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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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Embraer confirma que banco estatal não vai financiar compra da JetBlue

MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

O financiamento dos cem aviões vendidos pela brasileira Embraer para a empresa americana JetBlue Airways será totalmente feito no mercado internacional, sem dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Do total, 30 deles serão financiados dentro de um esquema organizado pela Gecas, o braço financeiro da General Electric, que fornece os motores para os aviões Embraer-190.
Os demais terão financiamento dentro do mercado internacional, o que não será difícil, na avaliação de executivos da Embraer, porque a compradora, a JetBlue, é uma das companhias com melhor crédito em sua área..
O presidente da Embraer, Maurício Botelho, disse, na Feira Internacional Aeroespacial de Le Bourget, em Paris, que o BNDES vai continuar a apoiar a empresa. Segundo ele, em um momento de troca de diretoria há um momento de adaptação, mas todos no governo dizem que "a Embraer merece apoio e, se o problema é operacional, deverá ser resolvido".
Ele argumentou que a Embraer cumpre com os objetivos do governo e do BNDES, que são gerar empregos, aumentar as exportações e desenvolver tecnologia.
Em 2001, a empresa contribuiu com US$ 1,7 bilhão para o superávit da balança comercial -o que representou 60% do saldo- e em 2002, "que foi um ano ruim para a aviação", com US$ 1,2 bilhão, segundo Botelho.
"Entre 1995 e 2002, nós exportamos mais de US$ 12 bilhões. Desses, US$ 6,5 bilhões tiveram estrutura internacional de financiamento, e US$ 5,5 bilhões, financiamento do BNDES", disse.
Ele também citou um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrando que a Embraer gera 150 mil empregos no Brasil, incluindo postos diretos e também por meio de seus fornecedores. Segundo ele, 80% do faturamento de 200 empresas depende da Embraer.
Botelho reconheceu que, depois dos ataques terroristas em 11 de setembro de 2001, o financiamento internacional para o setor de aviação desapareceu. No entanto, disse que a securitização de créditos está voltando, o que deve assegurar o retorno dos fluxos de recursos para o setor. A venda dos aviões Embraer-170 e 190 para a JetBlue pode ser uma mostra do potencial dessa família de aeronaves para esse tipo de mercado, segundo analistas presentes à feira.
Em entrevista à revista "Aviation Week", o presidente da JetBlue, David Neeleman, disse que o 190 explicava a decisão de compra. "Típicos jatos regionais realmente não se enquadram no que fazemos, do ponto de vista econômico. Mas o 190 tem um número de assentos suficientes para criar a viabilidade econômica para entrar em mercados de tamanho médio", disse Neeleman.
Botelho disse que "ficaria satisfeito em avaliar a possibilidade" de uma joint venture na Rússia, semelhante à que a Embraer tem na China. O primeiro avião produzido na China, segundo ele, deve estar pronto até dezembro, e há perspectivas de novos negócios no país até o fim do ano.


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