São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Pequenas indústrias se recuperam em SP

Levantamento pela Fiesp aponta que as maiores empresas também tiveram melhora em indicador sobre produção

Companhias de menor porte foram as mais afetadas pela crise em 2009, prejudicadas pela retração no crédito e na demanda

GIULIANA VALLONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Bastante afetadas pelos efeitos da crise, as pequenas indústrias de São Paulo mostraram recuperação forte em fevereiro, puxando o nível de atividade do setor para cima no mês. Os dados são de levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) obtido pela Folha, feito com base nos dados da Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Os números mostram que o indicador de produção da indústria paulista atingiu 49,8 pontos em fevereiro -o nível 50 aponta equilíbrio da atividade. O número foi influenciado positivamente pelo crescimento de 14,5% no índice das pequenas empresas, de 42,9 para 49,1 pontos. As médias tiveram leve queda no mês, de 50 para 47,7, e as grandes companhias tiveram aumento no indicador, de 49 para 51,7.
As empresas de menor porte foram as mais afetadas pela crise, prejudicadas pela restrição no crédito bancário e pelas dificuldades geradas no mercado de trabalho. Com a melhoria das condições econômicas no país, elas voltam a mostrar crescimento na produção.
"A recuperação da renda e do crédito beneficia a produção dos chamados bens-salário, como vestuário e alimentos, setores que têm maior participação de pequenas empresas", afirma Fernando Sarti, professor do Núcleo de Economia Industrial e Tecnologia da Unicamp.
De acordo com Paulo Francini, diretor de pesquisas econômicas da Fiesp, a expansão do mercado interno beneficia mais as pequenas empresas. De acordo com ele, o processo de melhoria da indústria leva mais tempo para chegar às companhias de menor porte, o que explicaria parte do crescimento expressivo no mês.

Perspectivas
Os dados da Fiesp apontam ainda que as expectativas da indústria para os próximos seis meses são de continuidade do cenário positivo. O indicador de perspectiva de demanda subiu para 67,5 pontos, de 66 em janeiro. O mercado interno foi o principal responsável pela sustentação da economia brasileira no ano passado, amenizando os efeitos da crise.
O economista da Unicamp ressalta que a construção civil deve ser um dos grandes destaques do ano. "O setor tende a crescer muito, e todo mundo que fornece para ele vai sair ganhando", diz. Ele também destaca as empresas agrícolas, produtoras de bens de capital e de bens de consumo.
As exportações, por sua vez, que tiveram forte queda em 2009, devem se recuperar, segundo as empresas ouvidas. O indicador de expectativa para as vendas externas registrou pequena queda no mês, de 55,2 para 53,5, mas está acima do nível 50, que aponta otimismo.
O nível das vendas, porém, não voltou aos patamares registrados antes da crise, o que só deve acontecer em 2011, já que a recuperação nos países desenvolvidos, compradores do Brasil, ainda é lenta. "O nível das exportações caiu de 100 para 73 em 2009. Neste ano, deve crescer em torno de 20%, o que traria o indicador para 87", diz.


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