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Lobby já tenta derrubar regulação, diz Obama
Plano do governo dos EUA para elevar controle sobre o mercado é atacado por bancos e empresas privadas
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Na véspera da apresentação
de um novo plano federal para
ampliar a regulação sobre o
mercado financeiro e bancário,
o presidente norte-americano,
Barack Obama, advertiu que
"grupos de interesse e lobistas"
tentam desmontar a iniciativa.
"Há sempre a questão da memória curta, e esses grupos e lobistas vão contar com isso. Vamos ouvir muita conversa de
que não precisamos de mais regulação e de que não queremos
as mãos do governo sobre o
mercado", disse Obama.
"Mas não podemos esquecer
o desastre em que nos metemos exatamente pela falta dessa regulamentação mais rigorosa, o que levou a um comportamento irresponsável de alguns.
Vou continuar lembrando disso para ter certeza de que cheguemos a algo que impeça que o
mesmo tipo de coisa ocorra novamente", concluiu.
As declarações do presidente
foram feitas após a Câmara de
Comércio dos EUA, o principal
grupo lobista de empresas privadas no país, anunciar que é
contra vários aspectos do programa -principalmente a ampliação dos poderes federais
para tomar o controle de grandes bancos e até empresas.
Já a American Bankers Association (a Febraban dos EUA)
declarou estar "muito preocupada" com as medidas. O plano
abrange mesmo empresas não
financeiras, mas que sejam
grandes o suficiente para desestabilizar a economia.
No Congresso, já estão marcadas ao menos 12 sessões para
analisar e discutir o plano até o
final de julho, quando Obama
espera sancionar o pacote.
Grande parte do plano terá de
passar por votações no Senado
e na Câmara, onde é esperada
forte oposição republicana.
Amanhã, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defenderá as medidas no Congresso. Uma das ideias centrais
do pacote, que inclui cinco
grandes ações coordenadas, é a
criação da Consumer Financial
Protection Agency. A agência
prevê mais proteção aos direitos de investidores e consumidores no país e transparência
nas regras e contratos.
Com o plano, o governo quer
mais poder de intervenção federal em áreas hoje quase totalmente sem supervisão, como
no mercado de derivativos.
Em teleconferência "off the
record", um funcionário da Casa Branca adiantou ontem que
os bancos que participarem de
securitização de dívidas (quando débitos de terceiros são
"embalados" em novos produtos e vendidos no mercado) terão de ficar com pelo menos 5%
desses papéis. A ideia é que os
bancos assumam risco e sejam
mais cuidadosos.
Com o pacote, o Fed (banco
central dos EUA) também terá
seus poderes ampliados. Mas o
governo desistiu de consolidar
em uma só as várias agências
regulatórias já existentes.
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