São Paulo, sexta-feira, 17 de abril de 2009

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China tem menor crescimento em 17 anos, mas comemora

Economia asiática avança 6,1% no 1º trimestre em relação ao mesmo período de 2008; governo afirma que resultado é "conquista" diante da recessão global

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O governo chinês comemorou com alívio o crescimento de 6,1% da economia entre janeiro e março deste ano em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.
Apesar de ser o pior número do PIB chinês desde 1992, quando o governo começou a medir o desempenho da economia por trimestres, está acima de muitas estimativas.
Economistas mais pessimistas preveem que o PIB chinês crescerá 5% em 2009, enquanto as autoridades chinesas prometeram chegar a 8%.
"Esse número foi de fato uma conquista, dada a recessão global", disse ontem o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Li Xiaochao.
A China continua a ser a única das dez maiores economias do mundo a ter crescimento considerável em 2009, mas os 6,1% têm gosto de recessão para o padrão chinês recente.
A economia chinesa se expandiu em 9% em 2008 e em 6,8% no quarto trimestre ante o mesmo período do ano anterior. Em 2007, crescera 13%.
"O segundo semestre será melhor, quando boa parte dos investimentos prometidos pelo governo estiver em curso", disse à Folha a economia Tao Wang, do banco UBS.
Parte dos números divulgados ontem, apesar de confirmarem a desaceleração, dá sinais de que o pior passou. Vários números de março são melhores que os de janeiro e fevereiro. A produção industrial cresceu 5,1% no primeiro trimestre -em março, havia subido 8,3%; em fevereiro, 3,8%.
O Índice de Preços ao Consumidor, uma das bases para o cálculo da inflação, caiu 1,2% em março. Ainda está em terreno deflacionário, pela queda na demanda, mas está acima da queda de 1,6% em fevereiro, a primeira deflação desde 2002.
As vendas do varejo subiram 15% no primeiro trimestre.
Dois números se destacam entre os positivos. O crescimento dos investimentos em ativos fixos no trimestre foi de 28,8%, quatro pontos acima da marca no primeiro trimestre de 2008. Os empréstimos bancários chegaram a 4,8 trilhões de yuans (R$ 1,7 trilhão) no primeiro trimestre, o equivalente a 93% de todos os empréstimos concedidos em 2008.
"Boa parte do pacote de estímulo do governo chinês tem a ver com crédito e com investimentos em infraestrutura, e ambos os setores já demonstram sinais de que o estímulo já começou", diz a economia Tao.
O governo chinês lançou um plano de estímulo de 4 trilhões de yuans (R$ 1,4 trilhão) em novembro, que prevê grandes investimentos em aeroportos, estradas e ferrovias e na reconstrução da Província de Sichuan, devastada em maio de 2008 por um terremoto.
Os investimentos em ferrovias triplicaram no trimestre, e os em minas e carvão subira 84% e 59,6%, respectivamente.

Exportação em crise
Longe dos setores resgatados pelo pacote de estímulo, ainda há números pessimistas para parte da economia chinesa. A queda das exportações no primeiro trimestre foi de 19,7%, ainda que o recuo em março, de 17,1%, seja menor que o de 25,7% em fevereiro.
A recessão atinge os três principais mercados da China, a União Europeia, os Estados Unidos e o Japão.
Os investimentos diretos estrangeiros ficaram em US$ 21,8 bilhões no primeiro trimestre, US$ 5,6 bilhões a menos que no mesmo período de 2008.


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