São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Governo planeja até 8 usinas nucleares

Equipe de Lula conclui que alternativa é mais barata do que termelétricas a gás em termos de custos de geração de energia

Cada uma das usinas projetadas custará US$ 2 bi e terá capacidade de geração de 1.000 MW; mas expandir hidrelétricas é prioridade

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O governo prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares até 2030 por entender que é uma alternativa mais econômica que as térmicas a gás. Cada unidade custará US$ 2 bilhões e terá capacidade de geração de 1.000 MW, energia suficiente para abastecer 20 mil consumidores.
Segundo o secretário de Planejamento do MME (Ministério de Minas e Energia), Márcio Zimmermann, o custo de geração das usinas nucleares (R$ 151 por MW) é mais baixo do que os das térmicas a gás (R$ 175 por MW a valores de hoje), o que justifica o investimento.
Só compensa investir em térmicas a gás, diz, se a utilização das usinas for baixa como ocorre atualmente, quando elas operam em apenas 20% do tempo e funcionam como fonte "energia secundária" às hidrelétricas.
Para ele, o ideal, porém, é ampliar primeiro a capacidade de geração das usinas hidrelétricas.
"Se não conseguirmos expandir a energia hidrelétrica, o gás pode continuar "surfando" como energia secundária. Caso contrário, vamos precisar de térmicas que operem na base [o tempo todo]. Nesse caso, nuclear e carvão passam à frente do gás [em relação a custos] e de qualquer outra fonte", disse.

Matriz elétrica
Pelo plano do Ministério de Minas e Energia, serão acrescidos a cada ano 4.000 MW de energia hidrelétrica, aumentando a capacidade atual de geração hídrica de 75,6 mil MW para 167,8 mil MW.
Com isso, a participação da energia hidrelétrica na matriz elétrica do país passará de 82,5% em 2006 para 75,9% em 2030.
Já a das usinas nucleares subirá de 2,2% para 7,3% -de 2.000 MW para 7.300 MW. O peso das termelétricas movidas a gás, por sua vez, oscilará de 8,8% para 9,3% -de 8.000 MW para 20,6 mil MW.
Zimmermann afirmou que o plano do ministério que prevê a construção das usinas nucleares e detalha como se dará a expansão do sistema elétrico deve ser aprovado na próxima reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), marcada para o começo do próximo mês.
Além da construção de quatro a oito novas usinas nucleares, diz, deve ser aprovada ainda a conclusão de Angra 3, cujos investimentos previstos são de US$ 3 bilhões.
Segundo ele, a energia a nuclear "passa a ser uma fonte que tem preço e vantagens num cenário de aquecimento global".

Gás ainda mais caro
Tal vantagem se amplia num cenário de aumento do preço do gás, traçado pela Petrobras.
Em palestra no 19º Fórum Nacional, realizado no Rio, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ser "inevitável um ajuste nos preços do gás", pois é insustentável manter um crescimento do consumo do combustível na faixa atual de 17% ao ano.
"Evidentemente o preço do gás tem de acompanhar o preço do combustível alternativo [óleo combustível ou GLP]. Isso é a prática universal", disse.
Gabrielli disse, porém, que o "desequilíbrio entre oferta e demanda de gás" deve ser eliminado com o aumento da produção (24 milhões de m3 a partir de 2008) e com a importação de GNL (Gás Natural Liqüefeito).
Sobre o desempenho da companhia no primeiro trimestre deste ano, Gabrielli minimizou a perda da posição de companhia mais lucrativa da América Latina para a Vale do Rio Doce no primeiro trimestre. "Com certeza, vamos superar a Vale neste trimestre."
O lucro da Petrobras ficou em R$ 4,1 bilhões nos três primeiros meses deste ano, abaixo dos R$ 5,1 bilhões da Vale.


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