|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petróleo pode elevar saldo a US$ 70 bi
Se capacidade de megacampos for confirmada, setor terá peso muito maior no PIB, mas analistas descartam dependência
Área de petróleo responde por estimados 9% do
PIB e poderia chegar a até 15%, mas sem reduzir diversificação da economia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
As descobertas na camada
pré-sal levarão o país à condição de grande exportador de
petróleo e aumentarão o peso
do setor no PIB, mas, ainda assim, a economia brasileira se
manterá diversificada e não será fortemente dependente das
vendas externas do produto, dizem especialistas.
Se num horizonte de dez
anos o país conseguir exportar
2 bilhões de barris/dia de óleo,
obteria um saldo comercial total de US$ 70 bilhões (a preços
de hoje), estima Edmar Almeida, especialista do Grupo de
Economia da Energia da UFRJ.
A previsão do saldo da balança
comercial para este ano de explosão de importados é de cerca de US$ 30 bilhões.
A cifra, diz, é elevada, mas
não traria uma forte dependência. "A economia vai crescer como um todo, os outros setores
também vão se expandir. Não
imagino que o Brasil tenha um
grau de dependência como o da
Venezuela, por exemplo."
Segundo os dados mais recentes disponíveis da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), o setor petróleo como um
todo correspondia a 8,11% do
PIB em 2004. Tal número está
em torno de 9% atualmente,
diz Almeida. "O percentual vai
crescer, mas não chegará a 50%
do PIB. Não teremos um cenário como o dos países árabes.
Pode ficar em 15%, 20%, no máximo."
Para Álvaro Ribeiro, diretor
da petroleira portuguesa Partex, o país só terá benefícios
com a expansão da produção de
petróleo. Ele estima que até
2030 a produção de óleo chegará a 3 milhões de barris, o que
vai gerar um excedente a ser
exportado de 1 milhão de barris/dia -cifra que não projeta
ainda boa parte das descobertas realizadas na camada pré-sal. "O que é muito bom com o
atual cenário de preço", diz.
Ribeiro não acredita num arrefecimento rápido das cotações -que vêm batendo recordes, acima dos US$ 100 o barril,
pelo aumento da demanda e como refúgio da crise financeira.
Para Almeida, o país terá benefícios na área fiscal pelo aumento da arrecadação e reduzirá sua vulnerabilidade externa
se passar à condição de grande
exportador de petróleo.
O especialista acredita, porém, que existe uma probabilidade de o preço do petróleo
cair, embalado pelo menor
crescimento econômico mundial e pela passagem do período
mais tenso do conflito no Iraque. "A história mostra que os
preços não se sustentam altos
por tanto tempo."
Mesmo num cenário de queda de preço, Almeida não vê um
forte impacto para a economia
brasileira, que se manterá
aquecida graças ao dinamismo
de outros setores.
Segundo ele, existem novas
fronteiras exploratórias de petróleo no Brasil, no Canadá e na
África que devem sustentar o
aumento da produção mundial
de petróleo -premissa que
abre espaço para a redução das
cotações.
Em estudo, o BNDES avalia,
entretanto, que a produção de
petróleo está próxima do seu
pico -o que manterá os preços
do produto pressionados- e
recomenda o investimento em
outros combustíveis.
Considerando todas os elos
da cadeia, o peso do PIB do setor de petróleo passou de 5% no
período de 1998 a 2003 para
8,11% em 2004. Segundo o último dado disponível do IBGE, a
extração de petróleo e gás natural (parte apenas do PIB do setor) cresceu 11,7% em 2005 e se
recuperou da queda de 1,9% de
2004.
A expansão foi maior do que
a média do PIB industrial em
2005 -2,1%. Mas alguns setores também tiveram desempenho positivo, como minério de
ferro (12,5%), produtos farmacêuticos (12,6%) e equipamentos de informática. Esses ramos
compensaram quedas expressivas de outros segmentos, como eletrodomésticos (4,6%) e
vestuário (4,7%) no período.
Mais recentemente (em
2006 e 2007), porém, ramos
como as indústrias automotivas e de máquinas e equipamentos também tiveram altas
expressivas, segundo pesquisas
do IBGE.
Texto Anterior: Chineses cobram abertura maior de economias da América Latina Próximo Texto: Comissão da Câmara ouvirá diretor da ANP Índice
|