Deputados querem saber por que Haroldo Lima divulgou informação sobre a existência de possível megacampo em Santos

Comissão também deverá ouvir representantes da Petrobras e da Repsol, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados vai ouvir o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, sobre a divulgação, feita por ele, de um possível novo megacampo de exploração de petróleo na bacia de Santos (litoral paulista).
A informação foi passada ao público de um seminário do qual Lima participava, na segunda-feira, e causou forte oscilação na cotação das ações da Petrobras. Lima foi convidado pela comissão.
A comissão também deverá ouvir representantes da Petrobras e da Repsol, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Lima e os representantes das empresas falarão em audiência pública, provavelmente no próximo dia 30, e o ministro falará em outra data.
"Faltou, por parte do Haroldo Lima, dimensão do que representa a fala de um diretor de agência reguladora", disse o deputado Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG), presidente da comissão. "Uma coisa é um jornal ou uma revista falar, outra coisa é ele. O peso é diferente", afirmou Faria.

Mais detalhes
Ainda de acordo com o deputado, a Petrobras precisará dar mais detalhes sobre a descoberta. "Paira uma dúvida grande em relação à dimensão da descoberta. Parece que há supercampo, porque a Petrobras, até agora, não desmentiu. Queremos a verdade dos fatos", afirmou Faria.
Na terça-feira, ao comparecer ao Senado para participar de audiência pública sobre repartição dos royalties do petróleo, Lima já havia se defendido. Na ocasião, ele alegou não ter feito anúncio, mas apenas divulgado informações que já tinham sido publicadas, desde dezembro do ano passado, em revistas norte-americanas.

Carioca
Em seminário realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na segunda-feira, no Rio de Janeiro, Lima disse que uma das áreas que estão sendo exploradas pela Petrobras na bacia de Santos tem reservas de petróleo da ordem de 33 bilhões de barris.
A divulgação foi considerada precipitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Lima, o novo campo teria até cinco vezes mais petróleo do que o estimado para Tupi (de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo equivalente). Anunciado em novembro passado, Tupi é o maior campo já descoberto no país.
A estatal informou apenas que mais informações sobre o bloco exploratório BM-S-9 ("Carioca") só serão conhecidas após a conclusão das demais fases do processo de avaliação.
Na terça-feira, o diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, estimou em aproximadamente três meses o tempo necessário para que se obtenham informações mais precisas sobre o tamanho da reserva.


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