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Recuperação da demanda interna pode mudar tendência da indústria
Instituto vê "apenas início" de processo de "dessofisticação" da produção
DA REPORTAGEM LOCAL
O coordenador da área de indústria do IBGE, Sílvio Sales,
afirma que a tendência de diminuição da participação de setores mais sofisticados na indústria pode sofrer alterações com
o aumento da relevância do
mercado interno sobre o crescimento do PIB.
"Agora é que o mercado interno está ganhando corpo e
começando a mostrar a que
veio. Podemos ter novas tendências", afirma.
O PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de
2007 mostrou que a elevação
do consumo interno, que subiu
6% no período, foi o carro-chefe do crescimento.
Ao mesmo tempo, houve aumento nos investimentos em
máquinas e equipamentos, de
7,2%. O dado mostra que as empresas estão investindo mais
para acompanhar a demanda e
acreditando na continuidade
da recuperação.
Mas um dos ramos com grande potencial de crescimento, o
de alimentos e bebidas, por
exemplo, encaixa-se na qualificação de "baixa" intensidade
tecnológica.
Nos últimos anos, alimentos
e bebidas mantêm participação
estável dentro do total da indústria (entre 16% e 17%), mas
há perspectivas de aumento
nos próximos anos.
Investimentos
Segundo Denis Ribeiro, economista da Abia (Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação), a produção física do
setor nos últimos 12 meses (até
abril) cresceu 4,7% -acima dos
3,2% acumulados pela indústria em geral no período.
"Com mais renda e crédito, a
tendência é a de aumento na
produção", afirma Ribeiro.
Em 2006, as empresas de alimentos e bebidas (setores que
mais empregam na indústria)
investiram cerca de US$ 4,5 bilhões em modernização e ampliação da produção.
"Início de processo"
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), argumenta, no entanto, que boa parte do aumento da demanda interna continuará sendo atendida pelas importações -o que tende a seguir afetando a indústria mais
sofisticada.
"Estamos olhando apenas
para o início de um processo.
Até recentemente, a valorização do real não era encarada como muito permanente. Agora,
há convicção de que veio para
ficar por um bom tempo, o que
deve mudar ainda mais a estrutura da produção. Isso vai aprofundar as perdas nos setores
mais sofisticados", diz.
(FCZ)
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