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PREÇOS
Alta de resinas plásticas pressiona custos, diz Abrinq; lojas resistem a aumento
Indústria de brinquedos quer reajuste de até 16,5%
ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A menos de dois meses do Dia
da Criança, a indústria de brinquedos já tem pronta uma nova
tabela de preços, com aumentos
de até 16,5%, informa a Abrinq, a
associação dos fabricantes. As lojas confirmam o movimento de
remarcações. É a segunda onda
por reajustes. A primeira ocorreu
no setor eletrônico neste mês.
A elevação dos preços de brinquedos, prevista para ocorrer a
partir de 1º de setembro, é conseqüência dos reajustes das resinas
plásticas, afetadas pela alta do petróleo, segundo a associação. "A
necessidade é aumentar em 22%
já", diz Synesio Batista da Costa,
presidente da associação.
Os lojistas, que já foram informados sobre a pretensão de aumentos de preços das fábricas, dizem que vão tentar barrar as novas tabelas. Afirmam ainda que os
empresários estão aproveitando o
aumento da demanda para aumentar as margens de lucro.
A Abrinq informa que as fábricas pretendem reajustar os jogos a
base de papel em 11%; os brinquedos plásticos, em 16,5%; os bichinhos de pelúcia, em 8,5%; os brinquedos a base de tecidos, em
11,5%, e as bonecas, entre 10% e
14%. Uma boneca que custa R$ 30
(67% dos brinquedos ofertados
custam até esse valor), por exemplo, sairia por R$ 34,20.
"Não tem jeito, os reajustes são
necessários para manter as fábricas abertas", afirma Costa. Há 330
indústrias hoje no país. Há um
ano, eram 318.
"Isso é choradeira. Não há clima
para remarcações", diz Arab Zakka, superintendente da Preçolândia. A rede informa que ainda não
recebeu solicitação de aumentos
de preços da indústria.
A PB Kids, rede de lojas especializada em brinquedos, informa
que duas das maiores fabricantes
do país já apresentaram tabelas
com reajustes de preços de 5% e
de 9%. "Elas estão retrocedendo.
Não vai ter aumento de preço de
brinquedo para o Dia da Criança", afirma Carlos Cimerman, diretor comercial da PB Kids.
As vendas de brinquedos, segundo ele, começaram a reagir a
partir de maio. "Julho foi muito
bom. Agora não é porque a demanda melhorou que a indústria
vai se aproveitar. O consumidor
precisa ser respeitado pela indústria. É a eficiência das fábricas que
faz com que os preços caiam", diz.
A PB Kids, com 35 lojas no país,
trabalha com 50% de produto importado e 50% de mercadoria nacional. Cimerman ameaça ampliar a linha de brinquedos estrangeiros se as fábricas nacionais
insistirem nos reajustes. "Como o
dólar está quietinho, vai dar para
importar mais, se for necessário."
As lojas não vão absorver os aumentos e, como conseqüência, reduzir margens de lucro caso a indústria consiga vencer a queda-de-braço de preços. Se as lojas
aceitarem as novas tabelas, o reajuste vai parar nas prateleiras.
A queda-de-braço entre a indústria e o varejo tende a crescer
com a proximidade do Natal. Como as empresas de certos setores
amargaram margens apertadas
em 2003, elas querem aproveitar
esse momento mais animado do
consumo para fazer reajustes, segundo os lojistas.
Ele explica que os aumentos
precisam ocorrer porque a indústria de resinas plásticas elevou os
preços em janeiro (12%), março
(8%) e julho (12%) deste ano e
anuncia outra alta, de 10%, a partir de setembro. "Desde novembro não repassamos nada para o
comércio. Não dá mais para absorver aumentos de custos", diz
Costa, da Abrinq.
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