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Milho transgênico é aprovado pela CTNBio
Foi o primeiro pedido de liberação de organismo geneticamente modificado desde a regulamentação da Lei de Biossegurança
Milho resistente a herbicida deverá estar disponível para plantio em 2008; pedido da Bayer, feito em 1998, foi aprovado por 17 votos a 4
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança)
aprovou ontem o primeiro pedido de liberação comercial de
organismo geneticamente modificado desde a regulamentação da Lei de Biossegurança, há
um ano e meio. Variedade de
milho transgênico resistente a
herbicida deverá estar disponível para plantio em 2008.
O pedido havia sido apresentado em 1998 pela multinacional Bayer. Essa variedade de
milho é considerada uma espécie "avó" dos milhos transgênicos. Antes do registro da variedade pelo Ministério da Agricultura, a liberação comercial
ainda será submetida a uma
avaliação de oportunidade política e socioeconômica em conselho composto por 11 ministros e chefiado por Dilma Rousseff (Casa Civil).
A aprovação da variedade de
milho contou com 17 votos a favor e 4 contra, o mesmo quórum que, no ano passado, rejeitou a autorização de vacina
contra a doença de Aujeszky.
Os votos contrários de ontem
foram dados por representantes dos ministérios do Meio
Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, da Secretaria
Especial de Agricultura e Pesca
e do representante da sociedade civil para ambiente e agricultura familiar.
Desta vez o resultado foi favorável à liberação devido à redução (de 18 para 14) do número mínimo de votos na CTNBio,
mudança sancionada em março pelo presidente Lula.
Duas outras variedades
transgênicas comercializadas
no país (soja e algodão) foram
autorizadas no governo Lula
depois de constatado plantio
clandestino com sementes
contrabandeadas da Argentina.
Críticas e elogios
A decisão de ontem foi criticada por entidades e organizações não-governamentais como o Greenpeace e o MST. "Repudiamos a decisão da CTNBio,
que deu as costas para a biossegurança brasileira para atender
aos interesses do agronegócio e
das empresas multinacionais
de biotecnologia", disse Gabriela Vuolo, coordenadora da
campanha de engenharia genética do Greenpeace.
Presente à reunião, a diretora-executiva do CIB (Conselho
de Informações sobre Biotecnologia), Alda Larayer, disse
que países como Argentina e
Colômbia já plantam variedades de milho com dois ou três
genes modificados. Estudo encomendado pelo CIB à consultoria Céleres calcula que agricultores brasileiros deixariam
de ganhar US$ 6,9 bilhões na
próxima década caso variedades de milho transgênico continuassem proibidas no país.
Em nota, a multinacional
Monsanto, que defende a liberação comercial de outras variedades comercializadas há
cerca de dez anos em outros
países, considerou a decisão
"um passo importante para a
agricultura brasileira".
A presidente da Associação
Nacional de Biossegurança e
pesquisadora da FioCruz, Leila
Oda, elogiou a decisão. "É um
alívio perceber que a biotecnologia terá campo para crescer
no país", afirmou.
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