciso buscar outras alternativas".
No caso brasileiro, os especialistas insistem em que a alta é pontual e a inflação já dá sinais que irá arrefecer. Com isso, uma alta dos juros, agora, teria muito mais custos do que benefícios. No entanto, economistas apostavam que a alta tornou-se inevitável depois da defesa enfática feita nas últimas semanas pelos diretores e pelo presidente do BC.


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