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China tem menor crescimento em 17 anos, mas comemora
Economia asiática avança 6,1% no 1º trimestre em relação ao mesmo período de 2008; governo afirma que resultado é "conquista" diante da recessão global
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O governo chinês comemorou com alívio o crescimento
de 6,1% da economia entre janeiro e março deste ano em
comparação ao primeiro trimestre do ano passado.
Apesar de ser o pior número
do PIB chinês desde 1992,
quando o governo começou a
medir o desempenho da economia por trimestres, está acima
de muitas estimativas.
Economistas mais pessimistas preveem que o PIB chinês
crescerá 5% em 2009, enquanto as autoridades chinesas prometeram chegar a 8%.
"Esse número foi de fato uma
conquista, dada a recessão global", disse ontem o porta-voz
do Escritório Nacional de Estatísticas, Li Xiaochao.
A China continua a ser a única das dez maiores economias
do mundo a ter crescimento
considerável em 2009, mas os
6,1% têm gosto de recessão para o padrão chinês recente.
A economia chinesa se expandiu em 9% em 2008 e em
6,8% no quarto trimestre ante
o mesmo período do ano anterior. Em 2007, crescera 13%.
"O segundo semestre será
melhor, quando boa parte dos
investimentos prometidos pelo
governo estiver em curso", disse à Folha a economia Tao
Wang, do banco UBS.
Parte dos números divulgados ontem, apesar de confirmarem a desaceleração, dá sinais de que o pior passou. Vários números de março são melhores que os de janeiro e fevereiro. A produção industrial
cresceu 5,1% no primeiro trimestre -em março, havia subido 8,3%; em fevereiro, 3,8%.
O Índice de Preços ao Consumidor, uma das bases para o
cálculo da inflação, caiu 1,2%
em março. Ainda está em terreno deflacionário, pela queda na
demanda, mas está acima da
queda de 1,6% em fevereiro, a
primeira deflação desde 2002.
As vendas do varejo subiram
15% no primeiro trimestre.
Dois números se destacam
entre os positivos. O crescimento dos investimentos em
ativos fixos no trimestre foi de
28,8%, quatro pontos acima da
marca no primeiro trimestre
de 2008. Os empréstimos bancários chegaram a 4,8 trilhões
de yuans (R$ 1,7 trilhão) no primeiro trimestre, o equivalente
a 93% de todos os empréstimos
concedidos em 2008.
"Boa parte do pacote de estímulo do governo chinês tem a
ver com crédito e com investimentos em infraestrutura, e
ambos os setores já demonstram sinais de que o estímulo já
começou", diz a economia Tao.
O governo chinês lançou um
plano de estímulo de 4 trilhões
de yuans (R$ 1,4 trilhão) em
novembro, que prevê grandes
investimentos em aeroportos,
estradas e ferrovias e na reconstrução da Província de Sichuan, devastada em maio de
2008 por um terremoto.
Os investimentos em ferrovias triplicaram no trimestre, e
os em minas e carvão subira
84% e 59,6%, respectivamente.
Exportação em crise
Longe dos setores resgatados
pelo pacote de estímulo, ainda
há números pessimistas para
parte da economia chinesa. A
queda das exportações no primeiro trimestre foi de 19,7%,
ainda que o recuo em março, de
17,1%, seja menor que o de
25,7% em fevereiro.
A recessão atinge os três
principais mercados da China,
a União Europeia, os Estados
Unidos e o Japão.
Os investimentos diretos estrangeiros ficaram em US$ 21,8
bilhões no primeiro trimestre,
US$ 5,6 bilhões a menos que no
mesmo período de 2008.
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