São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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RETOMADA

Saldo de contratações em junho leva ministro a elevar a previsão de crescimento dos empregos com carteira assinada

Governo prevê criar 1,8 mi de vagas no ano

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério do Trabalho refez a estimativa de criação de emprego com carteira assinada e prevê que 1,8 milhão de postos de trabalho sejam abertos em 2004. A previsão anterior era de 1,3 milhão de vagas no ano.
O desempenho do mercado de trabalho formal no mês passado e no primeiro semestre deste ano levou o governo a refazer suas projeções. O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, anunciou ontem que 1,034 milhão de empregos foram abertos de janeiro a junho deste ano, o melhor resultado para o período desde 1992.
A criação de vagas no acumulado deste ano supera o total de vagas abertas em 2003 -quando o saldo entre as contratações e as demissões foi de 645,4 mil.
Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), elaborado pelo ministério a partir de informações enviadas mensalmente pelas empresas de todo o país.
No mês passado, foram criadas 207,9 mil vagas -também o melhor desempenho para um mês de junho nos últimos 12 anos.
"O processo de recuperação do emprego foi puxado pelo agronegócio e pelas exportações. Mas também há um dinamismo no setor de varejo, já observado no consumo de bens semiduráveis [roupas e calçados] e no de não-duráveis [alimentos]. A retomada do consumo já ocorre em setores que são influenciados pela renda e pelo emprego" afirmou.
Os setores que mais contribuíram para a criação de vagas em junho foram agricultura (78,4 mil), indústria (47,5 mil), setor de serviços (39,6 mil ), comércio (28,3 mil) e construção civil (10 mil).
"O desempenho em junho foi muito positivo em todos os setores, exceto na educação [fechamento de 1.377 vagas]. Assim mesmo, o resultado acumulado no ano nesse setor ainda é positivo [45,1 mil]", disse o ministro.
O interior do país continua criando mais empregos formais do que as regiões metropolitanas. Dos 207,9 mil postos abertos, 126,4 mil foram no interior. A única exceção foi o Estado do Rio Grande do Sul, onde a criação de empregos foi maior na região metropolitana do que no interior.

Campanha
Berzoini destacou que, desde o início do governo Lula, foi criado 1,7 milhão de vagas.
Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos durante os quatro anos de gestão.
"Não estamos trabalhando com metas fixas. Nosso objetivo é gerar emprego suficiente para reduzir o desemprego", afirmou.
O ministro atribuiu à política cambial "equivocada" do governo FHC a culpa "por dizimar milhares de empregos no país".
O ministro estimou ainda que o PIB (Produto Interno Bruto) deva crescer cerca de 4% neste ano. "Pelos indicadores de exportação, de agronegócios e da retomada do mercado interno, já podemos trabalhar com a expectativa de 4% sem nenhum medo de errar."
A divulgação dos dados do Caged estava prevista para ocorrer na próxima semana, mas foi antecipada para ontem, segundo a Folha apurou, em razão da manifestação da CUT e de entidades ligadas a movimentos sociais contra a política econômica do governo Lula, que ocorreu na avenida Paulista. "Fico feliz de poder divulgar informações positivas como essa num dia em que uma central sindical está fazendo manifestações. Isso mostra que aquilo que está sendo reivindicado está sendo em parte viabilizado pela política do governo."


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