São Paulo, sexta-feira, 17 de abril de 2009

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Fórum mundial vê risco de "apagão logístico" no Brasil

Estudo diz que país investe pouco em infraestrutura

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil está sob "iminente apagão logístico" e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -que concentra investimentos federais na área de infraestrutura- destina menos recursos do que os necessários para equacionar os gargalos do setor, afirma estudo da FDC (Fundação Dom Cabral) encomendado pelo Fórum Econômico Mundial.
De acordo com o estudo, tal fragilidade, aliada à "fraqueza institucional brasileira", deixa o país apenas na 64ª posição no ranking global de competitividade elaborado pelo fórum para o biênio 2007/2008. Em 2005/2006, o país estava na 59ª colocação.
O estudo identifica carência de recursos em ao menos três subsetores de infraestrutura: portos, estradas e distribuição e transmissão de energia elétrica. O caso mais grave é o dos portos, que demandam investimentos de R$ 15 bilhões até 2010, mas só têm assegurado R$ 5 bilhões.
Em rodovias, estão previstos R$ 14 bilhões, quando são necessários R$ 25 bilhões, de acordo com o estudo.
Para distribuição e transmissão de energia, o governo Lula reservou R$ 5,6 bilhões, mas a carência é de R$ 10 bilhões.
Diante de tais números, Paulo Resende, diretor da FDC e coautor do estudo, afirmou que o país está na "iminência de apagão logístico" já em 2010. O fato de o ano que vem ter eleições agrava a situação, porque a lei restringe investimentos nesses anos.
Para Claudia Costin, coautora do estudo da FDC e secretária de Educação municipal do Rio de Janeiro, outro gargalo para o avanço do Brasil é a ineficiência na gestão pública e o baixo nível da educação básica.
Já Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, disse que o Brasil pode aproveitar este momento de menor crescimento econômico para repensar seus investimentos.
"A crise foi a melhor coisa que aconteceu. O Brasil crescia de maneira atabalhoada e de modo que não era sustentado. É hora de parar e repensar o modelo", disse.

Painéis
No último dia do Fórum Econômico Mundial, realizado no hotel Intercontinental, na zona sul do Rio, houve sete mesas de debates, sobre temas como o futuro da segurança alimentar na América Latina, o destino das fontes de recursos naturais não renováveis e as novas fronteiras do desenvolvimento econômico, reunindo nomes como o empresário Luiz Fernando Furlan, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB).
Também foi realizado o painel "Mídia e Futuro da Democracia na América Latina", com a presença de Maria Cristina Frias -integrante do conselho de administração da Folha-, Cristiano Câmara -diretor de operações das Organizações Jaime Câmara, que edita o jornal "O Popular"-, Teodoro Petkoff -fundador do jornal venezuelano "Tal Cual"-, Tomás O'Farrell -diretor da rede social virtual Sonico- e Marcelo Franco -diretor da versão digital do jornal argentino "Clarín".
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), foi um dos palestrantes do encerramento do fórum, ao lado do presidente do Itaú para a América Latina, Ricardo Vilela, do presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do mediador Moisés Naim, editor-chefe da revista americana "Foreign Policy".


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