São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Setores desonerados não ampliam empregos

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os setores da indústria que receberam incentivos fiscais da União não ampliaram as contratações em junho. Dados da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) e do Ministério do Trabalho mostram que a indústria automotiva mais demitiu que contratou e que o emprego no segmento que reúne fabricantes de material de construção ficou estável.
Segundo o Caged, indústrias de materiais de transporte -categoria que inclui fabricantes de autopeças e montadoras- tiveram saldo negativo de 0,55% em junho, resultado pior que os de maio e de abril.
Os dados da Anfavea (associação das montadoras) indicam que o emprego no setor voltou ao nível de novembro de 2007. Em junho, a produção cresceu 8,4% em relação ao mês anterior, mas as exportações no primeiro semestre caíram 48% em número de unidades ante igual período de 2008.
Luiz Aubert Neto, presidente da associação que representa os fabricantes de máquinas, um dos últimos segmentos desonerados pelo governo, diz que pode haver mais demissões. Ele revela que o nível de faturamento das indústrias retrocedeu ao patamar de março de 2007, quando o setor empregava 210 mil pessoas. Atualmente, são cerca de 230 mil.
"Se as empresas se ajustarem a esse faturamento de 2007, ainda são quase 22 mil empregos que a gente está com risco de perder", diz Aubert Neto. O presidente da associação ressalva que, se as medidas anunciadas pelo governo encorajarem os empresários a investirem e comprarem máquinas, as indústrias podem reconsiderar o ajuste do quadro de pessoal.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, destaca que há um descompasso estimado entre três e quatro meses entre a melhora da atividade econômica, conseguida após as ações do governo, e a retomada das contratações. "Gato escaldado tem medo de água fria."
Francini ressalta que, sem incentivos tributários, a queda no emprego nas indústrias poderia ter sido maior. Francisco Pessoa, economista da consultoria LCA, afirma que os benefícios anunciados pelo governo não atingem só os setores eleitos nas desonerações. "O cálculo da geração de emprego não deve ser feito só olhando montadoras, e sim na cadeia toda. Há pessoas trabalhando nas concessionárias, por exemplo, que se beneficiaram com o aumento da venda de veículos."
A Eletros, associação das indústrias de eletrodomésticos, favorecidas com redução de IPI, diz que há ampliação de vagas nas fábricas e que, em maio, as contratações subiram cerca de 10% ante o número de março, antes da queda do tributo.


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