São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FINANÇAS

Comitê de Política Monetária decide, na próxima quarta, se altera a taxa; mercado não espera alteração na Selic

BC define juro e tática para a dívida pública

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O manejo dos títulos pelo governo, o câmbio, o risco-país e o Copom devem monopolizar as atenções do mercado nos próximos dias. A decisão do Comitê de Política Monetária sobre a taxa de juros sai na quarta-feira, dia de vencimento de NTN-D (Notas do Tesouro Nacional série D)
Na semana passada, o Banco Central tentou rolar esses títulos (que pagam variação cambial mais juros pré-fixados) e não conseguiu, o que gerou mais tensão.
Analistas dizem que os próximos dias ainda poderão ser de nervosismo. Tudo dependerá do desempenho do dólar e da reação do mercado à atuação do BC.
De acordo com essa análise, investidores vão observar a movimentação do Banco Central, o que ele compra, o que recompra e a que preço.
"O problema é grande, e o número de instrumentos do governo é pequeno. As partes sabem disso, daí a tensão. O mercado vê que há instrumentos, mas que não são tantos assim, enquanto o BC também sabe que tem instrumentos, mas não tão numerosos", diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management.
"A semana ainda será bem difícil. Mas, dependendo do preço do dólar, poderá haver alguma recuperação, ainda que não muito grande", diz Fernando Aoad, da corretora do HSBC.
O Banco Central mostrou algumas de suas armas na sexta-feira, mas, segundo Carlos Firetti, diretor da corretora do BBV, "não teve muito sucesso. Na BM&F [Bolsa de Mercadorias e Futuros", os juros continuaram subindo". Os contratos mais negociados, com vencimentos em janeiro de 2003, fecharam a 23,01%.

Nervosismo
O risco-país atingiu 1.315 pontos, seu maior nível desde 1999, com variação positiva de 6,3%. O dólar fechou cotado a R$ 2,715, com alta de 0,18%. O Ibovespa amargou queda de 2,2%.
O aumento do compulsório dos depósitos a prazo de 10% para 15%, uma das medidas de que o governo lançou mão na sexta-feira, deve ter reflexos mais incisivos apenas na próxima semana, segundo analistas.
"A conta para o recolhimento é feita em cima da média da semana. Uma grande venda de dólar só seria possível depois do dia 24, porque dependem da liberação de recursos pelo FMI", afirma Aoad do HSBC.
A maioria dos analistas diz que o Copom deve manter a taxa de juros básica da economia, a Selic, em 18,50%. Há uma semana, quase todos afirmavam esperar uma redução de 0,25 ponto percentual.
"A queda da inflação, com tendência de consolidação, possibilitaria a redução da taxa. Mas, pelo tamanho da turbulência, a queda ficou mais difícil", diz Simino.

Chance perdida?
A possibilidade de alta na Selic, porém, é vista como improvável e ineficaz, segundo gestores.
Nos dez primeiros dias de junho, saíram R$ 312,151 milhões de recursos estrangeiros, segundo a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). No mês, a Bolsa caiu 9%. Em dólar, o tombo foi de 15,7%.
"A alta do câmbio abre uma porta automática para os estrangeiros", diz Simino.
Analistas afirmam não esperar grande influência do vencimento de opções de hoje sobre a Bolsa. Com Telemar a R$ 29,50 tornou-se inviável o exercício de opção a R$ 32 e a R$ 30, se o preço se mantiver. "Acho que já viraram pó", afirma Firetti.
Índices de inflação estão na agenda da semana. Na quarta-feira sai a segunda prévia de junho do IGP-M e na quinta-feira, o IPC-Fipe do mesmo período, além do IGP-10, de junho.



Texto Anterior: Efeito da crise: Seguro paga conta de desempregado
Próximo Texto: Depois do calmante: Crise faz mercado criar novos fundos e CDBs
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.