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Anatel veta cobrança de ponto extra de TV
Empresas do setor poderão, no entanto, tentar recuperar receita cobrando mais por outros serviços, como a instalação
Agência reguladora diz que vai fiscalizar "abusos'; para decisão entrar em vigor, ainda é preciso que liminar das empresas seja derrubada
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quase um ano de
discussões, e muitas idas e vindas, a Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) decidiu
proibir a cobrança de ponto extra na TV por assinatura. As
empresas poderão cobrar por
eventos específicos: instalação
e reparo. Essa cobrança poderá
ser parcelada, mas não poderá
ser contínua, como uma mensalidade. Não pode ser cobrada
instalação de quem já tem o
ponto extra.
A decisão vale a partir do momento em que for publicada no
"Diário Oficial" da União, mas
só terá efeitos práticos caso seja
derrubada liminar obtida pelas
operadoras de TV paga para
manter a cobrança. A agência
reguladora ainda vai informar a
Justiça da decisão tomada ontem. A expectativa da agência é
que, com a comunicação, a liminar deixe de vigorar.
De acordo com o presidente
da Anatel, Ronaldo Sardenberg, o órgão regulador estará
atento a possíveis tentativas
das operadoras de manter a cobrança por outros meios. Por
exemplo: a operadora poderia
iniciar a cobrança de aluguel do
"decoder" (aparelho que faz a
decodificação do sinal) para
substituir a perda de receita
com o pagamento mensal pelo
ponto extra. "Fiscalização existe para isso", disse Sardenberg.
Ele não quis fazer previsões
sobre o impacto do fim da cobrança pelo ponto extra no valor da mensalidade cobrada pelos pacotes de programação.
"Esse regime é privado e a Anatel não fixa preços. Em caso de
abusos, a agência vai interferir.
É uma estrutura competitiva."
Conforme avaliações da
agência reguladora, o custo para instalar um ponto extra varia
de R$ 350 a R$ 400. Isso não
significa, no entanto, que as
empresas fornecedoras do serviço tenham que cobrar esse
valor, porque ele não é arbitrado pela Anatel.
Polêmica
A Anatel começou a tentar
acabar com o ponto extra em
dezembro de 2007, quando colocou em consulta pública o novo regulamento para o serviço
de TV por assinatura. Em junho do ano passado, o regulamento entrou em vigor, estabelecendo o fim da cobrança.
As empresas operadoras de
TV paga recorreram à Justiça e
obtiveram liminar mantendo a
cobrança, que ainda está em vigor. Na ocasião, a Justiça entendeu que o texto da Anatel
era confuso e não deixava claro
quais serviços poderiam continuar a ser cobrados e quais não.
Depois da decisão judicial, a
própria Anatel suspendeu a
proibição e passou a trabalhar
em um novo texto, para esclarecer o que poderia e o que não
poderia ser cobrado. A partir
desse ponto, houve um racha
dentro da agência sobre o tema.
A decisão de ontem expôs essa
divergência: o fim da cobrança
foi aprovado por 3 a 2. Os votos
a favor foram dos conselheiros
Plínio de Aguiar, Pedro Jaime
Ziller (que já saiu da agência,
mas havia votado antes do fim
do seu mandato) e do próprio
Sardenberg.
Até se chegar a essa votação,
no entanto, o tema esteve previsto para ser votado em seis
outras ocasiões, mas foi sempre
retirado de pauta.
A notícia de que a Anatel
proibiria a cobrança do ponto
extra vazou durante a tarde para corretoras de ações. Na Bolsa, os papéis da Net lideraram
as perdas no pregão, com queda
de 6,42%. Sardenberg disse estar preocupado com a questão.
"Estou indignado. A corregedoria vai apurar. Estamos testando o regime de sessões abertas.
Não é uma decisão fácil", disse.
Procuradas ontem, Net,
TVA/Telefônica, Oi e a associação do setor (ABTA) não se manifestaram até o final da edição.
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