São Paulo, terça-feira, 17 de julho de 2007

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Telecom Italia vende ações na BrT por US$ 550 mi

Sócios da operadora de telefonia fixa devem anunciar acordo até o final desta semana

Hipótese é que agora Citi, fundos e Opportunity, sócios remanescentes da BrT, promovam fusão da empresa com a Oi

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sócios da BrT (Brasil Telecom), operadora de telefonia fixa que atua em três regiões do país, deverão anunciar até o fim da semana uma mudança no bloco de controle da empresa. A Telecom Italia vendeu suas ações, equivalentes a 19% do total da BrT, para outros dois grandes acionistas da companhia, fundos de pensão brasileiros e Citigroup.
A princípio, a Telecom Italia continuará no Brasil como dona da TIM Brasil, segunda colocada no ranking das empresas de telefonia móvel.
As conversas entre italianos, entidades de previdência e Citi esquentaram no fim de abril. Foram tocadas pelo vice-presidente da Telecom Italia, Carlo Buora, e a Angra Partners, administradora dos recursos pertencentes aos fundos de pensão e ao Citi. O acordo terminou fechado por US$ 550 bilhões (cerca de R$ 1,1 bilhão).
A BrT atua nas regiões Norte, Sul e no Centro-Oeste. Desde 2001, é alvo da maior disputa societária da história brasileira, com seus quatro principais donos -fundos, Citi, Telecom Italia e Opportunity- protagonizando lances que vão de processos judiciais a acusações de espionagem.
A hipótese mais cogitada para o futuro da BrT é que os sócios remanescentes (Citi, fundos e Opportunity) promovam sua fusão com a Oi (ex-Telemar), maior tele fixa do país.
Isso poderia ser feito em um único passo, com todos colocando suas ações à venda de forma simultânea no mercado, ou em duas etapas, com Citi e fundos comprando antes a parte do Opportunity -na BrT e na Telemar.
Nos dois casos, entretanto, permanece uma dúvida. Citi e fundos selaram outro acordo há dois anos, chamado "put". Segundo o documento, que nunca ficou inteiramente conhecido pelo mercado, os fundos comprometiam-se a comprar as ações do banco americano por um valor, à época, três vezes maior que o de mercado.
A pergunta é se os acionistas do Citi concordarão que pulverizar é melhor negócio, uma vez que o valor do "put", de acordo com especialistas no setor, dificilmente será conseguido com uma pulverização.
O mercado também questiona por quanto o Opportunity venderia seus papéis. O preço cobrado pela Telecom Italia é tido como baixo -cerca de R$ 38 a ação, ante mais de R$ 50 obtidos no mercado- e, segundo europeus ligados à operadora, só foi obtido porque os italianos quiseram agradar ao governo brasileiro, favorável à retirada de obstáculos para a união da Telemar e da BrT.
Os italianos dependem de aval da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para permanecer no Brasil, caso um consórcio liderado pela espanhola Telefônica consiga entrar no bloco de controle da Telecom Italia no lugar da atual acionista majoritária, a Pirelli.
Isso porque a lei brasileira não permite o mesmo bloco controlador em mais de uma tele com a oferta do mesmo serviço. A Telefônica é responsável pela telefonia fixa de São Paulo e detém metade da Vivo, a maior tele móvel do país.


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