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Embraer confirma que banco estatal não vai financiar compra da JetBlue
MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
O financiamento dos cem
aviões vendidos pela brasileira
Embraer para a empresa americana JetBlue Airways será totalmente feito no mercado internacional,
sem dinheiro do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
Do total, 30 deles serão financiados dentro de um esquema organizado pela Gecas, o braço financeiro da General Electric, que fornece os motores para os aviões
Embraer-190.
Os demais terão financiamento
dentro do mercado internacional,
o que não será difícil, na avaliação
de executivos da Embraer, porque a compradora, a JetBlue, é
uma das companhias com melhor
crédito em sua área..
O presidente da Embraer, Maurício Botelho, disse, na Feira Internacional Aeroespacial de Le
Bourget, em Paris, que o BNDES
vai continuar a apoiar a empresa.
Segundo ele, em um momento de
troca de diretoria há um momento de adaptação, mas todos no governo dizem que "a Embraer merece apoio e, se o problema é operacional, deverá ser resolvido".
Ele argumentou que a Embraer
cumpre com os objetivos do governo e do BNDES, que são gerar
empregos, aumentar as exportações e desenvolver tecnologia.
Em 2001, a empresa contribuiu
com US$ 1,7 bilhão para o superávit da balança comercial -o que
representou 60% do saldo- e em
2002, "que foi um ano ruim para a
aviação", com US$ 1,2 bilhão, segundo Botelho.
"Entre 1995 e 2002, nós exportamos mais de US$ 12 bilhões. Desses, US$ 6,5 bilhões tiveram estrutura internacional de financiamento, e US$ 5,5 bilhões, financiamento do BNDES", disse.
Ele também citou um estudo da
Fundação Getúlio Vargas mostrando que a Embraer gera 150
mil empregos no Brasil, incluindo
postos diretos e também por meio
de seus fornecedores. Segundo
ele, 80% do faturamento de 200
empresas depende da Embraer.
Botelho reconheceu que, depois
dos ataques terroristas em 11 de
setembro de 2001, o financiamento internacional para o setor de
aviação desapareceu. No entanto,
disse que a securitização de créditos está voltando, o que deve assegurar o retorno dos fluxos de recursos para o setor. A venda dos
aviões Embraer-170 e 190 para a
JetBlue pode ser uma mostra do
potencial dessa família de aeronaves para esse tipo de mercado, segundo analistas presentes à feira.
Em entrevista à revista "Aviation Week", o presidente da JetBlue, David Neeleman, disse que
o 190 explicava a decisão de compra. "Típicos jatos regionais realmente não se enquadram no que
fazemos, do ponto de vista econômico. Mas o 190 tem um número
de assentos suficientes para criar
a viabilidade econômica para entrar em mercados de tamanho
médio", disse Neeleman.
Botelho disse que "ficaria satisfeito em avaliar a possibilidade"
de uma joint venture na Rússia,
semelhante à que a Embraer tem
na China. O primeiro avião produzido na China, segundo ele, deve estar pronto até dezembro, e há
perspectivas de novos negócios
no país até o fim do ano.
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