São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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DEPOIS DO CALMANTE

Investidores procuraram alternativas mais conservadoras; rendimentos, no entanto, são menores

Crise faz mercado criar novos fundos e CDBs


ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o nervosismo que tomou conta do mercado financeiro, os investidores estão procurando alternativas mais conservadoras e as instituições financeiras, criando novos produtos ou aperfeiçoando os já existentes para atender a essa nova demanda.
As novidades basicamente se concentram em dois tipos: CDBs (Certificados de Depósito Bancário) mais flexíveis, que permitem o resgate antecipado sem perda de rentabilidade, e fundos DI e de renda fixa que investem em títulos de curtíssimo prazo (leia texto nesta página).
O BankBoston e o banco1.net, por exemplo, estão oferecendo CDBs indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) com cláusula de recompra.
No caso do banco1.net, o prazo do CDB é de três anos; no BankBoston, pode ser menor, de um ano, por exemplo. Durante esse período, o certificado vai render um percentual do CDI, que varia conforme o porte do cliente.
O CDI é um título negociado entre os bancos, utilizado como referência em operações de renda fixa, que costuma acompanhar de perto a Selic (taxa básica de juro da economia, determinada pelo Banco Central), hoje fixada em 18,50% ao ano.
Um cliente com bastante recursos pode conseguir, por exemplo, 98%, 99% do CDI (quem tem milhões de reais pode conseguir até mais do que 100%). Para um cliente com pouco dinheiro, as taxas variam bastante. No banco1.net, com R$ 1.000, diz o diretor Gabriel de Moura, é possível obter uma taxa de 90% do CDI. O BankBoston, por enquanto, não tem cotação para esse valor. O valor mínimo para investir em um CDB desse banco é R$ 50 mil.
No caso dessas duas instituições, os CDBs indexados ao CDI com cláusula de recompra permitem que, após 30 dias, o investidor resgate o seu dinheiro, a qualquer momento antes do vencimento, com direito a receber a rentabilidade proporcional do período. "A liquidez é diária após 30 dias, como a de um fundo de investimento", diz Alberto Gaidys, diretor de produtos e de vendas do mercado de capitais do BankBoston.

Olho vivo
A recomendação de Fábio Colombo, da consultoria Money Maker, é que, ao investir num CDB com cláusula de recompra, a pessoa peça por escrito as condições em que isso vai acontecer. O gerente do banco prometer oralmente que recompra a qualquer tempo sem comprometer a rentabilidade e depois não cumprir o combinado.
O investidor também deve estar consciente, explica Gaidys, de que um CDB flexível, que pode ser resgatado a qualquer momento, tem rentabilidade menor.
A maioria dos CDBs vendidos nos bancos não costuma ter cláusula de recompra. Se a pessoa quer se desfazer dele antes do prazo de vencimento, em geral o banco o aceita de volta, mas quase sempre por um preço inferior ao pago, ficando com parte da rentabilidade do período.
Com as mudanças que ocorreram a partir do dia 29 de maio, quando entrou em vigor a nova regra de contabilização dos ativos, derrubando a rentabilidade de muitos fundos, já saíram R$ 8,7 bilhões das categorias DI e renda fixa, conforme dados do site Fortuna até o dia 12 de junho.
Segundo analistas e gestores, boa parte desse dinheiro está indo para destinos menos sujeitos a oscilações, como poupança e, principalmente, CDBs.



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