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Agronegócio terá crédito subsidiado de R$ 12 bilhões
Bancos oficiais emprestarão a juros baixos para capital de giro e estocagem de álcool
Principais alvos serão os frigoríficos abalados pela crise e usinas de álcool que, com baixa nas exportações, sofrem no mercado interno
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O governo anunciou ontem a
liberação de R$ 12,3 bilhões em
empréstimos dos bancos oficiais para a agroindústria com
juros subsidiados. Trata-se de
mais uma tentativa de amenizar o problema da falta de crédito no mercado, reflexo do
agravamento da crise.
Apesar de estar disponível
para todo o setor agrícola, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a intenção é
atingir principalmente os frigoríficos, que têm enfrentado dificuldades com a crise. "Isso vai
beneficiar fundamentalmente
frigoríficos, mas também o setor de suinocultura, aves e carne bovina", afirmou.
A decisão foi tomada em reunião extraordinária do CMN
(Conselho Monetário Nacional), colegiado formado pelo
presidente do Banco Central e
pelos ministros da Fazenda e
do Planejamento.
Dos recursos anunciados pelo CMN, R$ 10 bilhões serão
destinados à agroindústria, incluindo fabricantes de máquinas agrícolas e cooperativas rurais. O prazo de pagamento será de dois anos, sendo que as
parcelas só começam a vencer a
partir do segundo ano, e os juros serão de 11,25% ao ano.
A taxa cobrada pelo BNDES é
inferior aos 12,75% ao ano do
custo de captação do banco oficial. A diferença, que geraria
perdas de aproximadamente
R$ 66 milhões, será coberta
com um subsídio do Tesouro.
Segundo Gilson Bittencourt,
secretário-adjunto de Política
Econômica do Ministério da
Fazenda, a ideia é que as empresas do setor tomem esses
empréstimos e os repassem a
seus fornecedores, que normalmente são menores. "A melhor
maneira de irrigar o mercado e
fazer a roda andar é por meio
do setor agroindustrial."
Bittencourt não descartou,
porém, a possibilidade de que
grandes empresas do setor
usem os recursos para compensar prejuízos que tenham tido
nos últimos meses com operações no mercado de derivativos, já que não há nenhuma regra que obrigue essas companhias a repassar parte do dinheiro a fornecedores.
Álcool
Além do novo programa de
capital de giro para o setor
agroindustrial, o CMN também
aprovou a liberação de R$ 2,3
bilhões para os produtores de
álcool. Nesse caso, R$ 1,3 bilhão
virá do BNDES, e R$ 1 bilhão,
do Banco do Brasil.
Os recursos serão suficientes
para financiar a estocagem de 5
bilhões de litro de álcool, algo
próximo de 10% da produção
anual registrada no país.
O objetivo é estimular a estocagem durante os períodos em
que a oferta de álcool esteja alta, e os preços, baixos. O produtor recebe o empréstimo para
adiar a venda do combustível
para os períodos de entressafra,
quando os preços sobem.
Desde 2004, o governo não
tem um programa oficial de estímulo à estocagem de álcool. A
medida deve tirar do mercado 5
bilhões de litros de etanol, avalia o presidente da Unica
(União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank.
O produto apresenta preços
deprimidos há dois anos, diz. A
situação gerou crise no setor
sucroalcooleiro, que adia projetos de novas usinas.
Após o "boom" do setor em
2006 e 2007, quando os EUA
lançaram um megaprograma
de etanol que previa inclusive a
ampliação das importações do
Brasil, a maré virou, as exportações não vieram e sobrou álcool
no mercado brasileiro.
Jank diz que o setor buscou
financiamento no setor privado para controlar estoques,
"mas a crise nos atrapalhou. As
linhas de crédito se fecharam."
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