São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2004

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PREÇOS

Alta de resinas plásticas pressiona custos, diz Abrinq; lojas resistem a aumento

Indústria de brinquedos quer reajuste de até 16,5%

ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A menos de dois meses do Dia da Criança, a indústria de brinquedos já tem pronta uma nova tabela de preços, com aumentos de até 16,5%, informa a Abrinq, a associação dos fabricantes. As lojas confirmam o movimento de remarcações. É a segunda onda por reajustes. A primeira ocorreu no setor eletrônico neste mês.
A elevação dos preços de brinquedos, prevista para ocorrer a partir de 1º de setembro, é conseqüência dos reajustes das resinas plásticas, afetadas pela alta do petróleo, segundo a associação. "A necessidade é aumentar em 22% já", diz Synesio Batista da Costa, presidente da associação.
Os lojistas, que já foram informados sobre a pretensão de aumentos de preços das fábricas, dizem que vão tentar barrar as novas tabelas. Afirmam ainda que os empresários estão aproveitando o aumento da demanda para aumentar as margens de lucro.
A Abrinq informa que as fábricas pretendem reajustar os jogos a base de papel em 11%; os brinquedos plásticos, em 16,5%; os bichinhos de pelúcia, em 8,5%; os brinquedos a base de tecidos, em 11,5%, e as bonecas, entre 10% e 14%. Uma boneca que custa R$ 30 (67% dos brinquedos ofertados custam até esse valor), por exemplo, sairia por R$ 34,20.
"Não tem jeito, os reajustes são necessários para manter as fábricas abertas", afirma Costa. Há 330 indústrias hoje no país. Há um ano, eram 318.
"Isso é choradeira. Não há clima para remarcações", diz Arab Zakka, superintendente da Preçolândia. A rede informa que ainda não recebeu solicitação de aumentos de preços da indústria.
A PB Kids, rede de lojas especializada em brinquedos, informa que duas das maiores fabricantes do país já apresentaram tabelas com reajustes de preços de 5% e de 9%. "Elas estão retrocedendo. Não vai ter aumento de preço de brinquedo para o Dia da Criança", afirma Carlos Cimerman, diretor comercial da PB Kids.
As vendas de brinquedos, segundo ele, começaram a reagir a partir de maio. "Julho foi muito bom. Agora não é porque a demanda melhorou que a indústria vai se aproveitar. O consumidor precisa ser respeitado pela indústria. É a eficiência das fábricas que faz com que os preços caiam", diz.
A PB Kids, com 35 lojas no país, trabalha com 50% de produto importado e 50% de mercadoria nacional. Cimerman ameaça ampliar a linha de brinquedos estrangeiros se as fábricas nacionais insistirem nos reajustes. "Como o dólar está quietinho, vai dar para importar mais, se for necessário."
As lojas não vão absorver os aumentos e, como conseqüência, reduzir margens de lucro caso a indústria consiga vencer a queda-de-braço de preços. Se as lojas aceitarem as novas tabelas, o reajuste vai parar nas prateleiras.
A queda-de-braço entre a indústria e o varejo tende a crescer com a proximidade do Natal. Como as empresas de certos setores amargaram margens apertadas em 2003, elas querem aproveitar esse momento mais animado do consumo para fazer reajustes, segundo os lojistas.
Ele explica que os aumentos precisam ocorrer porque a indústria de resinas plásticas elevou os preços em janeiro (12%), março (8%) e julho (12%) deste ano e anuncia outra alta, de 10%, a partir de setembro. "Desde novembro não repassamos nada para o comércio. Não dá mais para absorver aumentos de custos", diz Costa, da Abrinq.


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