São Paulo, terça-feira, 17 de julho de 2007

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Brasil deixa liderança do juro real

Mesmo que a taxa básica de juros caia só 0,25 ponto amanhã, Turquia vai assumir 1º lugar no ranking

Taxa ainda é mais alta do que em outros emergentes; empresários observam juro descontada a inflação para definir investimentos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Demoraram 34 meses para o Brasil perder o título de país com a maior taxa real de juros do planeta. Somente se a taxa básica Selic não for reduzida amanhã -hipótese descartada pelo mercado financeiro-, o Brasil permanecerá com esse nada desejado título.
Se for ratificada a expectativa da maioria do mercado e a taxa básica Selic for cortada de 12% para 11,5%, os juros reais brasileiros irão ficar em 7,7% anuais. A Turquia, que assumirá o posto de país com mais elevado juro real do mundo, conta com taxa de 8,2% ao ano. O ranking foi elaborado pela UpTrend Consultoria Econômica.
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne entre hoje e amanhã para definir a nova taxa Selic.
No caso de a opção mais conservadora ser escolhida e a Selic for a 11,75%, os juros reais do Brasil vão a 8%, ainda abaixo dos vivenciados na Turquia.
Para chegar aos juros reais, o estudo considera a taxa nominal vigente em cada país e desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses.
"Mas, mesmo com a diminuição dos juros reais, permanecemos com taxas bem superiores às de outros emergentes", afirmou Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
No ranking, aparecem em terceiro lugar Israel (taxa real de 4,6%), seguido por Filipinas (4,1%), Austrália (3,9%) e México (3,4%).
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, afirma que "vai ser mais difícil perder a segunda posição do que a liderança do ranking". "A diferença entre o Brasil e o terceiro colocado é muito elevada", diz.
Os juros reais são acompanhados com interesse pelo setor privado. Quando planejam investimentos futuros, os empresários se atentam ao tamanho dos juros reais -quanto menor forem, maiores as chances de investimento. "Por isso, juros reais baixos são fundamentais para o crescimento econômico", diz Ansanelli.
Amanhã, o Copom anuncia sua decisão para a nova taxa básica Selic. Em seu último encontro, realizado nos dias 5 e 6 de junho, o Copom reduziu a taxa Selic de 12,5% para 12%.
Para analistas e investidores, será uma grande surpresa se a Selic não for reduzida. Os contratos futuros de juros, negociados na BM&F, mostram que essa opção não está sendo considerada pelos agentes do mercado financeiro.
Ontem, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence na virada do mês fechou com taxa de 11,53%, contra 11,56% do pregão de sexta-feira da BM&F. Isso mostra que a maioria dos investidores espera que a taxa básica seja cortada em 0,5 ponto percentual.
A pesquisa semanal feita pelo BC com cem instituições financeiras, divulgada ontem, apontou pequena alteração na projeção para o IPCA para os próximos 12 meses -mas nada que altere as previsões para a reunião do Copom. Para o mercado, o IPCA deve acumular alta de 3,53% no período, contra os 3,54% projetados na semana anterior.
O IPCA é o índice utilizado pelo BC para monitorar a meta de inflação. Se a meta, que é de 4,5% neste ano, for ameaçada, crescem as chances de a autoridade monetária interromper o atual ciclo de corte de juros.


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