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ONS dispensa licitação de energia em SP
Medida tenta diminuir risco de colapso do sistema de transmissão no Estado; Serra pede "providências" ao Planalto
Obra emergencial vai reduzir tempo de instalação da nova infra-estrutura, mas tende a custar mais do que em uma concorrência
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ONS (Operador Nacional
do Sistema Elétrico) determinou que oito obras emergenciais para reforço do sistema de
transmissão de São Paulo recebam a autorização, ao invés de
serem licitadas. Apenas seis das
14 obras apontadas como prioritárias em São Paulo estão incluídas no leilão organizado pela Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) previsto para
acontecer dia 27 de junho. A
iniciativa reduz o tempo de instalação da infra-estrutura, mas
tende elevar o custo da obra.
"As [obras] que estão no leilão não serão tiradas. Isso daria
um ganho de dois ou três meses, mas não compensaria. As
demais obras receberão com
certeza a autorização para serem executadas. Aliás, o ONS já
recomendou que sejam autorizadas", afirma Hermes Chipp,
diretor-geral do ONS. Como
são obras para reforço da chamada rede básica, todos os consumidores brasileiros do Sistema Interligado Nacional (SIN)
pagarão a conta, não apenas o
consumidor paulista. "O custo
disso será diluído, não irá onerar apenas os consumidores de
São Paulo, mas todos os consumidores brasileiros que estão
no Sistema Interligado", explica Chipp.
Chipp admitiu que, durante o
tempo de construção dessas
obras, o ONS determinará medidas operacionais para reduzir
os riscos do sistema. Ele minimizou a gravidade da situação
da transmissão em São Paulo.
Afirmou que parte da "ênfase"
sobre a questão surgiu depois
dos três incêndios em subestações de transmissão e de distribuição ocorridos num intervalo de uma semana. Os casos levaram o governador José Serra
(PSDB) a enviar um ofício no
último dia 10 ao ministro de
Minas e Energia, Edison Lobão, pedindo "providências" no
sentido de agilizar as tais
"obras prioritárias" para reforço do sistema elétrico paulista.
O diretor-geral do ONS disse
que o problema em São Paulo
está em restabelecer o abastecimento em caso de eventos de
maior porte. Contingenciamentos simples podem ser absorvidos pelo sistema, a questão está em dar maior flexibilidade nos casos de eventos
maiores, como os três de semanas atrás.
"Sem dúvida que há necessidade de obras em São Paulo,
mas as obras que apontamos
como prioridade não eliminariam a interrupção de carga naqueles casos. Seriam de menor
porte, teriam menor conseqüência, mas não eliminariam
a interrupção do fornecimento
porque as contingências foram
múltiplas e não simples", diz.
O diretor do Departamento
de Infra-Estrutura da Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Deinfra/Fiesp), Saturnino Sérgio da Silva, disse
ontem que os problemas de
transmissão de energia no Estado são tão preocupantes
quanto os temores da falta de
geração de energia. "A indústria acompanha o problema e
tem defendido a posição de cobrança que o governo tem adotado", disse Silva.
A Fecomercio também criticou a falta de investimento em
geração e transmissão. Plínio
Nastari, membro do Comitê de
Energia da Fecomercio, afirmou que a federação já formulou documentos em que expõe
as preocupações acerca da confiabilidade do sistema elétrico.
"As perdas para o atacado e o
varejo com uma eventual falta
de energia serão muito maiores
do que o custo da própria energia. Avaliamos a situação e, para a Fecomercio, os riscos de
déficit de energia superam os
10% a partir de 2009", afirma.
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