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Setores desonerados não ampliam empregos
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os setores da indústria que
receberam incentivos fiscais da
União não ampliaram as contratações em junho. Dados da
Fiesp (Federação da Indústria
do Estado de São Paulo) e do
Ministério do Trabalho mostram que a indústria automotiva mais demitiu que contratou
e que o emprego no segmento
que reúne fabricantes de material de construção ficou estável.
Segundo o Caged, indústrias
de materiais de transporte
-categoria que inclui fabricantes de autopeças e montadoras- tiveram saldo negativo de
0,55% em junho, resultado pior
que os de maio e de abril.
Os dados da Anfavea (associação das montadoras) indicam que o emprego no setor
voltou ao nível de novembro de
2007. Em junho, a produção
cresceu 8,4% em relação ao
mês anterior, mas as exportações no primeiro semestre caíram 48% em número de unidades ante igual período de 2008.
Luiz Aubert Neto, presidente
da associação que representa
os fabricantes de máquinas, um
dos últimos segmentos desonerados pelo governo, diz que pode haver mais demissões. Ele
revela que o nível de faturamento das indústrias retrocedeu ao patamar de março de
2007, quando o setor empregava 210 mil pessoas. Atualmente, são cerca de 230 mil.
"Se as empresas se ajustarem
a esse faturamento de 2007,
ainda são quase 22 mil empregos que a gente está com risco
de perder", diz Aubert Neto. O
presidente da associação ressalva que, se as medidas anunciadas pelo governo encorajarem os empresários a investirem e comprarem máquinas, as
indústrias podem reconsiderar
o ajuste do quadro de pessoal.
Paulo Francini, diretor do
Departamento de Pesquisas
Econômicas da Fiesp, destaca
que há um descompasso estimado entre três e quatro meses
entre a melhora da atividade
econômica, conseguida após as
ações do governo, e a retomada
das contratações. "Gato escaldado tem medo de água fria."
Francini ressalta que, sem
incentivos tributários, a queda
no emprego nas indústrias poderia ter sido maior. Francisco
Pessoa, economista da consultoria LCA, afirma que os benefícios anunciados pelo governo
não atingem só os setores eleitos nas desonerações. "O cálculo da geração de emprego não
deve ser feito só olhando montadoras, e sim na cadeia toda.
Há pessoas trabalhando nas
concessionárias, por exemplo,
que se beneficiaram com o aumento da venda de veículos."
A Eletros, associação das indústrias de eletrodomésticos,
favorecidas com redução de
IPI, diz que há ampliação de vagas nas fábricas e que, em maio,
as contratações subiram cerca
de 10% ante o número de março, antes da queda do tributo.
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