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Outros países já elevaram juros contra inflação de demanda
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil não é o único país no
mundo a elevar a taxa de juros
por medo de pressões nos preços. Segundo levantamento feito pela Folha com base nos indicadores de 19 economias divulgados pelo banco JPMorgan, 12 subiram os juros desde
o início do ano passado. Cinco
delas reduziram a taxa -incluindo os EUA, centro da crise
financeira- e duas não alteraram os juros no período.
Boa parte desses países que
elevaram os juros, porém, enfrenta inflação de demanda
que não se restringe a pressões
por causa da alta mundial dos
preços dos alimentos. Ao contrário do Brasil, alguns até já
estouraram o teto fixado para a
inflação do ano. É o caso da Colômbia e do Chile, que elevaram os juros em janeiro e fevereiro, respectivamente.
A expectativa do mercado é
que a inflação colombiana feche 2008 em 5%, superando o
teto de 4,5% fixado pelo governo. No Chile, espera-se que o
índice de preço referência feche o ano em 4,7%, acima do
teto de 4% da meta oficial.
Esse movimento, segundo
especialistas, é fruto da aceleração dos cortes nos juros nos
anos anteriores, que levou a
um forte crescimento dessas
economias. "Alguns países enfrentam problemas de demanda. Outros [como o Brasil] sofrem com a alta mundial dos
alimentos, e isso não se combate com política monetária", diz
Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria.
Segundo ele, a fórmula tradicional de elevar juros para tentar reduzir o consumo e segurar os preços não funciona nesse caso simplesmente porque
"as pessoas não vão deixar de
comer". "Quando se trata de
demanda inelástica, é preciso
buscar outras alternativas".
No caso brasileiro, os especialistas insistem em que a alta
é pontual e a inflação já dá sinais que irá arrefecer. Com isso, uma alta dos juros, agora,
teria muito mais custos do que
benefícios. No entanto, economistas apostavam que a alta
tornou-se inevitável depois da
defesa enfática feita nas últimas semanas pelos diretores e
pelo presidente do BC.
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