São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Setor industrial critica peso dos impostos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O próprio modelo de crescimento econômico do país, assentado no setor de bens duráveis, especialmente no segmento automotivo, e em commodities, como o petróleo, propicia um aumento na carga tributária em proporções maiores do que a expansão do PIB (Produto Interno Bruto), afirma o coordenador do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Julio Gomes de Almeida.
De acordo com ele, em cálculo aproximado, a cada ponto percentual de crescimento do PIB, o governo arrecada até 1,10% a mais.
Isso porque alguns dos carros-chefes do crescimento da economia sofrem pesada taxação. Para um automóvel, por exemplo, entre 25% e 33% do preço final é composto por impostos -IPI, ICMS e PIS/Cofins, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Quanto mais potente o carro, maior a alíquota incidente.
Para Almeida, a elevação da carga tributária atrelada aos setores mais dinâmicos da economia não é um fato necessariamente negativo. Mas, por conta dessa característica, o governo deveria ser mais cauteloso com seus gastos e não assumir mais despesas permanentes. "Ocorre que falta planejamento tributário, porque em tempos de desaceleração em determinados setores o governo não pode contar com esse volume de recursos", diz o consultor do Iedi.

Nova contribuição
A alta na carga mesmo depois do fim da CPMF, em janeiro, deixa o governo sem argumentos para a criação de seu substituto, a CSS (Contribuição Social para a Saúde), na análise de entidades empresariais.
"O governo quis compensar a perda da CPMF com o aumento na alíquota do IOF e da CSLL. Agora, quer criar uma nova contribuição. Nada disso seria necessário. Vemos que falta disciplina para cortar gastos. Quando há aumento na arrecadação, o governo já começa gastando mais", afirma o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini.
O assessor econômico da Fecomercio, Fábio Pina, julga a CSS uma "total inoportunidade". "Nós já sabemos que, quanto mais dinheiro na mão do governo, maior é o desperdício." (PAULO DE ARAUJO)


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