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Planalto cria consórcio para usinas no Peru
Governo articula grupo com empreiteiras que ficaram fora de Belo Monte para tocar obras de R$ 25 bi no país vizinho
Hidrelétricas na Amazônia peruana serão construídas sem necessidade de licitação; custo supera o do projeto de Belo Monte, de R$ 19 bilhões
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Passado o leilão de Belo
Monte, o governo articula um
consórcio entre a Eletrobras, a
Andrade Gutierrez, a OAS, a
Odebrecht, a Engevix e a empresa GTZ, do Peru, para construção de cinco hidrelétricas na
Amazônia peruana ao custo de
R$ 25 bilhões.
O texto do tratado internacional que permitirá às empresas brasileiras construir e operar as usinas no país vizinho ficou pronto na semana passada
e os ministérios de Relações
Exteriores do Brasil e do Peru
costuram as assinaturas do documento pelos presidentes dos
dois países: Lula e Alan García.
"Toda a parte técnica está
pronta e os acordos foram fechados. Falta agora a parte diplomática", disse o superintendente de operações no exterior
da Eletrobras, Sinval Gama. O
acordo prevê que o Brasil fique
com 80% da energia produzida
e o Peru, com os 20% restantes.
O valor estimado para as
obras das novas hidrelétricas
supera o do leilão de Belo Monte (R$ 19 bilhões), no qual a Andrade Gutierrez, a OAS e a Odebrecht tinham interesse.
O tratado binacional prevê
também que a maior parte do
financiamento das obras venha
de recursos brasileiros, via
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e da Eletrobras.
A estatal brasileira de energia
e as empreiteiras já possuem a
concessão provisória das usinas, que não serão levadas a leilão. Isso porque as regras peruanas para o setor não exigem
a obrigatoriedade de licitação.
Quando o tratado for assinado e os estudos concluídos, as
empresas poderão iniciar imediatamente as obras.
O portfólio tem por enquanto cinco empreendimentos que
somam mais de 7,5 mil megawatts (MW): Inambari (2.000
megawatts MW), Sumabeni
(1.074 MW), Paquitzapango
(2.500 MW), e outras duas usinas ainda sem nome, a serem
erguidas no rio Tambo, ambas
de 1.000 MW cada uma.
Gama explicou que a hidrelétrica de Inambari é a que está
com os estudos mais adiantados. Caso o cronograma se confirme, as empresas poderão iniciar a obra em janeiro de 2011.
A usina está orçada em R$ 7
bilhões, mas o projeto prevê
também a construção de uma
linha de transmissão com 1.600
quilômetros até Porto Velho,
em Rondônia, interligando as
usinas ao complexo hidrelétrico do Rio Madeira e, consequentemente, ao sistema elétrico nacional.
Na usina de Inambari o consórcio formado é entre Eletrobras, Furnas e OAS. As outras
quatro outras hidrelétricas terão a Andrade Gutierrez, a
Odebrecht e a Engevix como
parceiras da Eletrobras.
A peruana GTZ deverá ter
participação em todos os empreendimentos.
Algumas construtoras brasileiras, como a Andrade e a Odebrecht, além da Camargo Corrêa, já estão no Peru há pelo
menos duas décadas atuando
em obras civis de rodovias, aeroportos e barragens.
A Odebrecht já possui, inclusive, a concessão de uma hidrelétrica no país vizinho, cujo
contrato foi assinado em dezembro passado e prevê a construção de uma usina de US$
600 milhões.
Gama explica que o potencial
de geração hidrelétrica no Peru
é de mais de 20 hidrelétricas,
que somariam 20 mil MW. Mas
o acordo fechado entre os dois
países trata de algo entre 5 mil
MW e 7 mil MW que poderiam
ser explorados por empresas
brasileiras. Mas, como os estudos ainda são preliminares,
modificações podem ocorrer.
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