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Brasil deixa liderança do juro real
Mesmo que a taxa básica de juros caia só 0,25 ponto amanhã, Turquia vai assumir 1º lugar no ranking
Taxa ainda é mais alta do que em outros emergentes; empresários observam juro descontada a inflação
para definir investimentos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Demoraram 34 meses para o
Brasil perder o título de país
com a maior taxa real de juros
do planeta. Somente se a taxa
básica Selic não for reduzida
amanhã -hipótese descartada
pelo mercado financeiro-, o
Brasil permanecerá com esse
nada desejado título.
Se for ratificada a expectativa
da maioria do mercado e a taxa
básica Selic for cortada de 12%
para 11,5%, os juros reais brasileiros irão ficar em 7,7% anuais.
A Turquia, que assumirá o posto de país com mais elevado juro real do mundo, conta com taxa de 8,2% ao ano. O ranking foi
elaborado pela UpTrend Consultoria Econômica.
O Copom (Comitê de Política
Monetária do Banco Central)
se reúne entre hoje e amanhã
para definir a nova taxa Selic.
No caso de a opção mais conservadora ser escolhida e a Selic for a 11,75%, os juros reais do
Brasil vão a 8%, ainda abaixo
dos vivenciados na Turquia.
Para chegar aos juros reais, o
estudo considera a taxa nominal vigente em cada país e desconta a inflação projetada para
os próximos 12 meses.
"Mas, mesmo com a diminuição dos juros reais, permanecemos com taxas bem superiores
às de outros emergentes", afirmou Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
No ranking, aparecem em
terceiro lugar Israel (taxa real
de 4,6%), seguido por Filipinas
(4,1%), Austrália (3,9%) e México (3,4%).
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, afirma que
"vai ser mais difícil perder a segunda posição do que a liderança do ranking". "A diferença entre o Brasil e o terceiro colocado é muito elevada", diz.
Os juros reais são acompanhados com interesse pelo setor privado. Quando planejam
investimentos futuros, os empresários se atentam ao tamanho dos juros reais -quanto
menor forem, maiores as chances de investimento. "Por isso,
juros reais baixos são fundamentais para o crescimento
econômico", diz Ansanelli.
Amanhã, o Copom anuncia
sua decisão para a nova taxa básica Selic. Em seu último encontro, realizado nos dias 5 e 6
de junho, o Copom reduziu a
taxa Selic de 12,5% para 12%.
Para analistas e investidores,
será uma grande surpresa se a
Selic não for reduzida. Os contratos futuros de juros, negociados na BM&F, mostram que
essa opção não está sendo considerada pelos agentes do mercado financeiro.
Ontem, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence
na virada do mês fechou com
taxa de 11,53%, contra 11,56%
do pregão de sexta-feira da
BM&F. Isso mostra que a
maioria dos investidores espera que a taxa básica seja cortada
em 0,5 ponto percentual.
A pesquisa semanal feita pelo
BC com cem instituições financeiras, divulgada ontem, apontou pequena alteração na projeção para o IPCA para os próximos 12 meses -mas nada que
altere as previsões para a reunião do Copom. Para o mercado, o IPCA deve acumular alta
de 3,53% no período, contra os
3,54% projetados na semana
anterior.
O IPCA é o índice utilizado
pelo BC para monitorar a meta
de inflação. Se a meta, que é de
4,5% neste ano, for ameaçada,
crescem as chances de a autoridade monetária interromper o
atual ciclo de corte de juros.
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