São Paulo, sexta-feira, 17 de abril de 2009

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FMI diz que crise é "rara e severa" e descarta recuperação em 2009

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Qualificando a atual recessão global como "rara, severa e duradoura", o FMI (Fundo Monetário Internacional) já não vê chances de o mundo iniciar uma recuperação em 2009. Para o Fundo, a atual recessão será muito mais duradoura do que os desaquecimentos globais passados.
Segundo novo estudo apresentado ontem pelo Fundo, uma recessão como a atual só ocorreu outras três vezes desde 1960. Sendo que a atual combinação entre crise financeira e desaquecimento econômico será "mais persistente", levando a uma "recuperação muito fraca" e provavelmente só em meados de 2010.
Em seu relatório "Panorama da Economia Mundial", o FMI analisou 122 recessões desde 1960. Dessas, 15 ocorreram em meio a crises financeiras, sendo que apenas 3 se deram de forma sincronizada em 10 ou mais países desenvolvidos de um total de 21 pesquisados.
Segundo o FMI, as outras recessões globais e sincronizadas com crises financeiras ocorreram em 1975, 1980 e 1992.
No caso da recessão atual, a recuperação pode demandar uma vez e meia mais tempo, diz o FMI. Isso ocorre principalmente porque toda a demanda global cai, impedindo que os países voltem a crescer via exportações.
"Apesar de todo o esforço de redução de juros e de pacotes de estímulos em vários países, não devemos esperar uma recuperação forte. Ela será lenta e fraca", afirmou Alasdair Scott, economista sênior do Departamento de Pesquisas do FMI.
Entre as várias regiões do mundo, o FMI prevê que a Europa do leste deva estar entre as mais afetadas pela crise.

Brasil
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, prevê que o Brasil tenha crescimento mínimo ou mesmo recessão em 2009.
"O Brasil provavelmente terá neste ano uma taxa de crescimento muito, muito baixa, senão negativa", afirmou após discurso no Clube Nacional de Imprensa, em Washington.
Na semana que vem, o Fundo divulgará seus prognósticos sobre o crescimento mundial. Em janeiro passado, o fundo projetou expansão de 1,8% do PIB para o país em 2009.
Apesar da expectativa reduzida em relação ao Brasil, Strauss-Kahn disse que o país está "em boa posição" para enfrentar a crise, devido à sua "boa política" econômica.

Com agências internacionais


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