São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 2009

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Lobby já tenta derrubar regulação, diz Obama

Plano do governo dos EUA para elevar controle sobre o mercado é atacado por bancos e empresas privadas

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Na véspera da apresentação de um novo plano federal para ampliar a regulação sobre o mercado financeiro e bancário, o presidente norte-americano, Barack Obama, advertiu que "grupos de interesse e lobistas" tentam desmontar a iniciativa.
"Há sempre a questão da memória curta, e esses grupos e lobistas vão contar com isso. Vamos ouvir muita conversa de que não precisamos de mais regulação e de que não queremos as mãos do governo sobre o mercado", disse Obama.
"Mas não podemos esquecer o desastre em que nos metemos exatamente pela falta dessa regulamentação mais rigorosa, o que levou a um comportamento irresponsável de alguns. Vou continuar lembrando disso para ter certeza de que cheguemos a algo que impeça que o mesmo tipo de coisa ocorra novamente", concluiu.
As declarações do presidente foram feitas após a Câmara de Comércio dos EUA, o principal grupo lobista de empresas privadas no país, anunciar que é contra vários aspectos do programa -principalmente a ampliação dos poderes federais para tomar o controle de grandes bancos e até empresas.
Já a American Bankers Association (a Febraban dos EUA) declarou estar "muito preocupada" com as medidas. O plano abrange mesmo empresas não financeiras, mas que sejam grandes o suficiente para desestabilizar a economia.
No Congresso, já estão marcadas ao menos 12 sessões para analisar e discutir o plano até o final de julho, quando Obama espera sancionar o pacote. Grande parte do plano terá de passar por votações no Senado e na Câmara, onde é esperada forte oposição republicana.
Amanhã, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defenderá as medidas no Congresso. Uma das ideias centrais do pacote, que inclui cinco grandes ações coordenadas, é a criação da Consumer Financial Protection Agency. A agência prevê mais proteção aos direitos de investidores e consumidores no país e transparência nas regras e contratos.
Com o plano, o governo quer mais poder de intervenção federal em áreas hoje quase totalmente sem supervisão, como no mercado de derivativos.
Em teleconferência "off the record", um funcionário da Casa Branca adiantou ontem que os bancos que participarem de securitização de dívidas (quando débitos de terceiros são "embalados" em novos produtos e vendidos no mercado) terão de ficar com pelo menos 5% desses papéis. A ideia é que os bancos assumam risco e sejam mais cuidadosos.
Com o pacote, o Fed (banco central dos EUA) também terá seus poderes ampliados. Mas o governo desistiu de consolidar em uma só as várias agências regulatórias já existentes.


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