São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Inflação aumenta nos EUA, na zona do euro e na China

Altas nos preços da energia e dos alimentos são os principais fatores de pressão

Petróleo bateu novo recorde ontem e superou US$ 114; alta da inflação dificulta ação dos BCs em relação à ameaça de recessão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A alta nos preços dos alimentos e da energia -o petróleo bateu novo recorde ontem- continua pressionando a inflação nos Estados Unidos, na zona do euro e na China, segundo os índices de março divulgados por esses países.
Nos EUA, o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) subiu 0,3% em relação a fevereiro, com ajuste sazonal, puxado principalmente pelo custo da energia, que subiu 1,9% no mês passado, após cair 0,5% em fevereiro.
No trimestre, o aumento foi de 3,1%; em 2007, foi de 4,1%.
Ontem, o barril de petróleo superou US$ 114 em Nova York por causa de preocupações com o abastecimento mundial.
O anúncio da Agência Internacional de Energia, de que a produção da commodity na Rússia teria caído pela primeira vez na década, foi um dos principais motivos. Também contribuíram para a alta a paralisação de oleodutos no Oriente Médio e na Nigéria e o fechamento de terminais de exportação no golfo do México.
O petróleo fechou em US$ 114,93 o barril em Nova York, com alta de 1%. O tipo Brent teve a mesma alta e terminou custando US$ 112,66 o barril.
Apesar de continuar entre os principais fatores de pressão, a alta de 0,2% dos alimentos ficou abaixo da de fevereiro (0,4%), segundo o Departamento de Estatísticas dos EUA.
Após aumento de 4,9% no ano passado, os alimentos acumularam inflação de 5,3% no primeiro trimestre deste ano.
Em linha com as expectativas do mercado e em declínio (em janeiro a alta foi de 0,4%), o índice de inflação dos EUA pode permitir que as atenções se voltem a outro ponto de preocupação: a recessão.
O Fed (BC dos EUA), que vai se reunir no fim deste mês, busca uma maneira de estimular a economia em meio à crise sem acelerar a elevação dos preços.
No sentido contrário, vestuário, automóveis e computadores pessoais ajudaram a reduzir a alta. Os preços do vestuário caíram 1,3% em março, a maior queda desde setembro de 1998.
Na semana passada, os varejistas anunciaram as menores vendas em 13 anos. Economia fraca, temperaturas baixas e alta nos preços dos alimentos e da energia deixaram pouco espaço para compras no varejo.

Europa e China
Na Europa, os produtos do grupo energia também ajudaram a elevar os preços. A região teve inflação anualizada de 3,6% até março no geral e os itens de energia aumentaram 11,2%, segundo o escritório de estatística Eurostat.
Embora pouco acima dos 3,5% registrados em fevereiro, o aumento nos preços reduz as chances de o Banco Central Europeu cortar a taxa de juros da região. Na reunião deste mês, o BCE manteve os juros em 4% ao ano e disse estar mais preocupado com a inflação que com a possibilidade de recessão.
Na China, que teve queda no crescimento (de 11,7% para 10,6%) no primeiro trimestre e alta de 8% nos preços no período -que se mantiveram no maior nível em 11 anos-, o inimigo já está definido.
O Banco Popular da China (BC do país) elevou em 0,5 ponto percentual a reserva obrigatória dos bancos (para o recorde de 16%) como medida para conter a alta dos preços, retirando recursos da economia. É o 13º aumento seguido do compulsório desde março do ano passado e o terceiro neste ano.
O preço dos alimentos aumentou 21% e a inflação chinesa subiu 1,2% no primeiro trimestre, excluindo esses produtos, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas.
"O fato de eles agirem imediatamente hoje [ontem] em resposta aos dados corrobora rumores de quão forte a economia chinesa permanece", disse Glenn Maguire, economista do Société Générale.


Com agências internacionais


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