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FINANÇAS
Comitê de Política Monetária decide, na próxima quarta, se altera a taxa; mercado não espera alteração na Selic
BC define juro e tática para a dívida pública
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O manejo dos títulos pelo governo, o câmbio, o risco-país e o
Copom devem monopolizar as
atenções do mercado nos próximos dias. A decisão do Comitê de
Política Monetária sobre a taxa de
juros sai na quarta-feira, dia de
vencimento de NTN-D (Notas do
Tesouro Nacional série D)
Na semana passada, o Banco
Central tentou rolar esses títulos
(que pagam variação cambial
mais juros pré-fixados) e não conseguiu, o que gerou mais tensão.
Analistas dizem que os próximos dias ainda poderão ser de
nervosismo. Tudo dependerá do
desempenho do dólar e da reação
do mercado à atuação do BC.
De acordo com essa análise, investidores vão observar a movimentação do Banco Central, o
que ele compra, o que recompra e
a que preço.
"O problema é grande, e o número de instrumentos do governo é pequeno. As partes sabem
disso, daí a tensão. O mercado vê
que há instrumentos, mas que
não são tantos assim, enquanto o
BC também sabe que tem instrumentos, mas não tão numerosos", diz Jorge Simino, diretor da
Unibanco Asset Management.
"A semana ainda será bem difícil. Mas, dependendo do preço do
dólar, poderá haver alguma recuperação, ainda que não muito
grande", diz Fernando Aoad, da
corretora do HSBC.
O Banco Central mostrou algumas de suas armas na sexta-feira,
mas, segundo Carlos Firetti, diretor da corretora do BBV, "não teve muito sucesso. Na BM&F [Bolsa de Mercadorias e Futuros", os
juros continuaram subindo". Os
contratos mais negociados, com
vencimentos em janeiro de 2003,
fecharam a 23,01%.
Nervosismo
O risco-país atingiu 1.315 pontos, seu maior nível desde 1999,
com variação positiva de 6,3%. O
dólar fechou cotado a R$ 2,715,
com alta de 0,18%. O Ibovespa
amargou queda de 2,2%.
O aumento do compulsório dos
depósitos a prazo de 10% para
15%, uma das medidas de que o
governo lançou mão na sexta-feira, deve ter reflexos mais incisivos
apenas na próxima semana, segundo analistas.
"A conta para o recolhimento é
feita em cima da média da semana. Uma grande venda de dólar só
seria possível depois do dia 24,
porque dependem da liberação de
recursos pelo FMI", afirma Aoad
do HSBC.
A maioria dos analistas diz que
o Copom deve manter a taxa de
juros básica da economia, a Selic,
em 18,50%. Há uma semana, quase todos afirmavam esperar uma
redução de 0,25 ponto percentual.
"A queda da inflação, com tendência de consolidação, possibilitaria a redução da taxa. Mas, pelo
tamanho da turbulência, a queda
ficou mais difícil", diz Simino.
Chance perdida?
A possibilidade de alta na Selic,
porém, é vista como improvável e
ineficaz, segundo gestores.
Nos dez primeiros dias de junho, saíram R$ 312,151 milhões de
recursos estrangeiros, segundo a
Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo). No mês, a Bolsa caiu 9%.
Em dólar, o tombo foi de 15,7%.
"A alta do câmbio abre uma
porta automática para os estrangeiros", diz Simino.
Analistas afirmam não esperar
grande influência do vencimento
de opções de hoje sobre a Bolsa.
Com Telemar a R$ 29,50 tornou-se inviável o exercício de opção a
R$ 32 e a R$ 30, se o preço se mantiver. "Acho que já viraram pó",
afirma Firetti.
Índices de inflação estão na
agenda da semana. Na quarta-feira sai a segunda prévia de junho
do IGP-M e na quinta-feira, o
IPC-Fipe do mesmo período,
além do IGP-10, de junho.
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