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Lula quer redução mais rápida de juros
Meirelles prometera que dólar não cairia abaixo de R$ 2; para presidente, não há motivo para BC manter ritmo atual
Petista diz que dólar baixo "é bom" para "quem vive de salário", mas setores do governo temem custo político no médio prazo
KENNEDY ALENCAR
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de dizer publicamente de que não pressiona o Banco
Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em conversas reservadas nos últimos
dois dias que o presidente do
BC, Henrique Meirelles, perdeu o discurso para não acelerar a queda da taxa de juros.
Segundo a Folha apurou, Lula disse que Meirelles no início
do ano, em reunião na qual respondeu a preocupações suas
com o câmbio, afirmou que a
cotação do dólar não chegaria a
menos R$ 2. Foi o que aconteceu anteontem, após seis anos.
Para Lula, não haveria razão
para o BC manter o ritmo de
redução da Selic em 0,25 ponto
percentual por reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), realizada a cada
45 dias. Hoje a Selic está em
12,5% ao ano. A próxima reunião será em 5 e 6 de junho.
Lula tem dito que fará sua
parte. Como afirmou em entrevista coletiva anteontem, preparará medidas tributárias para compensar setores que mais
sofrem com o câmbio. Mas diz
que o BC precisa fazer a sua:
cortar mais rapidamente os juros altos que atraem capital estrangeiro em busca de alta remuneração.
Lula espera que a taxa real de
juros (Selic menos a inflação)
esteja em dezembro em cerca
de 6% ao ano. Ou seja, uma Selic nominal em torno de 10%.
Publicamente, Lula procurou mostrar despreocupação
com o câmbio: "É bom para
uns, ruim para outros, mas, certamente, para quem vive de salário é bom", disse o presidente ontem.
Setores do governo já manifestam preocupação com um
eventual custo político da forte
valorização do real, que poderia enfraquecer a influência do
presidente na escolha de seu
sucessor.
No curto prazo, 2007, a situação já estaria dada. Os impactos continuarão limitados a
alguns setores da economia,
como têxteis, calçadista e moveleiro. A demanda interna
aquecida e o crédito em alta seriam mais que suficientes para
garantir que o PIB cresça os
4,5% projetados pelo governo.
A persistência de uma moeda
valorizada começaria a ser sentida na economia real, de acordo com esses auxiliares, em
meados de 2008.
O prejuízo se alastraria por
setores industriais que hoje geram muitos empregos, com
corte de vagas, embora, no primeiro trimestre deste ano, por
exemplo, o emprego na indústria cresceu 3,5% -melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2005.
O impacto mais forte sobre o
crescimento se aprofundaria
em 2009 e 2010, este o último
ano do segundo mandato e no
qual haverá eleição. Lula estaria, de acordo com essa visão,
lidando com uma economia
combalida e não com o cenário
de crescimento vigoroso que
projeta agora.
Os auxiliares de Lula que trabalham com esse cenário negativo argumentam que a trajetória dos juros fixada pelo BC é a
variável fundamental de ajuste.
Colaborou PEDRO DIAS LEITE , da Sucursal de
Brasília
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