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Setor industrial critica peso dos impostos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O próprio modelo de crescimento econômico do país, assentado no setor de bens duráveis, especialmente no segmento automotivo, e em commodities, como o petróleo, propicia um aumento na carga tributária em proporções maiores
do que a expansão do PIB (Produto Interno Bruto), afirma o
coordenador do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Julio Gomes de Almeida.
De acordo com ele, em cálculo aproximado, a cada ponto
percentual de crescimento do
PIB, o governo arrecada até
1,10% a mais.
Isso porque alguns dos carros-chefes do crescimento da
economia sofrem pesada taxação. Para um automóvel, por
exemplo, entre 25% e 33% do
preço final é composto por impostos -IPI, ICMS e PIS/Cofins, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Quanto mais potente o carro, maior a
alíquota incidente.
Para Almeida, a elevação da
carga tributária atrelada aos setores mais dinâmicos da economia não é um fato necessariamente negativo. Mas, por conta
dessa característica, o governo
deveria ser mais cauteloso com
seus gastos e não assumir mais
despesas permanentes. "Ocorre que falta planejamento tributário, porque em tempos de
desaceleração em determinados setores o governo não pode
contar com esse volume de recursos", diz o consultor do Iedi.
Nova contribuição
A alta na carga mesmo depois
do fim da CPMF, em janeiro,
deixa o governo sem argumentos para a criação de seu substituto, a CSS (Contribuição Social para a Saúde), na análise de
entidades empresariais.
"O governo quis compensar a
perda da CPMF com o aumento na alíquota do IOF e da
CSLL. Agora, quer criar uma
nova contribuição. Nada disso
seria necessário. Vemos que
falta disciplina para cortar gastos. Quando há aumento na arrecadação, o governo já começa
gastando mais", afirma o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp,
Paulo Francini.
O assessor econômico da Fecomercio, Fábio Pina, julga a
CSS uma "total inoportunidade". "Nós já sabemos que,
quanto mais dinheiro na mão
do governo, maior é o desperdício."
(PAULO DE ARAUJO)
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