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Supermercados sustentam vendas no comércio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com o rendimento ainda em
alta apesar da crise, as famílias
foram às compras na Páscoa e
garantiram crescimento de
6,9% nas vendas, em volume,
do comércio varejista em abril
ante o mesmo período de 2008,
segundo o IBGE. É a maior taxa
desde outubro de 2008 (9,8%),
quando o comércio não havia
sido ainda abalado pela turbulência externa.
Com a inflação menor neste
ano e com o reajuste real do salário mínimo antecipado, os supermercados e as demais lojas
de alimentos inflaram as vendas do varejo, beneficiadas pelo
calendário. A Páscoa caiu em
março em 2008 e em abril neste ano. Com disso, o setor supermercadista vendeu 14,1% a
mais do que em abril de 2008.
Apesar do desempenho em
abril, as vendas do varejo como
um todo tiveram a pior performance no acumulado do primeiro quadrimestre do ano
desde 2004, início da pesquisa.
Subiram 4,5% no período.
Na comparação livre de influências sazonais com março,
as vendas do comércio caíram
0,2%, num sinal de estabilidade, na avaliação do IBGE.
Segundo Nilo Lopes de Macedo, técnico do IBGE, o rendimento continua em expansão,
mas as famílias estão menos
confiantes com a manutenção
do emprego e com o futuro da
economia. Preferem, diz, gastar
com itens mais baratos e evitar
"dívidas de mais longo prazo",
apesar da melhora do crédito a
partir de abril.
Nesse contexto, os supermercados, ramo de maior peso
no varejo, leva vantagem e lidera o crescimento. De acordo
com a Apas (Associação Paulista de Supermercados), as vendas se mantiveram em maio e
nos primeiros dias de junho no
mesmo ritmo de abril.
Câmbio
"Além de não ter havido perda de renda, muitas pessoas
ressabiadas com a crise cortaram custos supérfluos e reduziram a alimentação fora do lar e
compram mais alimentos para
consumir dentro da casa", diz
Martinho Moreira, presidente
da Apas.
O dólar, cuja cotação voltou a
cair, também impulsionou as
vendas de produtos importados e beneficiou o setor de supermercados. "Sempre que o
dólar cai, o comércio melhora",
diz Carlos Thadeu de Freitas,
economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
É que, além da redução direta
de artigos importados, muitos
alimentos e outros produtos
são feitos com matérias-primas
vindas do exterior ou cotadas
em dólar.
O câmbio deu um impulso
também às vendas de artigos de
informática e comunicação, barateados com a valorização do
real. As vendas cresceram 27%
em abril, em níveis próximos à
fase anterior à crise externa.
O retorno do crédito também
ajudou o setor, segundo Freitas. Esse efeito, no entanto, não
beneficiou o ramo de móveis e
eletrodomésticos, dependente
dos negócios a prazo.
As vendas de móveis e eletrodomésticos recuaram 10% na
comparação com abril de 2008.
Nesse caso, os consumidores
postergaram suas compras à
espera da redução do IPI para
produtos da linha branca (fogões, lavadoras e geladeiras),
que só veio na segunda metade
de abril. "A redução do IPI só
vigorou em dez dias de abril.
Em maio, os números vão ser
bem melhores", diz Luiz Góes,
sócio da consultoria Gouvêa de
Souza, especializada em varejo.
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